MASP

Mulheres fortes: da Antiguidade ao Barroco italiano

Horário
19h-21h
Duração do Módulo
29.7, 30.7, 31.7, 1.8 e 2.8.2019
(5 aulas)
Investimento
5 x R$76,00*
Amigo MASP
5 x R$64,60*
*valores parcelados no cartão de crédito
Professores
Juliana Ferrari Guide
A tradição de compilação de textos sobre a vida de "mulheres famosas” -- que servem de exemplo e também como fonte para debates variados -- se inicia em âmbito moderno italiano com Bocaccio. No século 17, a essa nomenclatura se adiciona outra, já que a partir do livro Galerie des femmes fortes, editado pelo jesuíta Pierre Lemoyne em 1647, é comum que essas figuras heroicas sejam denominadas de "mulheres fortes". Lemoyne, como Boccaccio e outros, reuniu mulheres célebres da mitologia, da Bíblia e da história. 

Eleitas "notáveis" e "fortes" por essa tradição, Cleópatra, Lucrécia, Suzana, Judite e Tomíris figuram em diversas seleções de textos. Também muitas pinturas e esculturas foram produzidas sobre elas em contextos renascentistas e barrocos, com ênfases variadas nos possíveis sentidos eróticos, religiosos, moralizantes e políticos de suas trajetórias. 

No curso, serão estudadas as iconografias dessas mulheres fortes a partir de obras de grandes artistas italianos, entre eles mulheres artistas de relevo, como Artemisia Gentileschi e Lavinia Fontana.  

Inevitável, portanto, que seja abordada uma questão hoje bastante debatida pela historiografia: há especificidades importantes na representação dessas personagens quando as artistas são mulheres? O percurso de cada aula partirá sempre das primeiras representações visuais e fontes textuais sobre cada personagem, terminando em obras do período barroco.

Planos de aulas

Aula 1 – 29.7.2019
Susana: a esposa casta do Velho Testamento e a Justiça Divina
Susana é uma jovem casada que aparece em algumas versões do livro de Daniel. Abordada por dois anciãos ao banhar-se, ela resiste ao assédio e é acusada por eles de adultério. Do período tardo-antigo à pintura de Pellegrini, acompanharemos sua representação através de obras de Pinturicchio, Lotto, Tintoretto, Allori, Reni, Carracci, Rubens e Artemisia Gentileschi, entre outros.

Aula 2 – 30.7.2019
Lucrécia: o suicídio da matrona virtuosa e a queda da Monarquia Romana 
O suicídio de Lucrécia, depois de violada por Sexto Tarquínio, filho do rei, marca o início da República Romana, em 509 a.C. Serão abordados os vários sentidos da sua história, das fontes antigas à enorme popularidade do tema na pintura italiana renascentista e barroca, passando por obras de Botticelli, Lippi, Sodoma, Francia, Lotto, Tiziano, Parmigianino, Veronese e Reni, entre outros. 
  
Aula 3 – 31.7.2019
Cleópatra: política, suicídio e erotismo   
Muitas cenas da rainha egípcia Cleópatra foram representadas em obras de períodos variados. Além de uma visão panorâmica da iconografia antiga, a partir de moedas, relevos e outras obras, trabalharemos com a iconografia moderna de Cleópatra a partir dessas cenas, passando por obras de Piero di Cosimo, Michelangelo, Tiepolo, Pietro da Cortona, Artemisia Gentileschi, Reni e Cagnacci, entre outros.

Aula 4 – 1.8.2019
Judite: decapitar para salvar a cidade
O Velho Testamento nos apresenta a viúva Judite na ocasião em que sua cidade está sitiada. Após dias de cerco, ela desorganiza a invasão iminente ao seduzir e decapitar Holofernes, o grande general inimigo. Percorreremos a prolífica produção visual sobre o tema desde a Idade Média e seus sentidos, sobretudo religiosos e políticos, passando por obras de Donatello, Botticelli, Ghirlandaio, Mantegna, Michelangelo, Giorgione, Tintoretto, Lavinia Fontana, Rubens, Caravaggio e Artemisia Gentileschi. 

Aula 5 – 2.8.2019
Tomíris: rainha, bárbara e vingativa  
Segundo Heródoto, Tomíris, rainha dos masságetas, organizou a resistência de seu povo à invasão de Ciro, rei dos persas, então derrotado e morto por ela. Observaremos como a iconografia de Tomíris varia na ênfase dada ao seu caráter ou à ferocidade do seu feito, resvalando por vezes no erotismo, através de obras de Andrea del Castagno, Rubens, Mattia Pretti, Luca da Reggio e Pellegrini. 

Visita ao Acervo em transformação: 
- Guido Reni (e atêlie), Suicídio de Lucrécia, 1625-1640, doação, Príncipe George Lubomirsky, 1958
- Giovanni Antonio Pellegrini, A rainha Tomíris, de século 18, doação, Moinho Santista S.A., 1947
 

Coordenação

Juliana Ferrari Guide é mestra em Estudos da Tradição Clássica, na linha de pesquisa em História da Arte pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Seus estudos se concentram em iconografia de heroínas da Antiguidade, em pintura italiana do século 17 e em artistas mulheres que atuaram na Itália nesse período, com eventuais incursões pela tragédia clássica francesa e pela história dos debates a respeito do suicídio.

Conferencistas