MASP

Mulheres artistas: dinâmicas de gênero no modernismo brasileiro

Horário
19H – 21H
Duração do Módulo
ONLINE
4.9 – 16.10.2023
SEGUNDAS
(7 AULAS)
Investimento
PÚBLICO GERAL
5X R$ 67,20
AMIGO MASP
5X R$ 57,12
*VALORES PARCELADOS NO CARTÃO DE CRÉDITO
Coordenação
Marina Mazze Cerchiaro 

As narrativas hegemônicas sobre a arte moderna vêm sendo revisadas criticamente por estudos que fraturam o discurso canônico de modo a produzir histórias mais complexas e plurais que levem em conta questões raciais e de gênero. 
Este curso reflete sobre o significado de ser artista moderna mulher no Brasil, tendo em vista que a noção de artista moderno foi construída com base em estereótipos masculinos. Para tanto, enfoca as trajetórias e produções de artistas atuantes no século 20, principalmente escultoras, trazendo tanto nomes conhecidos do grande público quanto desconhecidos, com o intento de refletir sobre as razões de algumas dessas artistas serem projetadas pela crítica e historiografia da arte e outras permanecerem silenciadas. A linha temporal se inicia na década de 1920 e vai até os anos 1960, destacando três momentos importantes do cenário artístico paulista e carioca: a Semana de Arte Moderna de 1922, a construção do Ministério da Educação e Saúde entre 1936 e 1945 e as primeiras Bienais de São Paulo (1951-1965). Pretende-se, assim, mostrar como as mulheres brasileiras pertencentes a diferentes correntes artísticas construíram imagens diversas de artista moderna e os modos como as dinâmicas de gênero incidem sobre o campo artístico, revelando desigualdades. 


IMPORTANTE 
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
 

Planos de aulas

Aula 1 – 4.9.2023
Ser mulher artista moderna. Das construções de identidade às trajetórias silenciadas

A noção de artista moderno não significa apenas um determinado modo de produzir arte; diz respeito a um estilo de vida, a performar uma subjetividade. A história da arte feminista demonstra que essa identidade foi frequentemente associada a estereótipos de gênero masculinos, tais como os do boêmio, dândi, flaneur e à virilidade. Isso impunha dificuldades para as mulheres, que precisavam se afastar de determinados estigmas associados ao feminino, que as colocavam à margem das vanguardas, bem como construir uma outra identidade de artista moderno para si mesmas. Quais estratégias adotaram? Como gênero, raça e nacionalidade operaram nessas construções? Como tais construções aparecem em suas obras? 
  
Aula 2 – 11.9.2023 
Década de 1920. A Semana de Arte Moderna e os dois grandes nomes femininos do modernismo brasileiro  

Contar a história do modernismo a partir de São Paulo implica tratar da Semana de Arte Moderna de 1922 e das pintoras Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. Nesta aula, os objetivos são desconstruir os mitos sobre a Semana de Arte Moderna e refletir sobre os estereótipos de gênero associados a essas artistas na década de 1920. Por que quando pensamos no modernismo brasileiro são esses os dois nomes femininos que sobressaem? Quanto essa visibilidade que elas obtêm oculta a trajetória de outras artistas mulheres? Quem são as escultoras modernistas brasileiras?     
  
Aula 3 – 18.9.2023
Décadas de 1930 e 1940. O Estado varguista e a construção do edifício do Ministério da Educação e Saúde. Gênero, raça e identidade nacional 

Durante o período do Estado Novo, o Ministério da Educação e Saúde (MES) foi responsável por um projeto de renovação cultural que tinha como base a “regeneração do homem brasileiro” e o forjamento de uma identidade nacional. Com a construção do edifício do MES, o primeiro regime Vargas pretendia imprimir sua marca na capital federal, o Rio de Janeiro. O prédio, símbolo da arquitetura moderna brasileira, abrigou diversas obras de arte entre elas um conjunto de esculturas, produzidas entre 1937 e 1947 por Celso Antônio de Menezes, Adriana Janacópulos e Bruno Giorgi. Nesta aula serão abordadas as relações entre gênero, raça e nação por meio da análise das esculturas realizadas para o MES. Em particular, será discutida a trajetória da escultora Adriana Janacópulos e sua escultura Mulher, realizada para o edifício. 
  
Aula 4 – 25.9.2023 
Década de 1950. As Bienais de Arte Moderna de São Paulo e a premiação de artistas mulheres 

Esta aula trata das primeiras Bienais de Arte Moderna de São Paulo sob a perspectiva de gênero. Será traçado um panorama histórico do evento, que abordará as premiações de mulheres artistas nas primeiras edições (1951-1965), procurando mostrar, por meio da análise de dados quantitativos, como essas premiações articulam desigualdades de gênero, nacionalidade e modalidade artística. As aulas seguintes serão dedicadas a apresentar algumas das escultoras brasileiras premiadas no evento.  
  
Aula 5 – 2.10.2023
Maria Martins: gênero, arte e política 

A aula será voltada à trajetória da escultora mineira Maria Martins, que foi marcada pela política e pela arte. Como companheira do embaixador brasileiro Carlos Martins, a artista inseriu-se em redes de sociabilidade ligadas ao ambiente da diplomacia internacional, o que lhe permitiu atuar também como intermediária cultural. Considerando que ela desenvolveu sua carreira como escultora nos Estados Unidos entre 1939 e 1947 e no Brasil a partir de 1949, será feita uma comparação de sua produção nos dois países. Pretende-se também mostrar como ela atingiu diversos estereótipos de feminilidade que lhe permitiram subverter noções fixas de gênero.
       
Aula 6 – 9.10.2023
Pola Rezende, Felícia Leirner e Liuba Wolf: escultoras imigrantes à margem da história da arte brasileira 

Serão apresentadas nesta aula as escultoras Felícia Leirner, da Polônia, e Pola Rezende e Liuba Wolf, ambas da Bulgária, que imigraram para o Brasil no século 20, onde se inseriram no meio artístico. Apesar de terem desenvolvido carreira e conquistado reconhecimento, ainda hoje poucas são as pesquisas sobre suas trajetórias e produções. Buscaremos refletir sobre a condição de ser artista mulher e migrante e sobre o que levou essas mulheres a serem apagadas da história da arte brasileira.  
 
Aula 7 – 16.10.2023 
Lygia Clark e Mary Vieira: a obra como cocriação 

Esta última aula será dedicada a Lygia Clark e Mary Vieira, ambas artistas mineiras ligadas às correntes abstratas construtivas que conquistaram reconhecimento e projeção internacional na década de 1960. Serão abordadas suas trajetórias e a noção de observador participante que suas obras evocam. O objetivo é refletir sobre como essas mulheres, para além dos estereótipos de feminilidade, constroem uma identidade de artista, em que escultor e público criam conjuntamente, sendo a obra o resultado dessa experiência. Veremos, porém, que, enquanto a primeira foi projetada pela crítica e historiografia da arte brasileira, a segunda foi relegada a um lugar marginal.  

 
 

Coordenação

Marina Mazze Cerchiaro é pós-doutoranda pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP). Doutora em Estética e História da Arte pela USP (2020). Possui graduação em Ciências Sociais pela USP (2012) e mestrado em Culturas e Identidades Brasileiras pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP (2016). Sua tese de doutorado foi contemplada com o segundo prêmio de melhores teses do Comitê Brasileiro de História da Arte (2022) e sua dissertação de mestrado com o prêmio 3 vezes 22 de teses e dissertações: Centenário da Semana de Arte Moderna, da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP (2019). É autora do livro Esculpindo para o Ministério: arte e política no Estado Novo (2022). Desenvolveu estágios de pesquisa na França junto à unidade de pesquisa Art et Représentations da Université Paris-Ouest Nanterre la Défense (2022), no grupo Artl@s, da École Normale Supérieure de Paris (2019), e no centro de documentação do Museu Bourdelle, em Paris (2013). É bolsista da Fapesp. Atua nas áreas de sociologia da arte, história da arte e estudos de gênero. Seus principais temas de pesquisa são: mulheres artistas, modernismo brasileiro e escultura. 
 

Conferencistas