Roberto Burle Marx (1909-1994) trabalhou com pintura, escultura, desenho, tapeçaria, além de ser responsável pelo paisagismo de vários dos mais importantes projetos de arquitetura e urbanismo modernos brasileiros.
Nascido em uma família abastada, viajou aos 19 anos para a Alemanha, onde entrou em contato com a arte de vanguarda. Lá, nas visitas ao jardim de Dahlem, diz ter descoberto a beleza da flora tropical, tema que
desenvolveu por toda vida. Interessava-se em trabalhar a vegetação nacional como massas de cor e textura, regidas pela geometria da composição, muitas vezes criadas por ele através de pinturas. Nos anos 1930, Burle
Marx iniciou seus estudos, com passagem pela Escola Nacional de Belas Artes, depois como aluno e assistente de Candido Portinari (1903-1962), período em que pintou naturezas mortas, cenas de trabalho e retratos
realistas, como
Sem título, década de 1930. Aqui vemos uma mulher negra vestida com uma camiseta branca preenchida com motivos florais azuis e amarelos e portando um lenço branco amarrado em coque a partir do meio da cabeça. Nota-se o
tratamento da figura humana com membros volumosos, característica de sua pintura no período, e a complexidade da sua expressão, marcadamente sóbria. Com o rosto virado de perfil três quartos, a personagem parece
evitar o contato visual direto com quem a observa.