MASP

Ferdinand Hodler

O lenhador, 1910

  • Autor:
    Ferdinand Hodler
  • Dados biográficos:
    Gurzelen, Suíça, 1853-Genebra, Suiça ,1918
  • Título:
    O lenhador
  • Data da obra:
    1910
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    51 x 45 cm
  • Aquisição:
    Sem data
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00611
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Ferdinand Hodler foi um importante representante da sensibilidade do final do século 19 (fin-de-siècle), caracterizada principalmente pelo surgimento, em diferentes países europeus, de movimentos ligados ao simbolismo. Se, de 1875 a 1890, o artista suíço teve nos artesãos e nas paisagens seus temas de predileção, mais tarde passou a representar cenas alegóricas que remetem às profundezas do inconsciente. Na primeira década do século 20, Hodler ganhou visibilidade internacional e obteve uma série de comissões de obras públicas, entre afrescos e murais de grande escala que representam cenas históricas. Entre esses trabalhos, recebeu uma encomenda do Banco Nacional da Suíça para que criasse ilustrações sobre o trabalho no campo, que seriam estampadas nas novas cédulas de 50 e 100 francos. A composição de O lenhador foi pensada para as cédulas de 50 francos. No entanto, não satisfeito com o efeito da redução de sua escala, o artista decidiu não utilizar a obra para as cédulas. Ao expor essa pintura, o sucesso foi imediato. Realizou diferentes versões, hoje encontradas no Musée d’Orsay, em Paris, e no MASP, entre outros. Em ambos os casos, a tensão dos músculos no momento culminante do esforço acentua a potência expressiva da pose. A figura, num movimento muito enérgico, no ato de empreender um golpe com um machado, se destaca de um fundo neutro, o que confere monumentalidade e dignidade heroica a essa representação do trabalhador.

— Equipe curatorial MASP, 2017





Em outubro de 1908, Hodler recebe da Banque Nationale Suisse uma encomenda para criar duas novas notas de papel-moeda. O tema proposto era o trabalho na Suíça, caro ao artista, inclusive por um viés biográfico. Hodler concretizou-o nas figuras do lenhador, que foi ocupar o verso das notas de 50, francos e do ceifador, que ilustrou as notas de 100 francos. Loosli (1924) menciona seis obras do mesmo tema, dos quais três datados de 1910 e um de 1913. Em uma pesquisa mais aprofundada, Camesasca (1988, p. 202) descobre a existência de nada menos que vinte versões a óleo de O Lenhador, entre formatos pequenos como a versão do Masp, médios (por volta de 130 x 10 cm) e monumentais, como a grande versão do Museu de Berna (263 x 211 cm), das quais nove versões datadas de 1910. Evidentemente, o mercado deve ter desempenhado um papel importante nesta proliferação de versões (mais de quinze Ceifadores, também). Camesasca observa a segurança do desenho e a estilização crescente ao longo dessas versões, dinâmica que permite o estabelecimento de uma cronologia interna das versões. “No que concerne à versão de O Lenhador do Masp, sua fatura marcada por uma abundância de detalhes permite situá-la no primeiro estágio da série”. E conclui: “Pela potência do gesto, O Lenhador conta-se entre as representações mais significativas do trabalho humano na pintura européia”. Talvez mais que qualquer outro, este tema do lenhador fornece de Hodler uma imagem da energia propriamente física que se desprende de seu desenho.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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