MASP

Jaime Lauriano

Pedras portuguesas #2, 2017

  • Autor:
    Jaime Lauriano
  • Dados biográficos:
    Sâo Paulo, Brasil, 1985
  • Título:
    Pedras portuguesas #2
  • Data da obra:
    2017
  • Técnica:
    Pedras portuguesas, caixa de ferro e cimento
  • Dimensões:
    100 x 150 x 10 cm
  • Aquisição:
    Doação do artista, no contexto da exposição Histórias afro-atlânticas, 2018
  • Designação:
    Instalação
  • Número de inventário:
    MASP.10801
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



O artista Jaime Lauriano é reconhecido pelas suas abordagens de temáticas afro‑brasileiras, como reflexões sobre a história e a condição do negro no Brasil. Pedras portuguesas #1, #2 e #3 aludem às três regiões africanas de onde mais vieram escravizados para o Brasil: Angola, Costa da Mina (do acervo do MASP) e Moçambique. Há um duplo sentido no título das obras. Por um lado, faz referência ao material utilizado: as pedras portuguesas, muito presentes no urbanismo e na arquitetura brasileira, como o calçadão de Copacabana. Por outro, alude aos males que a colonização portuguesa “solidificou” ou “petrificou” nos países onde atuou na compra e exploração de trabalho escravo de forma sistemática. Nesse sentido, o trabalho de Lauriano pretende trazer reflexões sobre as consequências do período escravagista na atualidade, bem como coloca em questão os fluxos e refluxos afro‑atlânticos que marcaram a África, o Brasil e Portugal.

— Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, Tomás Toledo, curador chefe, MASP, 2018

Fonte: Adriano Pedrosa (org.), MASP de bolso, São Paulo: MASP, 2020.




Por Guilherme Giufrida
Logo que comecei a trabalhar no MASP, em 2018, eu vi o trabalho Pedras portuguesas #2 de Jaime Lauriano na mostra Histórias afro-atlânticas. A escultura me chamou a atenção porque era uma espécie de quadro porém apresentada no chão. O trabalho usa um elemento urbano, as pedras portuguesas, que revestem as calçadas de várias cidades brasileiras. Trata-se de uma técnica do período da colonização portuguesa, mas que foi utilizada também no período moderno, como nas famosas calçadas da Praia de Copacabana, apropriadas por Burle Marx no seu projeto para a orla. No seu trabalho, Jaime reapropria-se criticamente dessa técnica para escrever o nome dos locais de onde saíram à força grande parte dos africanos escravizados que vieram trabalhar no Brasil: Angola, Costa da Mina (atuais Gana, Togo, Benim e Nigéria) e Moçambique. Pedras portuguesas #2 foi doada pelo artista para o MASP, e hoje está exposta na primeira fileira da pinacoteca de cavaletes do 2º andar, logo à entrada da galeria, o que evoca o capacho, esses tapetes que marcam a entrada de um lugar, a passagem entre o público e o privado, o exterior e o interior. O trabalho de Lauriano nos faz pensar sobre a chegada desses milhões de africanos e a violência a que eram submetidos no Brasil. Em Histórias afro-atlânticas, a obra foi exposta próxima a uma janela, que falava de algum modo de uma saída possível ou mesmo de um retorno desses escravizados aos seus países de origem, algo que raras vezes se concretizou.

— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 30.03.2020




Por Guilherme Giufrida
O artista Jaime Lauriano é reconhecido por suas abordagens de temáticas afro-brasileiras, como reflexões sobre a história e a condição do negro no Brasil. Pedras portuguesas #2 alude a uma das regiões africanas de onde saíram à força grande parte dos escravizados que vieram trabalhar no Brasil, a Costa da Mina—região que atualmente compreende Gana, Togo, Benim e Nigéria. Há um duplo sentido no título da obra: por um lado, faz referência ao material utilizado, as pedras portuguesas, técnica que remonta ao período da colonização portuguesa, mas que foi utilizada também no período moderno, como nas famosas calçadas da Praia de Copacabana, redesenhadas por Burle Marx (1909-1994); por outro, alude aos males que a colonização portuguesa solidificou ou petrificou nos países onde atuou na compra e exploração de trabalho escravo de forma sistemática. Nesse sentido, o trabalho de Lauriano pretende trazer reflexões sobre as consequências do período escravagista na atualidade, bem como coloca em questão os fluxos e refluxos afro-atlânticos que marcaram a África, o Brasil e Portugal. Normalmente exposta na primeira fileira da pinacoteca de cavaletes do 2º andar, logo à entrada da galeria, o trabalho pode evocar também o capacho, esses tapetes que marcam a entrada de um lugar, a passagem entre o público e o privado, o exterior e o interior. A obra de Lauriano faz pensar sobre a chegada desses milhões de africanos e a violência a que eram submetidos no Brasil, ou até de uma saída possível ou mesmo de um retorno desses escravizados aos seus países de origem, algo que poucas vezes se concretizou.

— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2022



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