MASP

Ana Mazzei | Regina Parra

Ofelia, 2018

  • Autor:
    Ana Mazzei | Regina Parra
  • Dados biográficos:
    São Paulo, Brasil, 1980 | São Paulo, Brasil, 1984
  • Título:
    Ofelia
  • Data da obra:
    2018
  • Técnica:
    Instalação (9 peças, óleo sobre compensado de madeira, madeira perobinha, jatobá, cumaru e garapeira, seladora, anilina, pigmento seco e ferro) e performance (9 pessoas que se identificam com
  • Dimensões:
    156 x 500 x 100 cm | 20'30"
  • Aquisição:
    Doação das artistas no contexto da exposição Histórias das mulheres, histórias feministas, 2019-20
  • Designação:
    Instalação| performance
  • Número de inventário:
    MASP.11000
  • Créditos da fotografia:
    CABREL | Escritório de Imagem

TEXTOS



Ofélia é uma personagem da peça Hamlet, de William Shakespeare, e o título da performance e instalação de Ana Mazzei e Regina Parra apresentadas em Histórias feministas no MASP, em 2019. A Ofélia tornou‑se símbolo de uma feminilidade frágil e irracional, e referência à fictícia doença da histeria, criação do médico francês Jean‑Martin Charcot no século 19, responsável pelo famoso Hospital da Salpêtrière, em Paris. Ela tornou‑se a imagem exemplar da mulher "louca", em oposição à suposta racionalidade dos personagens masculinos da tragédia shakespeariana. Na peça, Ofélia é uma jovem nobre, apaixonada por Hamlet, no meio de disputas políticas e afetivas, levando-a à degradação mental e a um icônico suicídio cheio de flores e águas — cena muito representada na história da arte. Para Mazzei e Parra, não é a imagem mórbida do corpo feminino levado pelas águas o que interessa em Ofélia, mas os fragmentos de suas falas, índices do esgarçamento de sua subjetividade pela condição de joguete ao qual foi submetida pelos homens de sua vida. Partindo desse referencial simbólico, as artistas realizam uma espécie de passeata silenciosa, em que 9 mulheres carregam estruturas de madeira com placas onde se lêem fragmentos das falas de Ofélia. Retiradas de seu contexto original, as frases confundem‑se com palavras de ordem, ameaças ou indícios de submissão e dependência. Num cortejo silencioso, as estruturas de madeira fazem as vezes ora de estandartes, ora de escudos de batalha. Algumas mulheres exibem pequenos objetos que recordam armas brancas, como se na iminência de um confronto com o público. A performance encontra‑se no limiar entre o teatro e uma manifestação política, na qual a figura da Ofélia é reencenada não mais como uma personagem alienada e passiva, mas como uma presença que retorna para perturbar a ordem patriarcal vigente.

— Talita Trizoli, pós‑doutoranda, IEB‑USP, onde estuda crítica de arte e mulheres no Brasil, 2019

Fonte: Instagram @masp 04.10.2020 apud Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Mariana Leme (orgs.), Histórias das mulheres, Histórias feministas, São Paulo: MASP, 2019.



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