O seminário ‘Histórias da dança’ é a primeira parte de um projeto de longo prazo que se desdobrará em toda a programação dedicada ao tema no MASP, em 2020. Durante um ano, o museu realizará exposições, oficinas, palestras e publicações que pensem e levantem questões sobre as relações, os cruzamentos e os diálogos entre artes visuais e dança através dos tempos.
Com a participação de pesquisadores, críticos e historiadores da arte, coreógrafos, bailarinos e curadores, o seminário vai estimular a reflexão e a discussão sobre as formas como a dança tem sido representada e apropriada pelas artes visuais, além de abordar a ressonância das propostas de bailarinos e coreógrafos com as de outros artistas.
Organização: Adriano Pedrosa, André Mesquita e Olivia Ardui
[The seminar Histories of Dance is the first part of a long-term project to be unfolded during the whole program dedicated to this theme to be held at MASP in 2020. It will then include exhibitions, workshops, conferences, and publications around the relations, intersections, and dialogues between visual arts and dance over different times.
Counting on the participation of researchers, art critics, art historians, choreographers, dancers, and curators, the seminar is part of the cycle Histories of Dance, programmed for 2020 in MASP, in addition to being the first public presentation of the project.
Organization: Adriano Pedrosa, André Mesquita, and Olivia Ardui.]
INSCRIÇÕES GRATUITAS NO DIA
A distribuição de ingressos será realizada duas horas antes do seminário, na bilheteria do museu. Para receber o certificado, é necessário o cadastro do e-mail e do nome completo e a apresentação de um documento oficial, no dia do evento. O certificado será enviado depois por correio eletrônico.
[FREE INSCRIPTIONS ON THE DAY OF THE EVENT
Tickets will be available two hours before the seminar at the Museum’s box office. In order to get a certificate, one has to register providing e-mail address and full name, as well as to present an official document on the day of the event. Certificates will be sent over e-mail to the address previously registered.]
10h – 10h30
Introdução com Adriano Pedrosa
10h30 – 12h30
THOMAS J. LAX | Todos juntos agora
Por que dizemos “dança” quando na verdade queremos dizer “cuidado”, “precariedade”, “boca a boca” ou “inundação”? Uma discussão sobre três projetos recentes relacionados à “dança” realizados no MoMA, em Nova York: a exposição Judson Dance Theater: The Work is Never Done, co-organizada com Ana Janevski e Martha Joseph; o livro Modern Dance: Ralph Lemon; e um trabalho não comprável de Arthur Jafa.
ISMAEL IVO | Eat me up! – performance como canibalismo cultural
Pretendo, nesta apresentação, expor minha trajetória e experiência. Costumo me chamar de “artista antropófago”, alguém que sai em busca de assimilar o maior número de informações, técnicas e experiências para desenvolver uma identidade própria; grandes bailarinos e coreógrafos de vários estilos, mestres de linguagem como Kazuo Ohno, provenientes da dança e do teatro. O meu interesse e fascínio com as artes visuais me levaram a encontrar com artistas como Yoko Ono, Marina Abramović, o fotógrafo Robert Mapplethorpe e tantos outros.
CARMEN LUZ | As imagens negras da dança
Esta apresentação refletirá sobre a persistência de relações coloniais no mundo da dança e respostas de artistas negras e negros a esse quadro. Alguns eixos que atravessam vida e trabalho desses artistas são a ancestralidade, a espiritualidade, a exploração, a opressão, a exclusão, a estereotipia, a reinvenção diaspórica, a luta por “representações justas” do corpo negro e o acesso aos espaços e status historicamente negados. A apresentação abordará criticamente as obras desses artistas e suas histórias repletas de anseios de visibilidade, estratégias de sobrevivência e reivindicações por reconhecimento. Essas são questões que hoje mobilizam muitos esforços com vistas a tornar real, permanente e ampliada a presença, a participação e a perspectiva de artistas negras e negros na pesquisa acadêmica e no ensino formal, no pensamento, na produção e na recepção da dança cênica.
14h – 16h
MATHIEU COPELAND | Coreografando exposições
Coreografar uma exposição é encarar a elaboração de uma exposição pelo prisma da coreografia, através de termos que compõem uma exposição: partitura, corpo, espaço, tempo e memória. Fazer a curadoria de uma exposição envolve a partitura que torna possível sua realização, os corpos que fazem com que ela aconteça, o local que ela habita, o tempo tomado para sua experiência e a memória que permanece depois de encerrado o período de visitação. Coreografar uma exposição é afirmar uma crítica dos “objetos” (de arte) e do “objeto” criado como resultado de uma acumulação de objetos. Coreografar uma exposição é imaginá-la como uma exposição num dado momento no tempo e também como uma exposição de um determinado momento de tempo. Coreografar uma exposição é confrontar a natureza efêmera dos movimentos. A materialidade de um gesto traz à baila a questão da memória de uma obra de arte e, assim, também de sua exposição.
CLÁUDIA MÜLLER | Deslocamentos da dança contemporânea: por uma condição conceitual
Esta discussão focaliza o diálogo entre dança contemporânea e artes visuais a partir dos anos 1990 e das novas configurações e discussões presentes nos trabalhos de criadores que transitam entre esses dois campos. Procura pensar a dança como arte contemporânea, indagando a si mesma sobre sua condição: o que a constrói e define nesses termos. As relações entre dança contemporânea e o conceitualismo são traçadas observando obras que, abandonando o formalismo e o puro exercício da estética, propõem-se a acrescentar algo em termos de concepção da arte e questionar sua própria natureza. Repensar as convenções da própria dança, o modelo de espetáculo, os espaços e formas de visibilidade são as principais questões investigadas. Especificamente, serão abordados os trabalhos de Wagner Schwartz (Volta Redonda, 1972-) e a produção artística da própria autora para pensar essas relações, reivindicando uma condição conceitual da dança contemporânea nesses trabalhos.
JULIA BRYAN-WILSON | Listar, desenhar, rabiscar / Andar, caminhar, correr
Esta apresentação pesquisa o uso diverso da partitura na dança das décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos para expressar um movimento pedestre. Observando como uma série de coreógrafos fazia notações de suas ações, usando a partitura tanto como uma ferramenta de composição quanto auxílio da memória, Julia Bryan-Wilson discute como movimentos “cotidianos” foram rastreados, retratados e absorvidos nos discretos mundos tanto da arte quanto do esporte.
CARMEN LUZ
Artista da dança, teatro e cinema. Compõe, atua e dirige obras cênicas presenciais (de dança, teatro e performance) e realizações audiovisuais (cinema-documentário, vídeos de dança e instalação). Atua também profissionalmente como pesquisadora independente, consultora e docente na área audiovisual e em práticas contemporâneas de dança e teatro. Pesquisa as pessoas afrodescendentes, suas produções artísticas e culturais. Trabalha atualmente na pesquisa e desenvolvimento de seu próximo documentário sobre mulheres negras brasileiras na dança. É fundadora, diretora artística e coreógrafa da Cia. Étnica de Dança e Teatro, desde 1994.
CLÁUDIA MÜLLER
Artista com projetos desenvolvidos em dança, performance e vídeo. Doutoranda e Mestre em Artes pela UERJ (2012). Professora do curso de Dança da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atuou em companhias de dança em São Paulo, Rio de Janeiro e na Alemanha (1990-2000). Em 2000, começou a desenvolver seus próprios trabalhos, apresentados em festivais e centros de arte no Brasil, América do Sul, Europa e África. Em 2017, fez parte da equipe de curadoria da Bienal Sesc de Dança, sendo responsável pelas ações formativas do evento. Foi co-curadora do evento Modos de Existir 8: dançando com artistas-etc no Sesc Santo Amaro em 2018.
JULIA BRYAN-WILSON
Professora de arte contemporânea na University of California, Berkeley, onde também dirige o Arts Research Center. É autora de três livros, sendo o mais recente deles Fray: Art and Textile Politics, vencedor do Robert Motherwell Book Award de 2018. Bryan-Wilson escreveu vários artigos influentes sobre dança, incluindo “Practicing Trio A” e “Simone Forti Goes to the Zoo”, ambos publicados na revista OCTOBER. Em 2018-19, atua como professora visitante Robert Sterling Clark no Williams College.
ISMAEL IVO
Diretor artístico do Balé da Cidade de São Paulo. É protagonista da cena europeia de dança-teatro, foi coreógrafo de Márcia Haydée e colaborou com Pina Bausch. De 1997 a 2000, dirigiu a companhia de dança do Teatro Nacional Alemão em Weimar. É um dos fundadores do ImPulsTanz – Festival Internacional de Dança de Viena. Entre 2005 e 2012, foi diretor do Festival Internacional de Dança Contemporânea e do Departamento de Dança da Bienal de Veneza, onde fundou o Centro de Pesquisa de Dança Contemporânea Arsenale della Danza. Também atuou como professor na Universidade de Música e Artes Cênicas de Viena e na Universidade Livre de Berlim.
MATHIEU COPELAND
Curador independente freelancer desde 2003, Copeland foi responsável pela curadoria das exposições VOIDS, A Retrospective, no Centro Pompidou em Paris e na Kunsthalle em Berna, além de editar a célebre antologia VOIDS. Entre várias outras exposições, realizou as curadorias de A Choreographed Exhibition, Soundtrack for an Exhibitiona (2006), Alan Vega (2009), Gustav Metzger (2013) e A Mental Mandala (2013). Ele deu início e fez a curadoria da série A Spoken Word Exhibitions (2007), Reprise (2011 – em andamento) e Exhibitions to Hear Read (2010 – em andamento, apresentada em 2013 no MoMA, em Nova York). Copeland também editou Choreographing Exhibitions, uma antologia e publicação-manifesto aclamada pela crítica. Em 2017, foi co-editor da antologia radical The Anti-Museum.
THOMAS J. LAX
Curador associado de mídia e performance no MoMA desde 2014. Recentemente, co-organizou a exposição Judson Dance Theater: The Work is Never Done (2018), além de organizar ou co-organizar projetos como Modern Dance: Ralph Lemon (2016) e Maria Hassabi: PLASTIC (2016), entre outros. Anteriormente, trabalhou no Studio Museum no Harlem, onde organizou diversas exposições. Thomas escreve regularmente para uma série de publicações, faz parte do conselho do Danspace Project e integra o corpo docente do Instituto de Prática Curatorial em Performance no Center for the Arts da Wesleyan University. É formado em estudos africanos e história da arte pela Brown University e pela Columbia University.