Público geral
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AMIGO MASP
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O curso propõe uma reflexão acerca das marcas estéticas e éticas africanas na fotografia realizada na África e na Diáspora desde o século 19 até a contemporaneidade. Trata-se de analisar a história da fotografia negra considerando-a um diálogo entre as pessoas retratadas e as retratistas, ou segundo Peter Magubane, “uma ponte entre máscaras e identidades”. Parte-se da compreensão de que a fotografia é um instrumento de poder e o estúdio fotográfico é local de produção de conhecimento para discutir os usos feitos pelo ativista Frederick Douglass, o pai de santo Juca Rosa, a retratista Mama Casset, o fotojornalista Peter Magubane, o artista visual Eustáquio Neves, entre outros agentes históricos.
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IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
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O MASP, por meio do apoio da VR, oferece bolsas de estudo para professores da rede pública em qualquer nível de ensino.
Aula 1 - 4.6.2024
Fotografia no século 19 – África e Diáspora: Frederick Douglass, Juca Rosa e Herzekiah Andrew Shanu
Nessa aula vamos analisar as trajetórias do ativista afro-estadunidense Frederick Douglass (1818–1895), o pai de santo afro-brasileiro Juca Rosa (1833–?), e o fotógrafo angolano Herzekiah Andrew Shanu (1858–1905) e suas relações com a fotografia no século 19. Douglass e Rosa, dois homens negros em situação de diáspora nas Américas foram retratados e se fizeram ser retratados, subvertendo a fatura de retratos fotográficos de pessoas negras em estúdios, usualmente realizada no Oitocentos com objetivos etnográficos. Shanu, por sua vez, se apropriou da fotografia para enfrentar a violência da tirania imperial / colonial cometida no Congo. Com esta aula damos início à reflexão sobre a fotografia enquanto instrumento de poder e o estúdio fotográfico enquanto espaço de produção de conhecimento.
Aula 2 - 11.6.2024
Identidades e tempos na retratística africana: Mama Casset, Mountaga Dembelé, Seydou Keita, Ohkai Ojeikere
Por meio da análise das trajetórias e das séries de retratos produzidos em distintos países africanos por Mama Casset (1908–2023), Mountaga Dembelé (1919–2004), Seydou Keita (1919–2001), Ohkai Ojeikere, (1930–2014) e Malick Sidibé (1936–2016) será possível observar o desenvolvimento de certas convenções na retratística africana. Nessa aula serão abordadas algumas marcas estéticas e éticas na produção de tais retratistas, evidenciando-se noções de identidade e de tempo por percepções africanas.
Aula 3 - 18.6.2024
Fotografia e Direitos Negros: Peter Magubane, Gordon Parks e Januário Garcia
Nessa aula serão abordados os aspectos políticos, sociais e culturais presentes nas obras do afro-estadunidense Gordon Parks (1912–2006), do sul africano Peter Magubane (1932–2024) e do afro-brasileiro Januário Garcia (1943–2021). Enquanto Parks documentou as questões relacionadas aos direitos civis de pessoas negras em situação de diáspora nos Estados Unidos, Magubane narrou as violências cotidianas enfrentadas pela população negra na África do Sul durante o apartheid. No Brasil, Januário Garcia (1943–2021), atuou como fotógrafo e ativista assumindo a missão de narrar a presença negra na história do Brasil.
Aula 4 - 25.6.2024
Identidades, Performances e Autorrepresentações
Samuel Fosso (1962), Zanele Muholi (1972), Omar Victor Diop (1980), Val Souza (1985), Ventura Profana (1993), Jenevieve Aken (1989), Ima Mfon (1989) e Angélina Nwachukwu (1980) são fotógrafos e artistas que experimentam a corporalidade negra para materializar distintas percepções sobre raça, gênero e sexualidade. Por meio do estudo de suas produções pretende-se revisitar a história da fotografia com ênfase nas autorrepresentações e na performatividade das pessoas retratadas.
Aula 5 - 2.7.2024
Mônica Cardim: Entre retratos de identidades possíveis e protocolos diários - Conferência com Renata Martins
A cosmo percepção da palavra de origem africana Ubuntu percorre e entrelaça os trabalhos fotográficos da artista paulistana Mônica Cardim. A partir da premissa “eu sou porque nós somos” de tal termo, observa-se como essa percepção crítica do indivíduo em relação a si mesmo, ao seu coletivo e à sua ancestralidade é captada e revelada nos retratos e autorretratos da fotógrafa. Neste módulo, o vasto trabalho de Cardim será analisado por meio de diversos ensaios e séries que produziu, como Identidades possíveis (2015–2023) e Protocolo diário (2020–2022), e que não se limitam à missão do retrato fotográfico tradicional. Em seus retratos e autorretratos, Cardim nos revela narrativas pessoais e socioculturais capazes de evocar, resgatar e conectar vivências e identidades coletivas, de tempos passados e presentes.
Aula 6 - 9.7.2024
Apropriações e fabulações críticas
Após abordar a trajetória e a obra do fotógrafo e artista visual Eustáquio Neves (1955), esta aula será dedicada à análise de artistas contemporâneos brasileiros que das apropriações de fotografias de arquivos para criar fabulações críticas acerca das histórias das populações negras no Brasil. Desse modo, serão observadas as experimentações em distintas linguagens, como as pinturas de Dalton Paula (1982), os retratos em colagens e audiovisuais de Nay Jinknss (1990), as pinturas digitais de Rynnard (1995), as intervenções em deepfake de Guilherme Bretas (1999).
Mônica Cardim é doutora em Artes pelo Programa PGEHA-USP. Dentre os resultados de sua tese, sobre retratos da diáspora africana no Brasil do século XIX, estão os vídeos Retratos Transatlânticos (2020) e Trago Nomes (2021), premiados na 2ª e 3ª Edição do Prêmio Vídeo Pós-Graduação da USP/TV Cultura. Em seu trabalho fotográfico, a artista multidisciplinar reelabora iconografias e propõe uma desfetichização das imagens e das pessoas retratadas, seja por revisões interpretativas ou por criações dialógicas, possibilitando constituições de identidades e memórias. Em 2022, realizou no MAC-USP a instalação/performance Protocolo diário, com o Prêmio Histórico de Realização em Artes Visuais – Artistas, PROAC Expresso. É coautora na coleção Segue a Trilha – Arte, Ensino Fundamental, aprovada no PNLD 2024. Participou de exposições e seminários no Brasil, Argentina, França, Alemanha, Itália e Portugal.
Renata Martins é educadora, crítica de arte e curadora independente natural de São Paulo e residente em Bonn, Alemanha. É mestre em Literatura Alemã pela USP e especialista em Curadoria de Arte pela Universidade das Artes de Berlin. Em 2017, curou a mostra individual de Mônica Cardim, Identidades posibles: yo soy – nosotros somos em Buenos Aires, Argentina. Recentemente, foi residente do programa Vila Sul do Instituto Goethe de Salvador (2020-2022), onde concebeu e organizou o catálogo Arte Mais – Panorama de Artistas Transvestigêneres nos Brasil. Em 2022, curou a mostra coletiva Eu, você e todes nós no metaverso do Museu das Mulheres e, em 2023, produziu essa mesma mostra na Bienal de Arte de Bochum e em Mannheim (Alemanha), com financiamento do Instituto Goethe.