Pintor autodidata e eletricista de profissão, Agostinho Batista de Freitas trabalhou no campo até os onze anos, quando veio para São Paulo. No começo da década de 1950, enquanto vendia seus desenhos no centro da
cidade, conheceu o então diretor do MASP, Pietro Maria Bardi (1900‑1999), que mais tarde escreveu vários textos sobre o artista. Na ocasião, Bardi encomendou‑lhe uma tela que retratasse a cidade desde o alto do
edifício do Banco do Estado de São Paulo (Banespa). Suas vistas paulistanas são numerosas e bastante conhecidas, como as do Museu do Ipiranga, do Teatro Municipal, da Catedral da Sé e do Edifício Itália. Ao longo dos
anos, fez diversas pinturas do MASP na avenida Paulista, de diferentes ângulos, e uma delas,
MASP, pertence à coleção do museu. Também pintou cenas rurais, favelas e festas populares. Fez sua primeira exposição individual no MASP, em 1952. Batista de Freitas participou da 33ª Bienal de Veneza (1966),
representando o Brasil ao lado de artistas já renomados na época, como Arthur Luiz Piza e Sérgio Camargo (1930‑1990).
Por Fernando Oliva
Autodidata, o pintor Agostinho Batista de Freitas (1927-1997) dedicou sua vida a representar São Paulo. Antes de começar a trabalhar no MASP, no começo de 2015, eu nunca tinha ouvido falar dele. E apesar de
paulistano, da zona leste da cidade, não conhecia o tradicional bairro do Imirim, na zona norte, oportunidade que se ofereceu quando curei com Rodrigo Moura a mostra A
gostinho Batista de Freitas, São Paulo, em 2016-17. Com uma seleção de 74 obras dentre as 300 que localizamos na pesquisa, a exposição se alinhava a um projeto mais amplo do MASP, que discutia as fronteiras entre arte popular e erudita, resgatando
figuras como Agostinho, Maria Auxiliadora da Silva e outros que trabalhavam fora dos circuitos tradicionais do sistema da arte e se encontravam esquecidos. No Imirim, reconheci de imediato o típico casario de
Agostinho, como em
Periferia noturna, e me encontrei com seu filho, Walmir de Freitas, que me mostrou algumas obras do pai que ainda possuía, bem como a casa onde ele teve seu ateliê. O artista pintou muitos lugares emblemáticos da zona norte, caso do
Cemitério Chora Menino e do Campo de Marte. No entanto foram as representações do centro que se tornaram sua marca, como a vista aérea encomendada por Pietro Maria Bardi, diretor-fundador do museu, que descobriu
Agostinho ainda em 1952, vendendo suas obras próximo ao Viaduto do Chá, e o convidou para protagonizar uma individual no MASP naquele mesmo ano. Agostinho também pintou muitas vistas do MASP, e três delas estão no
museu, que possui ao todo cinco obras.