MASP

Escritos para liberdade: imagens e autobiografias de escravizados

Horário
19h-21h
Duração do Módulo
ONLINE
15, 22, 29.10 e 5, 12, 13.11.2020
QUINTAS E SEXTAS
(6 aulas)
Investimento
Público geral
5x R$ 48,00
Amigo MASP
5x R$ 40,80
*valores parcelados no cartão de crédito
Professores
Rafael Domingos Oliveira
Com base em autobiografias de pessoas negras escravizadas, publicadas entre fins do século 18 e ao longo do século 19, combinada a análise de obras exibidas na exposição Histórias afro-atlânticas (MASP, Instituto Tomie Ohtake, 2018), o curso discutirá as produções escritas e visuais que conectam trajetórias afro-diaspóricas, mulheres e homens que passaram pela experiência da escravização e da luta pela liberdade (nos Estados Unidos, Brasil e Cuba), como Mahommad Gardo Baquaqua, Juan Francisco Manzano, Sojourner Truth e Olaudah Equiano.

O objetivo é possibilitar outros olhares para temas recorrentes da historiografia sobre escravidão liberdade e abolicionismo e ao longo das aulas, a produção iconográfica que se relaciona com a escrita autobiográfica no contexto da escravisão será apresentada e mediada.

Na exposição Histórias afro-atlânticas (MASP, Instituto Tomie Ohtake, 2018), por exemplo, a obra Portrait of an African, um óleo sobre tela de 1758, de autoria desconhecida, retratava Olaudah Equiano, uma das mais importantes figuras do abolicionismo estadunidense e autor de uma das mais conhecidas autobiografias do gênero. Na mostra também esteve presente a famosa gravura do abolicionista James Phillips (Plans and sections of a slave ship), de 1789 (mesmo ano de publicação da autobiografia de Equiano, com quem possuía relações). Assim como a capa de Ain’t I a Woman? A Midwest Newspaper of Women’s Liberation, publicado entre 1970 e 1974, e que faz referência explícita ao discurso de Sojourner Truth, em 1851. Truth publicou sua autobiografia um ano antes de proferir seu famoso discurso, o que a tornou conhecida na luta abolicionista, sobretudo aquela ligada às sociedades femininas do período. 

O curso também dedicará um encontro para reflexão sobre o uso político-pedagógico das autobiografias e da iconografia discutida, evidenciando a potencialidade do debate que coloca em relevo a pluralidade das histórias do mundo afro-atlântico.  
 

Planos de aulas

Aula 1 – 15.10.2020
Para além da escravidão: memórias, trajetórias e a construção do mundo afro-atlântico

Apresentação do curso, do recorte e abordagem. Aproximação à historiografia da escravidão e da liberdade nas Américas e dos debates contemporâneos. Aspectos históricos da produção social de autobiografias de escravizados. 

Aula 2 – 22.10.2020
Arte e escravidão no Oitocentos

Panorama da história da arte no século 19. Apresentação e discussão do conceito de Cultura visual. Representação da população negra na arte oitocentista (Brasil, Estados Unidos e Cuba). Retomada histórica da exposição Histórias afro-atlânticas (MASP, Instituto Tomie Ohtake, 2018). 

Aula 3 – 29.10.2020
Baquaqua (Brasil), tráfico atlântico e trânsitos da liberdade no mundo escravista

Discussão da autobiografia de Mahommad Gardo Baquaqua, com foco na diáspora africana no Brasil. Historiografia do tráfico comercial de africanos e das revoltas em alto mar. Aspectos de história atlântica e história marítima.

Aula 4 – 5.11.2020
Manzano (Cuba), produção poética e circulação de ideias no mundo afro-atlântico

Discussão da autobiografia de Juan Francisco Manzano, com foco na diáspora africana em Cuba. Circulação de idéias escravistas e antiescravistas no Atlântico. Antiescravismo e abolição em Cuba. Literatura e abolicionismo.

Aula 5 – 12.11.2020
Equiano e Sojourner Truth (EUA), abolicionismos e as sociedades femininas na luta pela emancipação

Discussão das autobiografias de Equiano e Sojourner Truth, com foco na diáspora africana nos Estados Unidos. O antiescravismo no Atlântico Norte. Sociedades femininas e sociedades abolicionistas. Aspectos da resistência antiescravista nos Estados Unidos (Underground Railroad e literatura).

Aula 6 – 13.11.2020
Possibilidades político-pedagógicas de uso das autobiografias e iconografias do mundo afro-atlântico

Autobiografias, memórias e escritas de si no contexto educativo. Debate sobre representação e autorrepresentação. A dimensão política da representação em primeira pessoa e a construção de processos educativos (educação formal e não-formal). 

Coordenação

Rafael Domingos Oliveira é doutorando em história social pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre e bacharel em história pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com financiamento Fapesp. Foi professor da rede pública estadual de São Paulo. Coordenou o Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil. É membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Afro-América (NEPAFRO) e autor de artigos e capítulos de livros sobre escravidão, abolicionismo e pensamento social brasileiro. Também é autor do livro Vozes afro-atlânticas: autobiografias e memórias da escravidão e da liberdade (no prelo).

Conferencistas