O primeiro encontro do programa MASP Professores em 2023 tem como assunto os modos indígenas de ver, estar e sentir o mundo, abrangendo as diferentes formas de construção dos conhecimentos e das relações estabelecidas com as pessoas e a natureza. Esse diálogo com indígenas é essencial para que a voz desses povos chegue a diferentes espaços, especialmente os museus, as salas de aula e os demais territórios da educação.
Este encontro é parte do ciclo curatorial dedicado às Histórias indígenas ao longo do ano de 2023, do qual também farão parte os seguintes encontros:
27.5 | Ancestralidade e historicidade
24.6 | Terra, corpo e território
19.8 | Bem viver (presencial)
16.9 | Direitos e cosmopolíticas
25.11 | Aldear o mundo (presencial)
CRONOGRAMA
10h30 – 13h30: mesa redonda
13h30 – 15h: intervalo
15h – 17h: conferência
Público: profissionais da área da educação, especialmente docentes e estudantes de licenciaturas, e pessoas interessadas em geral.
Atividade gratuita, online, com tradução simultânea para Libras e transmitida ao vivo pelo YouTube do MASP.
Debate com as pessoas convidadas (12h – 13h30 e 16h – 17h) e emissão de certificado de participação reservados às pessoas inscritas.
Quaisquer dúvidas e solicitações podem ser encaminhadas para professores@masp.org.br.
CONVIDADOS
Mesa redonda: Gersem Baniwa, Marcos Tupã e Susilene Kaingang.
Conferência: Alberto Alvares.
Vagas limitadas
10H30 – 13H30
Mesa redonda
GERSEM BANIWA
Ver, ser, estar e sentir o mundo: diversidade de lógicas e saberes
A fala tratará da diversidade de experiências de ser, fazer, ver, estar, sentir e viver o mundo no mundo dos povos indígenas; da diversidade de exercício da razão e do pensamento; da diversidade de sistemas e regimes de conhecimento; da diversidade de histórias, cosmovisões, ontologias e epistemologias. Essa diversidade de saberes, fazeres e modos de viver milenares continuam sendo vividos desde muito antes da invasão europeia e muitos deles nunca foram alcançados pela colonização e, portanto, continuam como saberes, fazeres e modos de viver não coloniais, não colonizados. A produção, a transmissão e o uso desses conhecimentos seguem diferentes lógicas, sentidos e significados e com outras formas e sentidos de relações com as pessoas, com a natureza e com o mundo, daqueles praticados e significados pela escola e pela academia ocidental.
MARCOS TUPÃ
Território e cosmopolíticas
Na visão do povo Guarani, a terra não tem fronteiras e o continente América do Sul é, como um todo, a terra das ancestralidades indígenas. Nesta terra, o povo Mbya Guarani viveu uma experiência histórica com os jesuítas e resistiu à perseguição dos bandeirantes, travou uma guerra contra as coroas ibéricas, resistiu às catequeses, à ditadura militar e à política integracionista do Estado brasileiro. Essa resistência foi fundamental para a permanência em seu território marcado pela Mata Atlântica. Ao apresentar essa história, Marcos Tupã falará sobre a visão de mundo guarani, sobre como Nhanderu gerou o universo e de como a espiritualidade é importante para a travessia do grande mar e do encontro da “Terra sem Males”.
SUSILENE KAINGANG
A nossa ancestralidade é o que nos faz resistir
Em sua fala, Susilene Kaingang abordará sobre as vivências cotidianas no território de seu povo sobre a força da espiritualidade que mantém os Kaingang vivos. Nesse sentido, vai discorrer sobre a relevância do Museu Worikg, criado e gerido pelos Kaingang no interior da Terra Indígena Vanuíre (Arco Íris, SP), para a manutenção de seus modos de vida e da sua espiritualidade.
13H30 – 15H
Intervalo
15H – 17H
Conferência
ALBERTO ALVARES
Cinema e Educação: uma ferramenta pedagógica no ensino intercultural
O cinema é uma ferramenta que registra a memória dos mais velhos(as) dentro do nosso “Tekoha”. O cinema nos ajuda a fortalecer a nossa oralidade e transmissão dos nossos saberes coletivos. O uso de documentários etnográficos em sala de aula é uma estratégia de ensino que potencializa as narrativas dos olhares indígenas através da valorização e representatividade cultural. Utilizando com os alunos a metodologia de pesquisa das narrativas de registro audiovisual no território, seguimos lutando pelo fortalecimento e continuidade do nosso modo de viver em nosso espaço sagrado.