Um Vermeer no Brasil, enfim. Vinda do Rijksmuseum de Amsterdã, a obra-prima Mulher de azul lendo uma carta (1663-1665) será recebida no MASP em vernissage com a presença do príncipe holandês Maurits Van Orange-Nassau. Recém-restaurado, o quadro acaba de inaugurar o novo Museu de Arte da China em Xangai e no MASP ocupará quatro salas especialmente preparadas, no 1º andar. Daqui segue para o Getty Museum, Los Angeles, antes de retornar a Amsterdã para a reabertura do Rijksmuseum, um dos principais museus do mundo, que desde 2003 passa por reforma e ficou parcialmente fechado.
No MASP, Vermeer – Mulher de Azul Lendo uma Carta fica em cartaz de 12 de dezembro, quarta-feira, a 10 de fevereiro de 2013. Uma sala abrigará a obra e três outras serão dedicadas à descrição dos detalhes da restauração, acompanhados por textos que esmiúçam as particularidades da obra. Realizado entre 2010 e 2011, o processo de restauro mostrou que a obra, além de muito danificada, passou ao longo dos anos por diversas interferências que acabaram por alterar alguns de seus aspectos iniciais. “Espera-se que, tanto quanto possível, este último tratamento tenha sido bem sucedido em recuperar os detalhes delicados e a paleta cheia de nuances que Vermeer pretendia, e que a obra possa, novamente, ser usufruída em todo o seu refinamento e sutileza”, afirma Ige Verslype, restaurador de pinturas sênior do Rijksmuseum, em texto que integra o catálogo da mostra.
Restaurada, a pintura iniciou sua visita aos três museus escolhidos em países estratégicos pela direção da instituição holandesa, visando a divulgação da reabertura do Rijksmuseum. “Mulher de azul lendo uma carta é universal e atemporal; ela é nossa embaixadora ideal”, observa Wim Pijbes, diretor do museu holandês. “Viagens dessa natureza são excepcionais, cada vez mais raras. No umbral de um novo mundo que se estendia, a arte de Vermeer, pelos recursos simbólicos que manejou, ocupa um ponto alto na história e hoje se mostra no MASP graças a uma iniciativa singular do Rijksmuseum e da cidade de Amsterdã, detentora do legado de Adriaan van der Hoop”, disse o curador Teixeira Coelho.
Claro exemplo de como o artista unia a objetividade dos detalhes, pensamentos e emoções em cenas simples do cotidiano, Mulher de Azul lendo uma carta transmite uma atmosfera de mistério envolta na expressão do personagem. “No conjunto, uma imagem solidamente construída apresentando uma narrativa visual ampla, bem arquitetada, magnificamente amarrada em sua própria coerência interior – com todos os paradoxos que encerra e que uma boa história deve conter”, escreve Teixeira Coelho.
Johannes Vermeer
Johannes Vermeer nasceu e morreu em Delft, Holanda (1632-1675), e viveu os anos de ouro da Holanda, período em que o país estendeu sua presença no mundo graças à navegação. Em vida, não obteve reconhecimento, que veio dois séculos depois. Mestre da representação da vida cotidiana em ambientes interiores equilibrados e atraentes, dele restaram 36 obras reconhecidas, quatro delas pertencentes ao Rijksmuseum.