MASP

Ver, estar e sentir o mundo

15.4.2023
SÁBADO
10H30 – 17H

O primeiro encontro do programa MASP Professores em 2023 tem como assunto os modos indígenas de ver, estar e sentir o mundo, abrangendo as diferentes formas de construção dos conhecimentos e das relações estabelecidas com as pessoas e a natureza. Esse diálogo com indígenas é essencial para que a voz desses povos chegue a diferentes espaços, especialmente os museus, as salas de aula e os demais territórios da educação.

Este encontro é parte do ciclo curatorial dedicado às Histórias indígenas ao longo do ano de 2023, do qual também farão parte os seguintes encontros:

27.5 | Ancestralidade e historicidade
24.6 | Terra, corpo e território
19.8 | Bem viver (presencial)
16.9 | Direitos e cosmopolíticas
25.11 | Aldear o mundo (presencial)

CRONOGRAMA
10h30 – 13h30: mesa redonda
13h30 – 15h: intervalo
15h – 17h: conferência

Público: profissionais da área da educação, especialmente docentes e estudantes de licenciaturas, e pessoas interessadas em geral.

Atividade gratuita, online, com tradução simultânea para Libras e transmitida ao vivo pelo YouTube do MASP. 

Debate com as pessoas convidadas (12h – 13h30 e 16h – 17h) e emissão de certificado de participação reservados às pessoas inscritas.

Quaisquer dúvidas e solicitações podem ser encaminhadas para professores@masp.org.br.

CONVIDADOS
Mesa redonda: Gersem Baniwa, Marcos Tupã e Susilene Kaingang.
Conferência: Alberto Alvares.

Vagas limitadas


PROGRAMA

10H30 – 13H30
Mesa redonda


GERSEM BANIWA
Ver, ser, estar e sentir o mundo: diversidade de lógicas e saberes

A fala tratará da diversidade de experiências de ser, fazer, ver, estar, sentir e viver o mundo no mundo dos povos indígenas; da diversidade de exercício da razão e do pensamento; da diversidade de sistemas e regimes de conhecimento; da diversidade de histórias, cosmovisões, ontologias e epistemologias. Essa diversidade de saberes, fazeres e modos de viver milenares continuam sendo vividos desde muito antes da invasão europeia e muitos deles nunca foram alcançados pela colonização e, portanto, continuam como saberes, fazeres e modos de viver não coloniais, não colonizados. A produção, a transmissão e o uso desses conhecimentos seguem diferentes lógicas, sentidos e significados e com outras formas e sentidos de relações com as pessoas, com a natureza e com o mundo, daqueles praticados e significados pela escola e pela academia ocidental.

MARCOS TUPÃ
Território e cosmopolíticas

Na visão do povo Guarani, a terra não tem fronteiras e o continente América do Sul é, como um todo, a terra das ancestralidades indígenas. Nesta terra, o povo Mbya Guarani viveu uma experiência histórica com os jesuítas e resistiu à perseguição dos bandeirantes, travou uma guerra contra as coroas ibéricas, resistiu às catequeses, à ditadura militar e à política integracionista do Estado brasileiro. Essa resistência foi fundamental para a permanência em seu território marcado pela Mata Atlântica. Ao apresentar essa história, Marcos Tupã falará sobre a visão de mundo guarani, sobre como Nhanderu gerou o universo e de como a espiritualidade é importante para a travessia do grande mar e do encontro da “Terra sem Males”. 

SUSILENE KAINGANG
A nossa ancestralidade é o que nos faz resistir

Em sua fala, Susilene Kaingang abordará sobre as vivências cotidianas no território de seu povo sobre a força da espiritualidade que mantém os Kaingang vivos. Nesse sentido, vai discorrer sobre a relevância do Museu Worikg, criado e gerido pelos Kaingang no interior da Terra Indígena Vanuíre (Arco Íris, SP), para a manutenção de seus modos de vida e da sua espiritualidade.
 
13H30 – 15H
Intervalo


15H – 17H
Conferência


ALBERTO ALVARES
Cinema e Educação: uma ferramenta pedagógica no ensino intercultural

O cinema é uma ferramenta que registra a memória dos mais velhos(as) dentro do nosso “Tekoha”. O cinema nos ajuda a fortalecer a nossa oralidade e transmissão dos nossos saberes coletivos. O uso de documentários etnográficos em sala de aula é uma estratégia de ensino que potencializa as narrativas dos olhares indígenas através da valorização e representatividade cultural. Utilizando com os alunos a metodologia de pesquisa das narrativas de registro audiovisual no território, seguimos lutando pelo fortalecimento e continuidade do nosso modo de viver em nosso espaço sagrado.

Participantes

ALBERTO ÁLVARES
Cineasta indígena Guarani Nhandewa, nascido na aldeia Porto Lindo, Mato Grosso do Sul, é mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da UFF (2019). Mora no Rio de Janeiro desde 2010, período em que começou a se dedicar ao audiovisual como realizador e formador. Graduado em Licenciatura Intercultural para Educadores Indígenas pela Faculdade de Educação da UFMG, foi professor de audiovisual na formação de cineastas indígenas em diversas comunidades. É também professor e tradutor de Guarani e ministrou diversas oficinas de audiovisual e fotografia para indígenas e não indígenas por meio de instituições como a UFF, o Itaú Cultural, o IMS, entre outras. De suas realizações fazem parte O último sonho, Guardião das Memórias e Canto da Terra, bem como o especial Falas da Terra, exibido pela TV Globo em 2021, do qual foi um dos autores.   

GERSEM BANIWA
Indígena do povo Baniwa da Terra Indígena Alto Rio Negro. Tem graduação em Filosofia pela UFAM e é mestre e doutor em Antropologia Social pela UnB, universidade em que hoje atua como professor no Departamento de Antropologia. Antes disso, foi professor no Departamento de Educação Escolar Indígena da Faculdade de Educação da UFAM, instituição em que coordenou o Curso de Formação de Professores Indígenas e foi diretor de Políticas Afirmativas. Baniwa também foi Gerente Técnico de Projetos Demonstrativos do Ministério do Meio Ambiente, membro do Conselho Nacional de Educação e Secretário Municipal de Educação de São Gabriel da Cachoeira. Presidiu o Centro Indígena de Estudos e Pesquisas e foi coordenador geral de Educação Escolar Indígena do MEC. Ele também dirigiu a FOIRN e foi coordenador geral da COIAB.

MARCOS TUPÃ
Marcos dos Santos Tupã é indígena do povo Guarani Mbyá, nascido em 1970 na aldeia do Ribeirão Silveira, Bertioga. Foi coordenador da Comissão Guarani Yvyrupá por dois mandatos consecutivos e fez parte da representação guarani na equipe de transição do governo Lula. Atualmente, é cacique da aldeia Boa Vista do Sertão do Promirim, localizada em Ubatuba, no litoral norte paulista.

SUSILENE KAINGANG
Indígena do povo Kaingang, nasceu e vive na Terra Indígena Vanuíre, em Arco Íris, oeste do estado de São Paulo. É artesã e também curadora e gestora do Museu Worikg [Sol Nascente], situado em sua aldeia.