MASP

Histórias da arte a partir das Histórias das Exposições e Curadorias

Horário
19H30 – 21H30
Duração do Módulo
ONLINE
7.3 – 4.7.2024
QUINTAS
(17 AULAS)
Investimento
Público geral
5X R$ 327
AMIGO MASP
5X R$ 277,95
*valores parcelados no cartão de crédito
 
Professores
Mirtes Marins de Oliveira
Especialistas Convidados
Alecsandra Matias de Oliveira
Celso Lima
Daniel Grizante

O curso propõe uma alternativa complementar às narrativas sobre as produções artísticas modernas e contemporâneas a partir de eixo que privilegia o enfoque sobre as práticas expositivas e curatoriais nas sociedades ocidentais. Como conteúdo, abordará as possíveis origens do colecionismo, a organização dos museus de arte, história e ciências naturais a partir dos gabinetes de curiosidades em suas relações com o projeto da modernidade e da industrialização. Serão apresentadas e debatidas diferentes formas expositivas do século 20 a partir das práticas de artistas, da observação do papel das mostras como lugares de poder, da alteração e surgimento de novos agentes atuando no circuito artístico e os seus desdobramentos, que incorporam a crítica às perspectivas hegemônicas e a consideração de contra narrativas. Por fim, serão analisados os usos atuais das tecnologias em exposições e apresentadas as perspectivas de revisão das narrativas históricas e de críticas sobre exposições e o papel dos museus na atualidade. 
A cada encontro mostras exemplares do ponto de vista das temáticas apontadas serão apresentadas e debatidas. 

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IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.

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O MASP, por meio do apoio da VR, oferece bolsas de estudo para professores da rede pública em qualquer nível de ensino.

Planos de aulas

Aula 1 – 7.3.2024
O colecionismo e as origens das exposições e museus. A importância do sentido da visão na sociedade capitalista. As revoluções industriais e as exposições universais. Práticas expositivas em suas materialidades a partir do século 18. Exposições para alcançar os públicos: as iniciativas a partir da crítica ao Academismo. Serão apresentados os Salões do Louvre e Salão dos Recusados (1863), em Paris; Primeira Exposição Impressionista (1874), em Paris.

Aula 2 – 14.3.2024
Propostas expositivas em contexto das vanguardas históricas: as mostras como manifestos e reconfiguração das práticas coletivas marcadas pelos programas políticos e artísticos. Serão revisadas as propostas expositivas projetadas por artistas e arquitetos para propagar uma nova ordem artística: The Armory Show (1913), em New York e itinerâncias; Feira Internacional Dada (1920), em Berlim; Film und Foto (1929), Stuttgart; Exposição Internacional do Surrealismo (1938), em Paris e Primeiros Papéis do Surrealismo (1942), em New York.

Aula 3 – 21.3.2024
As Exposições Soviéticas
Conferencista: Celso Lima

Serão apresentadas e discutidas nessa conferência quatro mostras expositivas determinantes para o fortalecimento das linguagens artísticas das vanguardas russas a partir de 1915, sendo a primeira 0.10, a última exposição de pintura Futurista, montada por Ivan Puni e Ivan Kliun, trazendo a estreia das pinturas suprematistas de Maliévitch e as obras objetistas de Tatlin; 5 x 5 = 25 (1921), que reunia trabalhos de cinco artistas construtivistas que determinavam o fim da pintura de cavalete. Em dezembro de 1924, Aleksandr Ródtchenko realiza uma exposição em homenagem a Liubov Popova, falecida em maio deste ano, alinhando arte e design com uma ousadia expográfica inédita nos salões dos Vkhutemas. Essa exposição prenunciava o expositivo do Pavilhão Soviético na feira de Paris em 1925. Entre maio e outubro de 1928 o designer e arquiteto Lázar Lissitski une suprematismo e construtivismo em um único expográfico para o Pavilhão Soviético da Feira de Imprensa de Colônia na Alemanha.

Aula 4 – 28.3.2024
Relações entre arte, arquitetura, teatro e design expositivo: experiências de Frederick Kiesler, El Lissistzky, Herbert Bayer na elaboração de uma nova linguagem para as massas. Serão apresentadas concepções, cenários e expositores propostos pelos arquitetos/artistas indicados em mostras e encenações. Serão apresentadas, de Kiesler, as mostras: Festival de Música e Teatro da Cidade de Viena 1924, Viena, na qual Kiesler apresenta o modelo L&T; a proposta de Raumstadt (Cidade no Espaço), apresentada na Exposição internacional de artes decorativas e industriais modernas (1925), Paris; e as experiências na galeria Art of This Century (1942), em New York. De El Lissistzky serão apresentadas a Sala Proun (a partir de sua primeira versão em 1922); o Gabinete Abstrato (1928-1929), em Hanover. Herbert Bayer será apresentado a partir de sua produção teórica e da mostra Deutsche Werbund Ausstellung (1930) em Paris com Walter Gropius e Road to Victory (1942), em New York. 

Aula 5 – 4.4.2024
O papel das exposições para as políticas do nazismo. Apresentação e análise de experiências sobre as exposições que visavam a propaganda da tecnologia alemã, como Deutsches Volk – Deutsche Arbeit (1934); Das Wunder des Lebens (1935); Gebt mir Vier Jahre Zeit/Me dê quatro anos (1937), todas em Berlim; as estratégias expositivas de Grande Exposição de Arte Alemã e Arte Degenerada (a partir de 1937).  

Aula 6 – 11.4.2024
Cubo branco: suas origens a partir do Modern Museum of Art (MoMA-NY) e das experiências das vanguardas históricas; suas características, referências e permanências como estilo e modelo supostamente objetivo e neutro até os dias atuais. A crítica epistemológica ao modelo. Museus modernos e colecionismo da arte moderna.

Aula 7 – 18.4.2024
Design de Exposições na Guerra Fria: o papel do Modern Museum of Art (MoMA-NY) junto ao Departamento de Estado norte-americano e as ações de Peter Harnden para a divulgação do Plano Marshall e do modelo de vida norte-americano. Serão observadas as experiências expositivas: Documenta de Kassel (a partir de 1955); Caravana da Paz (1952); Wir bauen ein besseres Leben/Estamos construindo uma vida melhor (a partir de 1952), em Berlim; Exposição Nacional Americana (1959), em Moscou.

Aula 8 – 25.4.2024
Mostras no contexto italiano e importância das exposições para elaboração de narrativas de origem com finalidades de propaganda política: as experiências do Movimento Italiano para a Arquitetura Racional - MIAR, desde os anos 1920 e nas Trienais de Design de Milão. A atuação de Giuseppe Terragni e Marcello Nizolli na Mostra della Rivoluzione Fascista (1932-1934). As experimentações de Franco Albini na proposição de expositores. 

Aula 9 - 2.5.2024
As experiências expositivas de Lina Bo Bardi no MASP; no MAM-Bahia e no SESC Pompéia. Propostas de expositores da arquiteta, em especial, o cavalete de vidro. Revisão e recuperação histórica de arquitetas/artistas mulheres: a produção, no campo da arquitetura de exposições, de Lilly Reich.

Aula 10 – 9.5.2024
Aspectos do colecionismo no pós-Guerra. Serão analisadas algumas edições da Bienal de São Paulo, do ponto de vista da arquitetura expositiva, como a 1ª Bienal de São Paulo (1951), 2ª Bienal de São Paulo (1953/1954), Bienal do Boicote (1969), Bienal da Antropofagia (1998).  Exposições como manifestos das vanguardas da segunda metade do século 20 no Brasil: Concretos e Neoconcretos. Serão apresentadas Ruptura (1952) e exposições do Grupo Frente (a partir de 1954).

Aula 11 – 16.5.2024
Curadoria e seus papéis desde os anos 1970, internacionalmente e no Brasil. A nova agência do curador independente. Serão estudadas as exposições: Opinião 65 (1965), Rio de Janeiro; Nova Objetividade Brasileira (1967), Rio de Janeiro; Live in your head: When attitudes become form (1969), em Berna; Do corpo à terra (1970), em Belo Horizonte; as séries Numbers (a partir de 1969), de Lucy Lippard.

Aula 12 – 23.5.2024
Virada Educacional na Arte e Curadoria. Exemplos apresentados e analisados: Manifesta 6 (2006); XI (2002) e XII (2007) Documentas de Kassel; 31ª Bienal de São Paulo (2014). A crítica ao modelo: as propostas de Clementine Deliss. Breve história dos programas públicos a partir das ações educativas. 

30.5.2024
Corpus Christi – não haverá aula

Aula 13 – 6.6.2024
Exposições e museus como produção de conhecimento a partir de revisão das narrativas históricas hegemônicas: serão analisadas as diversas propostas expositivas no âmbito das Histórias, elaboradas pelo MASP.  Relações entre museus, exposições e colonização. Virada Epistemológica: proposta de descolonização de exposições. Novos agentes no circuito artístico a partir da crítica aos modelos da colonialidade.

Aula 14 – 13.6.2024
Pluralismo e decolonização dos acervos
Conferencista: Alecssandra Matias

Nesta aula, discute-se as mudanças históricas e sociais que deslocaram os modos de viver e, consequentemente, de construção do conhecimento que alteram o cotidiano dos “museus universais”, especialmente as exposições, em eventos de reparações e de legitimação de memórias historicamente invisibilizadas. Nesse processo, o reconhecimento de novos discursos e de reivindicação de pautas identitárias são mostrados na produção e na exibição da arte contemporânea, despertando pluralismo estético e, sobretudo, ativismos. Essa vertente contemporânea que privilegia os saberes afro-indígenas surge com mais frequência a partir de 1988, com a realização da mostra A mão afro-brasileira, com curadoria de Emanoel Araújo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Assim, propõe-se tratar um histórico das exposições que tratam sobre temas e autorias afro-brasileiras no circuito de museus em São Paulo.

Aula 15 – 20.6.2024
Tecnologias de exibição em projetos de exposições
Conferencista: Daniel Grizante

As tecnologias de exibição vêm sendo utilizadas no design de exposições na tentativa de aproximação das coleções com o público do seu tempo e na materialização de patrimônios imateriais e discussões contemporâneas. Nesta palestra, será apresentado um breve panorama histórico do uso das tecnologias expositivas na constituição de exposições, a partir de exemplos desenvolvidos nas feiras mundiais, nos parques de diversões, nos museus de tecnologia e técnica, nos museus de ciência e pelas experiências artísticas a partir da segunda metade do século 20. Além disso, serão apresentadas as possibilidades tecnológicas hoje disponíveis para a elaboração de projetos de exposições, levando em conta suas problemáticas e os cuidados que devem ser tomados ao aplicá-las. 

Aula 16 – 27.6.2024
Análise do circuito expositivo na atualidade a partir das exposições construídas em contexto do turismo cultural e o papel que a arquitetura ocupa nesse âmbito e da bienalização – proliferação das exposições em escala global e suas características de operação. Como contrapartida serão apresentadas exposições que caracterizam o ativismo curatorial no campo da diversidade: Extended Sensibilities: Homosexual presence in contemporary Art (1982)/The New Museum, com curadoria do artista Dan Cameron; O Desejo na Academia: 1847-1916 (1991-1992)/Pinacoteca do Estado de São Paulo, com curadoria de Ivo Mesquita.

Aula 17 – 4.7.2024
Visita técnica ao espaço expositivo do MASP e bastidores. Atividade presencial.

Coordenação

Mirtes Marins de Oliveira é mestre e doutora em Educação: História e Filosofia e pesquisadora colaboradora na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (2020). Coordena a pós-graduação em Design da Universidade Anhembi Morumbi. Foi curadora de Contra o estado das coisas – anos 70 (2014), Especular (2018), Comigo ninguém pode, versando sobre a essencialização do feminino (2019), na Galeria Jaqueline Martins. Foi curadora de Arte para todos! Liberação e Consumo (Instituto Figueiredo Ferraz, 2016), Não um sonho (Galeria Simões de Assis, 2021) e de Máscaras: Fetiches e Fantasmagorias (Paço das Artes, 2021-2022). Coeditou, com Lisette Lagnado, a publicação Marcelina (2008-2012) e participou do livro Cultural Anthropophagy: The 24th Bienal de São Paulo 1998, da coleção Exhibition Histories (Afterall, 2015). Publicou, com Fabio Cypriano, o livro Histórias das exposições: casos exemplares (EDUC, 2016) e é autora de The body and the opus as a witness of times, sobre o trabalho de Letícia Parente, publicado em The feminist avant-garde. Art of the 1970s (2017). Escreveu para as revistas e plataformas Select, Arte!Brasileiros, Artsoul, entre outras.

Conferencistas

Alecsandra Matias de Oliveira
Doutora em Artes Visuais (ECA USP). Pós-doutorado em Artes Visuais (UNESP). Curadora independente. Professora do CELACC (ECA USP). Pesquisadora do Centro Mario Schenberg de Documentação e Pesquisa em Artes (ECA USP). Membro da Associação Internacional de Crítica de Arte (AICA). Autora dos livros Schenberg: Crítica e Criação (EDUSP, 2011) e Memória da Resistência (MCSP, 2022). Editora de Arte/História da Revista Arte & Crítica.
 
Celso Lima 
Artista plástico, professor da história do design, tecnologia têxteis e design de superfícies, co-curador da exposição Vkhutemas, o futuro em construção (SESC Pompeia, 2018), contemplada com prêmio da APCA, e co-autor do livro Vkhutemas, desenho de uma revolução (Kinoruss, 2020). Atualmente trabalha na criação e produção de arte têxtil em variadas técnicas, laboratórios e oficinas com alunos e como pesquisador da História do design Russo e Soviético.

Daniel Grizante 
Professor, diretor de arte para animação e motion designer. Doutor em Design pela Universidade Anhembi-Morumbi com bolsa CAPES, com a pesquisa Coleções imateriais, exposições efêmeras: animações no design de exposições. Junto ao Estúdio Preto e Branco, desenvolveu peças audiovisuais para espetáculos, eventos empresariais e para mais de 20 exposições em espaços culturais brasileiros, como o Museu do Ipiranga, Museu da Imigração, Memorial da Resistência, Museu Judaico, CCBB, FIESP, Museu Casa Portinari e SESC-SP, com três destas animações premiadas pelo ICOM. Atualmente é professor no Istituto Europeo di Design São Paulo e no SENAC Lapa Scipião, e atua como designer freelancer e consultor para design de exposições.