O curso pretende discutir a história social das musicalidades negras no espaço Atlântico. O objetivo é refletir sobre a diáspora das culturas musicais da África Central ocidental e Austral no Brasil, como também em Cuba e São Tomé, tendo em vista a importância primordial de seu legado artístico e filosófico para a formação das culturas musicais desses países. Propõe-se divulgar resultados de uma investigação histórica em curso sobre os processos de transformação e incorporação destas musicalidades, tendo em vista a agência criativa dos músicos africanos escravizados oriundos de Angola, Congo e Moçambique que, entre os séculos 16 e 19, construíram em diáspora as bases para a músicas populares negras contemporâneas do Ocidente.
Imagem: Mario Cravo Neto, África III, 1991, doação Pirelli para coleção MASP
Aula 1 - 16/07
Por uma história social das diásporas musicais centro-africanas no Atlântico
Apresentação do curso: “Essa gunga veio de lá...” .Desfolclorizando a cultura negra, historicizando objetos, celebrando agentes e agências.
Aula 2 - 17/07
O comércio atlântico de escravizados e a formação das “nações diaspóricas”
Serão discutidas as dinâmicas de formação e transformação do sistema/espaço atlântico e seus impactos na gênese das culturas afro-americanas (séculos 16 a 19).
Aula 3 - 18/07
As diásporas musicais centro-africanas no Brasil (séculos 16 a 19)
Serão apresentados os instrumentos e musicalidades da África Central ocidental e Austral e as diásporas de “Congos”, “Angolas” e “Moçambiques” no Brasil.
Aula 4 - 19/07
As diásporas musicais centro-africanas em Cuba e São Tomé (séculos 17 a 19)
Serão abordadas as musicalidades e as instituições culturais criadas pelos centro-africanos em Cuba: cabildos, palos e cimarrones dos “congos de nación”;
e em São Tomé: a puíta, o djambi, o bulawe e o tchiloli dos “Angolares”.
Aula 5 - 20/07
Música, africanidades e africanias no sudeste escravocrata: Congo, Batuque, Jongo, Macumba e Congado
Nesta última aula, abordaremos os processos de consolidação das musicalidades afro-sudestinas nos séculos 18 e 19 e sua importância para a formação do samba urbano carioca na primeira metade do século 20.
– Esta aula será realizada no Instituto Tomie Ohtake
Rafael Galante é historiador e etnomusicólogo. Mestre e doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo, onde realiza a pesquisa: Iconografia musical do Atlântico Negro: Brasil, África Central e Austral, um inventário analítico (séculos. 16-19). Em 2014 esteve como professor visitante do Departamento de Português e Espanhol da Universidade Smith College, em Massachusetts, EUA e no segundo semestre de 2017 esteve como pesquisador visitante no departamento de História da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique.
Realizou pesquisas de campo sobre música, religião e cultura popular em comunidades quilombolas e tradicionais do Brasil, Cuba e Moçambique, investigando a presença cultural africana nos processos históricos de formação das culturas musicais e identidades afro-diaspóricas no âmbito do espaço atlântico.