MASP

Alexander Calder

Móbile, 1944-48

  • Autor:
    Alexander Calder
  • Dados biográficos:
    Filadélfia, Estados Unidos, 1898-Nova York, Estados Unidos ,1976
  • Título:
    Móbile
  • Data da obra:
    1944-48
  • Técnica:
    Chapa de ferro pintado e arame
  • Dimensões:
    130 x 95 x 95 cm
  • Aquisição:
    Doação do artista, 1948
  • Designação:
    Escultura
  • Número de inventário:
    MASP.00209
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS


Por Pollyana Quintella
Em 1944, o crítico brasileiro Mário Pedrosa (1900-1981) visitou uma grande exposição dedicada ao escultor estadunidense Alexander Calder no The Museum of Modern Art - MoMA em Nova York. A mostra foi tão decisiva para Pedrosa que, além de ter provocado o início de uma amizade com o artista, o levou também a escrever seus primeiros textos em defesa da arte abstrata, coisa que no Brasil do início dos anos 1940 estava longe de ser um consenso. Desde então, muito se diz a respeito da relação entre Calder e a arte brasileira. Suas obras estiveram presentes no Salão de Maio, em São Paulo, ainda em 1939, e também integraram a primeira e a segunda Bienal de São Paulo (nesta última, Calder ocupou uma sala com nada menos que quarenta e cinco obras), entre outras importantes mostras. O próprio artista veio ao Brasil três vezes. Na primeira, em 1948, realizou uma grande exposição individual no MASP, a partir do convite do arquiteto Henrique Mindlin, o que também culminou na doação de seis obras suas ao museu (quatro óleos sobre tela, um desenho e um móbile). Por aqui, Calder representou o avesso do racionalismo ortodoxo de certa tradição construtiva, ao produzir conciliações entre engenharia e ludicidade, graça e movimento. Suas esculturas cinéticas, apelidadas de móbiles pelo artista Marcel Duchamp, são feitas de uma estrutura leve e simples — recortes de chapa de ferro pintado e arame — e se movimentam através da passagem do ar e de articulações sutis entre pesos e contrapesos. Muitas vezes, como no caso deste móbile que aqui vemos, a obra se situa na fronteira entre a figuração e a abstração, e o tratamento da forma tem uma abordagem mais subjetiva do que objetiva. Calder influenciou toda uma geração de artistas brasileiros interessados em compreender a obra de arte enquanto organismo que instiga os sentidos e incita o lirismo próprio das fabulações infantis.

— Pollyana Quintella, mestre em Arte e Cultura Contemporânea, UERJ, 2021

Fonte: Instagram @masp 23.05.2021





Tanto Móbile quanto as quatro telas conservadas no museu são doações do artista, realizadas por ocasião das exposições que lhe consagram em 1948, no Ministério da Cultura do Rio de Janeiro e no Masp. Trata-se de um momento em que o artista retoma o ritmo intenso de suas viagens e expõe novamente fora dos Estados Unidos, realizando para tanto móbiles de dimensões menores e muito similares ao do Masp (Dancing Stars, National Galerie, Berlim, c.1945; Blue Feather, c.1948, coleção particular). Em 1946, Calder retornava a Paris após dez anos de ausência, a fim de preparar sua exposição na Galerie Louis Carré. Prefaciando seu catálogo, Sartre, então retratado pelo artista de forma muito engraçada, deixa um notável registro desses móbiles de câmara, vistos por momentos à luz de vela, em decorrência dos racionamentos de energia do imediato pós-guerra. Sua reflexão (a mim gentilmente referida há alguns anos por Simonetta Luz Affonso) projeta uma luz precisa sobre o pequeno Móbile do Masp, talvez do mesmo ano: “um móbile: uma pequena festa local, um objeto definido por seu movimento e que não existe fora dele, uma flor que fenece ao cessar seu mover-se, um jogo puro de movimento como há puros jogos de luz”. Os quatro óleos pintados por Calder em 1945 e em 1946, sem que se os possa evidentemente submeter a um encadeamento lógico, sugerem uma seqüência em quatro tempos, ao longo da qual se passa de um espaço em profundidade e de uma visão relativamente recuada, permitindo a ilusão de formas antropomórficas saltitantes ao lado de um “peixe” (Inv. 584), a um espaço de uma planeidade mais e mais acusada, na qual se dispõem em primeiríssimo plano formas amebóides como que mil vezes magnificadas e aproximadas pela lente de um microscópio. É de se observar que o ciclo em questão é bastante raro na obra madura de Calder, pois com exceção justamente dos anos 1945-1949, quando o artista realiza algumas incursões na pintura a óleo, é sobretudo o guache a técnica que goza de sua estável predileção.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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