Ainda menino, Antonio Parreiras foi matriculado como interno no Liceu Popular de Niterói por sua família, que não via com bons olhos sua vocação artística. Em 1882, após a morte do pai, ingressou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde, largou a Academia para ser aluno do curso livre de pintura de Georg Grimm (1846-1887), em Niterói. Realizou sua primeira exposição em 1886. Frequentou a Accademia di Belle Arti em Veneza, retornando ao Brasil como professor de paisagem da Escola Nacional de Belas Artes, cargo do qual se afastou posteriormente para fundar a Escola do Ar Livre. Conhecido como pintor de paisagens, tendo como principais temas o campo, as florestas tropicais e marinhas, Parreiras também desenvolveu um repertório de retratos, nus e cenas históricas, como é o caso de Iracema (1909), que pertence ao MASP. Nessa pintura, o artista retratou o desfecho da obra literária de mesmo nome, escrita em 1865 por José de Alencar (1829-1877). Iracema, a heroína indígena, aparece sofrendo ao ser abandonada por seu amante europeu. A figura deriva das imagens da Madalena penitente no deserto e não apresenta feições indígenas. A escolha desses modelos indica o caráter trágico e violento do choque entre o colonizador e o colonizado na formação do Brasil.
— Equipe curatorial MASP, 2017
Personagem das mais célebres e bem-sucedidas da literatura romântica no Brasil, Iracema é a heroína indígena que dá nome ao romance do mesmo nome de José de Alencar, publicado em 1865. A personagem já fora em 1884 tema do mais conhecido quadro do pintor português José Maria de Medeiros (1849-1926), hoje no MNBA. Ao contrário de Medeiros e do indianismo pictórico em geral, Parreiras não demonstra interesse algum pela caracterização exótica da personagem, que aparece aqui na cena final do romance, imersa na dor do abandono.
— Autoria desconhecida, 1998