O curso tem por objeto a produção artística da segunda metade do século 19 até os dias atuais. Longe da exposição de uma história da arte linear e homogênea, propõe-se aqui abordar os artistas e suas obras à luz de determinado número de questões, de ordem formal, mas também filosófica e social, relevantes a seus contextos. Não se trata, com isso, de retirar à arte sua especificidade no interior da esfera cultural, mas, pelo contrário, de abrir sua história à outras perspectivas e narrativas possíveis. Almeja-se, idealmente, que cada uma das aulas possa funcionar como uma pequena introdução autônoma à história da arte moderna e contemporânea, orientada por uma questão específica, desde sua origem até seus desdobramentos posteriores. Ao final do curso o aluno deverá ser capaz, não apenas de identificar a produção artística nos períodos abordados, como de compreender sua motivação, seus mecanismos históricos, mas também seus impasses diante de questões que seguem em aberto.
Aula 1 – 13.3
Moderno e Modernidade: introdução aos conceitos.
Revoluções industriais e sociais: a poesia e a vida na capital do século 19. As exposições universais e o contexto imperialista.
Aula 2 – 27.3
Pintar ou mudar a capital: o artista como retratista de seu tempo, como produtor autônomo e agitador político. Os salões oficiais e seus recusados. A experiência da Comuna de Paris.
Aula 3 – 03.4
Imagens em massa e imagens da massa: a invenção da fotografia e da pintura ao ar livre. O impressionismo e os subúrbios parisienses. A autonomia do olhar e a reinvenção da crítica de arte.
Visita na coleção do MASP: Quatro bailarinas em cena, 1885 - 1890, de Edgar Degas e A canoa sobre o Epte, circa 1890, de Claude Monet
Aula 4 – 06.4
O interesse pelo “primitivismo” nos salões independentes. O fauvismo entre máscaras africanas e maçãs de Cézanne. A natureza do moderno e seu avesso colonial.
Aula 5 – 10.4
(Conferência com Fabio Zuker)
O interesse pelo “primitivo” no Brasil. A antropofagia de Oswald de Andrade. Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Maria Martins.
Aula 6 – 17.4
Decomposição, abstração e construção: o Cubismo em movimento nas vanguardas internacionais. Revolução, engajamento e pesquisa. Artistas na sala de aula: Vkhutemas, Bauhaus, De Stjill.
Aula 7 – 24.4
O readymade entre Dadaísmo e Surrealismo. Retirada e avanço, nonsense e estratégia. Qualquer coisa na hora certa: a pintura como instantâneo fotográfico.
01/05/2018 FERIADO
Aula 8 – 08.5
Depressão, expressão e crítica social no entre-guerras. Arte a beira da catástrofe: ascensão do totalitarismo, perseguição aos artistas e as exposições de Arte Degenerada. As escolas da forma, do signo e da boêmia contra o Nazismo.
Aula 9 – 15.5
High e Low, kitsch e vanguarda: o papel da indústria cultural, da crítica de arte e do expressionismo abstrato no contexto norte-americano. Modernismo, liberdade e ideologia.
Aula 10 – 22.5
O efeito Duchamp: consumo, reprodução e crise da autoria na Arte Pop: a pintura como imagem de si mesma.
Visita na coleção do MASP: Repressão, 1968, Claudio Tozzi e Bananas e cordas 3, 1973 Antonio Henrique Amaral
Aula 11 – 29.5
A experiência concreta e neo-concreta no Brasil (Conferência com Frederico Coelho)
Entre moderno e contemporâneo.
Aula 12 – 05.6
Minimalismo, arte pòvera, arte processual, arte conceitual: novas vanguardas internacionais reunidas na exposição When Attitudes become form (1969).
Aula 13 – 12.6
A fotografia como arte, a arte como fotografia: olhares modernos e contemporâneos sobre o mundo das coisas. Museus imaginários e livros de artista.
Aula 14 – 19.6
Formas híbridas de arte: happening, performance e instalação. Formas indefinidas de história: anti-moderno, pós-moderno, contemporâneo.
Aula 15 – 26.6
“Hoje a arte é esse comunicado!” (Conferência com Ana Maria Maia)
Algumas estratégias dos conceitualistas brasileiros.
Aula 16 – 03.7
A emergência do curador como autor e o fantasma de um novo árbitro do gosto. Instituição, crítica e comunidade. Feminismo nos anos 1970 e retorno à pintura nos anos 1980.
Aula 17 – 10.7
Arte por toda parte: o boom das bienais, galerias, feiras e leilões. Obsolescência do novo e as potências do passado: outras estratégias museológicas na construção de narrativas históricas.
Visita na coleção do MASP: Tempo suspenso de um estado provisório, 2011 – 2015, Marcelo Cidade
Daniel Jablonski é artista visual, professor e pesquisador independente. Obteve o título de mestre em Filosofia Contemporânea pela Sorbonne-Panthéon, Paris, e em História e Política do Museu e do Patrimônio / Estudos em Crítica e Curadoria pelo Institut National d’Histoire de l’Art, Paris, e Columbia University, Nova York. Sua produção multifacetada, conjugando teoria e prática, pode ser apresentada tanto na forma de fotografias, objetos, instalações e performances, quanto de uma publicação ou de uma palestra. Seus escritos, incluindo entrevistas, traduções, ensaios e críticas, podem ser encontradas tanto em revistas de literatura, como Serrote (Instituto Moreira Salles - RJ), revistas de arte como Amarello (SP) e Octopus Notes (Paris), bem como publicações acadêmicas, como Concinnitas (pós-graduação em artes - UERJ) e Poiésis (pós-graduação em filosofia - UFF-Rio).
Ana Maria Maia é pesquisadora, curadora, professora de arte contemporânea e doutoranda em Teoria e Crítica de Arte na Universidade de São Paulo. Foi curadora adjunta do 33º Panorama de Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013) e curadora do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2011-2). É autora do livro Arte-veículo: intervenções na mídia de massa brasileira, (Editora Aplicação, 2016), realizado com Bolsa Funarte 2014 de Estímulo à Crítica de Arte, entre outros.