MASP

O artista Valdirlei Dias Nunes explora as relações entre pintura, desenho e escultura, trabalhando com representações preciosistas que buscam enganar o olhar a respeito da natureza dos materiais. Marcadas pela ideia de vazio, suas obras têm uma paleta reduzida, com pretos e brancos para os fundos e tons de madeira ou dourado para as figuras, que ficam no limite entre figuração e abstração — grelhas, bengalas, caixas ou superfícies de madeira, cujos veios o artista reproduz minuciosamente. Relevo n. 3 é parte de uma série na qual Nunes representa a própria tela da pintura, pois o retângulo em branco no centro do trabalho é, na verdade, uma placa de MDF pintada com esmalte sintético usando um rolinho, o que produz uma textura próxima à dos tecidos usados nesse suporte. Como em uma escultura, o artista enfatiza aspectos tridimensionais e materiais da obra, mas seu posicionamento na parede reitera os modos tradicionais de expor a pintura. Os contornos contrastantes entre a moldura, o quadro e o branco da parede podem ser lidos como um desenho, considerando seu aspecto linear e gráfico. Na vertical esquerda, a moldura vai além das bordas do quadro, tanto na porção superior quanto na inferior, e o artista quebrou as hastes da madeira, contrastando um gesto expressivo e dramático — a quebra — com o aspecto silencioso e minimalista da obra. Assim, Relevo n. 3 testa os limites das próprias convenções da prática artística, como a tela, a moldura ou o gesto do artista.

— Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP, 2023

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