Aula 1 – 19.6.2020
Representações do consentimento: quando a literatura se faz lei
Partindo de uma conhecida passagem de Os Lusíadas, A Ilha dos Amores, a aula irá analisar as considerações críticas que lhe têm sido dedicadas e o impacto dessa passagem na maneira como o estupro vem sendo compreendido juridicamente. Junto à isso, se discutirá a maneira como historicamente o feminismo foi construindo o debate sobre violência sexual.
Aula 2 – 26.6.2020
Como se narra uma cena de violação sexual?
Serão discutidas as obras nas quais claramente o estupro é tematizado, com atenção especial para produções de Rubem Fonseca, Jorge Amado e Nelson Rodrigues. A proposta será pensar a maneira como essas narrativas se constroem e as implicações de sentido pelos caminhos escolhidos.
Aula 3 – 3.7.2020
A violação como erotismo e brincadeira
O que há de comum entre Macunaíma, o herói da nossa gente, e boa parte dos nossos poemas referidos como "eróticos", "obscenos" ou "pornográficos"? Nesse momento do curso será discutida a erotização da violência de gênero na representação literária da sexualidade.
Aula 4 – 10.7.2020
Racialização dos corpos e o gênero de quem escreve
Como se comportam as narrativas ao envolver corpos brancos, negros e indígenas? Essa é a pergunta que orientará a quarta aula. Aqui, será considerada também a maneira como a representação dessa violência se dá quando escrita por mulheres.
Aula 5 – 17.7.2020
O estupro em autobiografias
A aula irá abordar o papel do estupro e do sexo nas narrativas de memórias, sobretudo nas de pessoas trans e prostitutas. O que é o estupro para quem faz do sexo um trabalho? O que é o estupro para quem tem seu corpo entendido como "feito para o sexo"?
Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp, com tese sobre as indeterminações de sentido no Ulysses de James Joyce, autora do livro autobiográfico E se eu fosse puta (hoo editora, 2016) e do capítulo "Destino Amargo" no livro Vidas trans – A coragem de existir (Astral Cultural, 2017). Além disso, Amara publica artigos de crítica literária feminista e sobre a presença trans na literatura.