Aula 1 – 6.5.2021
O papel da cultura no aprendizado do racismo
Considerando o papel dos museus e das exposições universais no século 19, propõe-se uma discussão sobre o recurso a esses meios para consolidar, especialmente entre as sociedades europeias, uma noção sobre populações “civilizadas” e “selvagens” para justificar o colonialismo. Essa é a base para abordar a forma como alguns museus brasileiros foram instrumentos de divulgação de uma pseudociência que legitimava o racismo.
Aula 2 – 13.5.2021
Criando as condições para a transformação
Da criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Estado Novo à noção de referências culturais, apresenta-se aqui uma história das políticas culturais no Brasil, da “identidade nacional” à diversidade cultural. Em seguida, serão discutidos os impactos dos movimentos sociais dos anos 1960 sobre as ciências e a cultura, como a emergência de novas abordagens sobre temas sensíveis e o surgimento da Nova Museologia, para que se compreenda de que forma foram criadas as condições para que noções arrojadas e integrais de cultura ganhassem espaço entre as décadas de 1970 e 1980.
Aula 3 – 20.5.2021
Cultura e cidadania no Brasil
Apresentação dos dispositivos da Constituição de 1988 voltados para a cultura, com ênfase para a sua articulação com os “grupos formadores da sociedade brasileira”, como as populações negra e indígena. Discussão sobre as circunstâncias que levaram à construção do texto e os esforços para colocá-lo em prática nas décadas seguintes, com ênfase nas políticas voltadas para o patrimônio imaterial. Abordagem sobre a relação entre cultura e obtenção de direitos territoriais.
Aula 4 – 27.5.2021
Propostas indígenas e quilombolas por meio do patrimônio imaterial
Análise da aplicação da política do patrimônio imaterial para indígenas e quilombolas: os casos da patrimonialização da “Tava, Lugar de Referência para o Povo Guarani” e do “Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira” e as narrativas e iniciativas que daí surgiram, como o cinema Guarani Mbyá e as ações de salvaguarda dos saberes associados à roça em meio à Mata Atlântica. Discussão sobre a importância da visibilidade dos modos de pensar e viver desses povos para o enfrentamento de questões que afligem toda a sociedade. A urgência da defesa de seus territórios e de seus projetos de sociedade.
Aula 5 – 3.6.2021
Descolonização, memória e reparação: o urgente debate sobre as persistências da escravidão e do colonialismo
Reflexão sobre as persistências da escravidão e do colonialismo e sobre a função que poderia ser desempenhada pela arte, pela cultura e pelos museus no presente. A partir do tripé descolonização, memória e reparação, discussão sobre políticas públicas voltadas para o enfrentamento dessas persistências, desde a promoção da ciência e da cultura até o acolhimento de demandas por reparação e restituição. Análise de práticas museológicas e de mobilizações que trazem para o espaço público passados difíceis de serem enfrentados. Proposição de uma história pública do colonialismo e da escravidão que seja capaz de dar conta das diversas vertentes desse debate.
David Ribeiro é historiador, doutorando em história social pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador bolsista da Fapesp. Atua nas áreas de história do Brasil, museologia e patrimônio e história afro-brasileira e indígena. Em 2014, fez um estágio de pesquisa na Biblioteca Nacional de Portugal sobre o intelectual português e curador da exposição do quarto centenário de São Paulo, Jaime Cortesão. Entre novembro de 2019 e fevereiro de 2020, pesquisou sobre a musealização do colonialismo e da escravidão e sobre a relação entre museus e sociedade no AfricaMuseum (Tervuren, Bélgica) e no Museu Internacional da Escravidão (Liverpool, Reino Unido). Foi professor da rede municipal de São Paulo e educador do Museu Afro Brasil.