Artista e intelectual, Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) investiga como as relações de raça, classe, gênero e sexualidade se dão em situações de intimidade e vulnerabilidade. A artista utiliza a prostituição como ferramenta de pesquisa e desenvolve sua produção a partir de encontros com seus clientes – homens cisgêneros, em sua maioria brancos, heterossexuais, de classe média e alta – para subverter relações de poder ou violência que possam surgir entre eles, aliando história de vida e história social. Temas como masculinidade e branquitude, mas também afeto, cuidado e responsabilidade, são abordados nesses encontros, que resultam em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações criadas pela artista de modo colaborativo.
A produção de Lia D Castro é organizada em séries, sendo a maior delas Axs nossxs filhxs, aqui apresentada. Desenvolvida na sua sala de estar e ateliê, lugar de encontro e trocas comerciais, intelectuais e afetivas, a série parte de um processo criativo marcado por escolhas coletivas, da paleta de cores à assinatura das obras. A repetição é uma característica central: através desse recurso, é possível reconhecer gestos, personagens e situações, assim como outras obras da artista que aparecem representadas nas telas, acumulando significados. A utilização do “x” no título da série se refere à diversidade de formações familiares e vínculos afetivos para além do parentesco consanguíneo ou da família heterossexual nuclear, além de operar como ferramenta para abarcar diferentes gêneros.
Esta é a primeira exposição individual da artista em um museu e inclui 36 obras produzidas entre 2013 e 2024, assim como registros de seu processo de trabalho. O título da mostra parte da constatação acerca da ausência histórica de grupos minorizados em posições de poder e decisão – em nenhum lugar –, enquanto sua presença e força de trabalho compõem as bases que sustentam a sociedade – em todo lugar. Essa estratificação social, refletida na maneira como a história da arte definiu os papéis de quem representa e de quem é representado, é contestada por Lia D Castro em seu trabalho, ao redefinir essa lógica utilizando-se do afeto, do diálogo e da imaginação como ferramentas de transformação social.
Lia D Castro: em todo e nenhum lugar é curada por Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, e Isabella Rjeille, curadora, MASP.
A mostra integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+, que inclui exposições de Catherine Opie, Gran Fury, Leonilson, Mário de Andrade, MASP Renner, Serigrafistas Queer e a coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+, além de mostras na Sala de Vídeo de Kang Seung Lee, Masi Mamani/Bartolina Xixa, Manauara Clandestina, Tourmaline e Ventura Profana.
Cisgênero: pessoa que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer, baseado em seu sexo biológico.
Branquitude: conjunto de benefícios e vantagens sociais, materiais e simbólicas que pessoas brancas possuem com base na inferiorização de pessoas não brancas.
Lia de Castro: em todo e nenhum lugar
Curadoria de Isabella Rjeille, curadora, MASP e Glaucea Britto, curadora assistente, MASP
Em 2024, todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas; textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem acessível, com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados. Eles ficam disponíveis no site e canal do Youtube do museu.
Visitas acessíveis
Pessoas com deficiência visual ou auditiva / surdas podem participar de visitas com a equipe de Mediação e Programas Públicos do MASP.
É só fazer a inscrição nos formulários abaixo:
Visitas em Libras - às quartas-feiras, às 16h30
ACESSE O FORMULÁRIOVisitas descritivas - às quintas-feiras, às 16h30
ACESSE O FORMULÁRIOAs inscrições são feitas sob disponibilidade, por ordem de inscrição.
Conteúdos audiovisuais em formato universal
Com narração, descrição, legendagem e interpretação em Libras - os conteúdos audiovisuais acessíveis são desenvolvidos a partir dos textos curatoriais, apresentando um panorama do que pode ser visto na exposição.
Faixa 1Caderno com textos e legendas em pdf acessível
Os cadernos acessíveis são compostos por todos os textos e legendas das exposições, em fonte ampliada, além de instruções com relação às salas de exposição, disposição das obras nas paredes, possíveis fluxos e circulação pelos ambientes e breve descrição do espaço. Através do pdf acessível, o visitante pode habilitar o leitor de tela e ouvir todo o conteúdo textual das mostras e suas orientações espaciais.