Maria Auxiliadora da Silva desenvolveu uma linguagem singular, longe das normas acadêmicas e modernistas de seu tempo, construindo complexas representações de seu cotidiano e do universo afro‑brasileiro, mediante uma
técnica com tinta óleo, massa plástica e às vezes mechas de seu próprio cabelo. Em
Umbanda, vemos em um altar a figura de são Sebastião, ou Oxóssi, o caçador, senhor das matas e dos caboclos; ao lado dele, um Preto‑Velho, o sábio espírito dos velhos africanos escravizados; a seu lado, são Lázaro, o
Obaluaê, o orixá da cura e da saúde. No piso, vemos o Caboclo, a entidade do espírito dos indígenas, guias luminosos e caridosos. No centro da sala, cinco indivíduos realizam uma cerimônia: uma Ialorixá, ou mãe de
santo, vestida de branco e fumando um charuto, ao lado de dois homens e uma criança, enquanto ao fundo dois outros tocam atabaques, instrumentos de origem africana que dão ritmo e energia às cerimônias. No chão, três
velas com suas simbologias: a branca, de Oxalá, o orixá da criação do mundo e do homem, expressa a pureza; a vermelha, de Ogum, o orixá das guerras, simboliza a força e a coragem; a marrom, de Xangô, o orixá do fogo
e dos raios, representa a justiça. O ponto riscado em estrela no piso é um pentagrama, com seus cinco elementos (fogo, água, ar, terra e espírito), simbolizando a harmonia, o equilíbrio e a proteção. O MASP realizou
duas individuais da artista (1981 e 2018) e possui quatro pinturas suas.