MASP

Ancestralidade e historicidade

27.5.2023
SÁBADO
10H30 – 17H
ONLINE

No dia 27 de maio de 2023, o MASP Professores vai promover o encontro Ancestralidade e historicidade, que será uma oportunidade para dialogar sobre as relações indígenas com os antepassados e as suas experiências históricas, bem como sobre a relevância dos mais velhos para a manutenção de saberes, valores e modos de vida.

Este é o segundo encontro do ciclo curatorial dedicado às Histórias indígenas ao longo do ano de 2023, do qual também farão parte os seguintes encontros:

24.6 | Terra, corpo e território
19.8 | Bem viver (presencial)
16.9 | Direitos e cosmopolíticas
25.11 | Aldear o mundo (presencial)

CRONOGRAMA
10h30 – 13h30: mesa redonda
13h30 – 15h: intervalo
15h – 17h: conferência

Público: Profissionais da área da educação, especialmente docentes e estudantes de licenciaturas, e pessoas interessadas em geral.

Atividade gratuita, online, com tradução simultânea para Libras e transmitida ao vivo pelo YouTube do MASP. 

Debate com as pessoas convidadas (12h – 13h30 e 16h – 17h) e emissão de certificado de participação reservados às pessoas inscritas.

Quaisquer dúvidas e solicitações podem ser encaminhadas para professores@masp.org.br.

CONVIDADOS
Mesa redonda: Dauá Puri, Tiago Nhandewa e Werá Alexandre. 
Conferência: Yakuy Tupinambá.

Vagas limitadas


PROGRAMA

10H30 – 13H30
Mesa redonda

DAUÁ PURI
Nós sempre estivemos aqui: os Puri

A fala vai discorrer sobre o material que deu subsídios para contrapor o questionamento feito na cidade do Rio de Janeiro de que os Puri não existiam mais, discurso este que faz parte de um processo de apagamento das identidades indígenas no Sudeste. A invisibilidade dos Puri e de tantos outros povos indígenas servia de argumento para roubar as suas terras e exilar os povos, destinando-os à marginalização e fazendo muitos sentirem vergonha de suas origens. Diante disso, a fala de Dauá Puri vai apresentar a cultura dos ancestrais, a cultura do bem viver com a terra, do ser feliz com a terra e com o cantar dos pássaros, o que se contrapõe à sociedade doentia da morte da natureza, a uma vida carcerária dos vícios e das opressões do ter, à negação do ser divino que habita esses corpos que eram livres até a chegada de outros povos em Pindorama.

TIAGO NHANDEWA
A sabedoria dos nossos ancestrais nos une e nos fortalece

Os povos indígenas de modo geral, tem grande respeito e apreço pelas pessoas mais velhas de sua comunidade, porque são elas as portadoras dos conhecimentos milenares. Desde cedo as crianças aprendem a importância de um ancião ou uma anciã para manutenção cultural, para o ensinamento da língua materna, para a transmissão das histórias, os ensinamentos sobre a religião, o surgimento do mundo na cosmovisão indígena, e tudo aquilo que dá sentido a existência do seu povo. Na cultura Guarani, seja do grupo Nhandewa, Mbyá ou Kaiowá, os Nhaneramõi kwery (os anciãos) e Djaryi kwery (as anciãs), possuem papel fundamental na dinâmica social, cultural e religiosa do tekoá (aldeia). As pessoas quando querem se aconselhar; que um sonho seja interpretado; uma orientação espiritual, procuram essas pessoas. São eles os principais responsáveis pela coesão e pela resistência do grupo. 

WERA ALEXANDRE
Conhecimento através da lente 

A produção de documentários indígenas não serve somente para o compartilhamento do conhecimento milenar do povo guarani com o público não indígena. Esta produção serve também para o registro e a salvaguarda de referências fundamentais dos Guarani, bem como para o mais importante: o autoconhecimento. 

13H30 – 15H
Intervalo


15H – 17H
Conferência


YAKUY TUPINAMBÁ
Uma proposta de ação pelo renascimento da humanidade

O Coletivo Levanta Zabelê propõe ensinar e educar com a nossa percepção do entorno e, através da proposta Útero Amotara-Zabelê, dialogar e desenvolver. Nossas essências originárias, ou saberes ancestrais, transmitidos pela tradição oral dos povos originários, nos ensinam que tudo são ciclos, e quando completados surgem novos ciclos, sejam renovados ou transformados. Assim a proposta do Útero Zabelê incorpora a renovação dentro do processo de aprendizagem e evolução. Com sua formação cultural e holística transcendental, há o entendimento de que são capazes de praticar ações que possuem a capacidade de reverberar em todo o planeta. Todos os povos possuem pensadores e filósofos, que analisam, criticam, e apontam soluções; só precisam ser escutados. Agora, chegou nossa vez de propor e solucionar.  

Vídeos

Participantes

DAUÁ PURI
É nascido no Rio de Janeiro, graduado em Educação do Campo pela Universidade Federal de Viçosa, na cota indígena da etnia Puri. É arte-educador, contador de histórias e músico. Como escritor, publicou Alkeh Poteh (Poeira de Luz), bilíngue, primeiro livro com textos escritos na língua puri, assim como Chagas Abertas da América (2005), Histórias boas de contar índios - contos nativos (2006), O Vagalume e a Estrela (2008) e Contos e Causos do Espraiado (2009). Finalista do Prêmio Sim de Igualdade Racial em 2021, também realiza atividades nos museus do Amanhã, Villa-Lobos e no MAM-Rio, no projeto Amazônia em Pé, bem como profere palestras em universidades e escolas. Lançou o álbum musical Dauá canta em Puri e o videoclipe Oera em defesa do rio Paraíba do Sul. É idealizador do Museu da Cultura Puri e do site Centro de Memória do Povo Puri.

TIAGO NHANDEWA
É Guarani Nhandewa, nascido na Aldeia Laranjinha, em Santa Amélia, PR. Morou nas aldeias Bananal (Peruíbe, SP), Nimuendaju e Tereguá, ambas em Avaí, SP. Formado em Pedagogia Intercultural (FISPI/USP) e Pedagogia convencional pela Unisagrado, é também especialista em Antropologia pela Unisagrado, mestre em Antropologia Social pela USP e graduado em História pela UniCesumar. Atualmente é doutorando em Antropologia Social na USP e pós-graduando em Administração Pública na UniCesumar. Foi membro do Núcleo de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (2009-2015) e é cofundador do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas do Estado de São Paulo. Integrante do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA/USP) e autor do livro de literatura indígena Quando eu caçava tatu e outros bichos (2020).

WERÁ ALEXANDRE
É Guarani Mbyá, nascido em território tradicional guarani e atualmente residente na Tekoa Ara Poty, em Chapecó, SC. Trabalha há mais de dez anos na produção de documentários e no ensino do audiovisual, promovendo a formação de novos realizadores guarani. Também atuou como responsável pela comunicação na CGY, Comissão Guarani Yvyrupa. 

YAKUY TUPINAMBÁ
A mestra dos saberes Yakuy Tupinambá é anciã da comunidade Tupinambá de Olivença (Ilhéus, BA). Nascida em 1960 na região da Serra do Padeiro, às margens do Rio Una, ela aprendeu os saberes e viveres indígenas ouvindo os relatos de sua avó-mãe de criação e de outros anciãos de sua comunidade. Ela é autora de diversos textos, grande parte disponível na rede indiosonline.net, e é também comunicadora e colaboradora-colunista da Rádio Yandê. Foi palestrante na Academia Brasileira de Letras e ministrou o curso de extensão em Filosofia Indígena Escutar o Outro na UFRJ. Seu trabalho mais relevante na atualidade é o Útero Amotara Zabelê, a primeira escola de filosofia indígena no mundo.