Durante seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, João Baptista da Costa entrou em contato com a pintura realista e passou a fazer representações da paisagem brasileira. Sua produção destacava-se pela utilização de jogos cromáticos, buscando reproduzir as condições luminosas observadas na cena, como vemos em Igrejinha no morro, uma vista da Igrejinha de Copacabana iluminada pelo pôr do sol. A construção foi demolida em 1918, deu nome à praia onde estava localizada e foi amplamente registrada por fotógrafos, como Marc ferrez (1843-1923) e Augusto Malta (1864- 1957), que acompanhavam as mudanças urbanas do Rio de Janeiro na passagem do século 19 para o 20. O local já havia sido interpretado por Baptista da Costa anteriormente e ganha contornos singulares graças ao protagonismo dado aos efeitos atmosféricos gerados pela luz. A vegetação à frente é definida por múltiplas nuances de verde que vão escurecendo ao centro do quadro. No céu ao fundo, nuvens em tons arroxeados alongadas horizontalmente indicam a transição do dia para a noite. As incidências luminosas deste momento tornam difusos os contornos do conjunto de morros, do mar e da igreja. A atenção às diferentes recepções de luz entre planos reforça o papel da observação direta na composição da cena e fornece, junto às fotografias, um registro momentâneo de uma paisagem que deixou de existir.
— Laura Sapucaia, estagiaria da curadoria, 2023