Criado em 1992 pelos artistas cubanos Dagoberto Rodríguez, Marco Castillo e Alexandre Arrecha, que permaneceu no grupo até 2003, Los Carpinteros ficaram conhecidos por suas aquarelas, esculturas e instalações que transformam o sentido usual de objetos cotidianos e de elementos arquitetônicos. Com uma construção meticulosa, seus trabalhos evocam discussões sobre a relação entre arte e design. Camas ou baterias parecem perder a solidez e derreter-se; um armário tem a forma de uma granada; tijolos ou pregos são construídos em escalas alteradas, reduzidos ou agigantados, como é o caso de Clavo trece [Prego treze], do acervo do MASP. Embora tenha uma escala aumentada, gerando um objeto impossível, o trabalho é feito do mesmo material de seu referente original, o prego, mas o metal dessa escultura tem um aspecto enferrujado. Ao escolher o prego como tema, a dupla também faz referência aos materiais e objetos de construção usados em sua prática de carpintaria. Em outras apresentações desse trabalho, uma série de esculturas com o mesmo tema, mas diferentes formas, foram dispostas diretamente no chão e cada obra da série é nomeada com sua numeração. A escala dos trabalhos, o material e a variação de formas a partir de um mesmo procedimento de dobrar ou torcer o metal remetem à escultura moderna, como na obra do brasileiro Amílcar de Castro (1920-2002) ou do estadunidense Richard Serra, mas com um gesto irônico, pois a série desenvolvida por Los Carpinteros evoca a ideia de um erro cometido repetidas vezes. A imagem do prego torcido e agigantado sugere frustração, mas também humor, pois além da alteração na escala, o objeto impossibilitado para sua função é eternizado na escultura.
— Equipe curatorial MASP, 2021