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O curso tem por objeto a produção artística da segunda metade do século 19 até os dias atuais. Longe da exposição de uma história da arte linear e homogênea, propõe-se aqui abordar os artistas e suas obras à luz de determinado número de questões, de ordem formal, mas também filosófica e social, relevantes a seus contextos. Não se trata, com isso, de retirar da arte sua especificidade no interior da esfera cultural, mas, pelo contrário, de abrir sua história a outras perspectivas e narrativas possíveis. Almeja-se, idealmente, que cada uma das aulas possa funcionar como uma pequena introdução autônoma à história da arte moderna e contemporânea, orientada por uma questão específica, desde sua origem até seus desdobramentos posteriores. Ao final do curso, o aluno deverá ser capaz não apenas de identificar a produção artística nos períodos abordados, mas também de compreender sua motivação, seus mecanismos históricos e seus impasses diante de questões que seguem em aberto.
Aula 1 – 13.3.19
Moderno e modernidade: introdução aos conceitos. Revoluções industriais e sociais: a poesia e a vida na capital do século 19. As exposições universais e o contexto imperialista.
Aula 2 – 20.3.19
Pintar ou mudar a capital: o artista como cronista, produtor autônomo ou agitador político. Os salões oficiais e seus recusados. A experiência da Comuna de Paris.
Aula 3 – 27.3.19
Imagens em massa e imagens da massa: a invenção da fotografia e da pintura ao ar livre. O impressionismo e os subúrbios parisienses. A autonomia do olhar e a reinvenção da crítica de arte.
Visita ao Acervo em transformação:
Edgar Degas, Quatro bailarinas em cena, 1885-90
Claude Monet, A canoa sobre o Epte, circa 1890
Aula 4 – 3.4.19
O interesse pelo “primitivo” nos salões independentes. O fauvismo entre máscaras africanas e maçãs de Cézanne. A natureza do moderno e seu avesso colonial.
Aula 5 – 10.4.19
Decomposição, abstração e construção: o cubismo em movimento nas vanguardas internacionais. Revolução, engajamento e pesquisa. Artistas na sala de aula: Vkhutemas, Bauhaus, De Stjill.
Aula 6 – 17.4.19 – Conferência com Thiago Gil
A antropofagia de Oswald de Andrade e o “primitivo" como antídoto: Vicente do Rego Monteiro, Cícero Dias, Tarsila do Amaral e Maria Martins.
Aula 7 – 24.4.2019
O readymade entre dadaísmo e surrealismo. Retirada e avanço, nonsense e estratégia. Qualquer coisa na hora certa: a pintura como instantâneo fotográfico.
1.5.19
FERIADO - Não haverá aula
Aula 8 – 8.5.2019
Degeneração, expressão e crítica social na Alemanha. Arte à beira da catástrofe: as escolas da forma, do signo e da boêmia contra o Nazismo.
Aula 9 – 15.5.2019
High e Low, kitsch e vanguarda: o papel da indústria cultural, da crítica de arte e do expressionismo abstrato no contexto norte-americano. Modernismo, liberdade e ideologia.
Aula 10 – 22.5.2019
O efeito Duchamp: consumo, reprodução e crise da autoria na arte pop. A pintura como imagem de si mesma.
Visita à coleção do MASP:
Claudio Tozzi, Repressão, 1968
Antonio Henrique Amaral, Bananas e cordas 3, 1973
Aula 11 – 29.5.2019 Conferência com Pollyana Quintela
Mário Pedrosa e o Projeto Construtivo no Brasil. Construtivismo como projeto cultural. Paulistas e cariocas: Grupo Ruptura, Grupo Frente e dissidentes. Manifestos.
Aula 12 – 5.6.2019
Minimalismo, arte povera, arte processual, arte conceitual: novas vanguardas internacionais reunidas na exposição When attitudes become form (1969).
Aula 13 – 12.6.2019
A fotografia como arte, a arte como fotografia: olhares modernos e contemporâneos sobre o mundo dos objetos. Museus imaginários e livros de artista.
Aula 14 – 19.6.2019
Formas híbridas de arte: happening, performance e instalação. Formas indefinidas de história: anti-moderno, pós-moderno, contemporâneo.
Aula 15 – 26.6.2019 Conferência com Laura Consendey
Conceitualismo: circuitos, circunstâncias, condições. Situações de experimentalismo da arte brasileira nos anos 1960 e 70. Projetos de Frederico Morais, Walter Zanini e um pouco de seus vizinhos latino-americanos.
Aula 16 – 3.7.2019
A emergência do curador como autor e o fantasma de um novo árbitro do gosto. Instituição, crítica e comunidade. Feminismo nos anos 1970 e retorno à pintura nos anos 1980.
Aula 17 – 10.7.2019
Arte por toda parte: o boom das bienais, galerias, feiras e leilões. Obsolescência do novo e as potências do passado: outras estratégias museológicas na construção de narrativas históricas.
Visita ao Acervo em transformação:
Marcelo Cidade, Tempo suspenso de um estado provisório, 2011 – 2015
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Sugestão de atividade complementar:
Encontros A prosa da arte, com Daniel Jablonski
15.4.19 [Segunda-feira]
Leitura guiada de A dúvida de Cézanne (1945), de Maurice Merleau-Ponty
20.5.19 [segunda-feira]
Leitura guiada de A pintura modernista (1960), de Clement Greenberg
1.7.19 [Segunda-feira]
Leitura guiada de A arte depois da filosofia (1969), de Joseph Kosuth
Daniel Jablonski é artista, professor e pesquisador independente. Obteve o título de mestre em Filosofia Contemporânea pela Sorbonne-Panthéon, Paris, e em História e Política do Museu e do Patrimônio / Estudos em Crítica e Curadoria pelo Institut National d’Histoire de l’Art, Paris, e Columbia University, Nova York. Sua produção multifacetada, conjugando teoria e prática, pode ser apresentada tanto na forma de fotografias, objetos, instalações e performances, quanto de uma publicação ou de uma palestra. Seus escritos, incluindo entrevistas, traduções, ensaios e críticas, podem ser encontradas tanto em revistas de literatura, como Serrote (Instituto Moreira Salles - RJ), revistas de arte como Amarello (SP) e Octopus Notes (Paris), bem como publicações acadêmicas, como Concinnitas (pós-graduação em artes - UERJ) e Poiésis (pós-graduação em filosofia - UFF-Rio).