MASP

Victor Meirelles

Moema, 1866

  • Autor:
    Victor Meirelles
  • Dados biográficos:
    Florianópolis, Brasil, 1832-Rio de Janeiro, Brasil ,1903
  • Título:
    Moema
  • Data da obra:
    1866
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    130 x 196,5 x 3 cm
  • Aquisição:
    Doação Indústrias Químicas e Farmacêuticas Schering S.A., 1949
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00267
  • Créditos da fotografia:
    Alexandre Leão

TEXTOS


Por Kássia Borges Karajá
Querer estar num lugar e num momento que não é o seu é o fio que liga Moema ao seu tempo. Idealizada na cor da pele, no corpo curvilíneo sensual, em volta de uma natureza bela e organizada, a obra mostra uma visão romântica de alguém que nunca sentiu o que é o cheiro e o sofrimento de um colonizado. Quem já adentrou uma floresta ou aldeia (só para lembrar que nem todo indígena vive na floresta) e conviveu com os povos originários poderia entender que o amor que mata é uma invenção dos não-indígenas. Viver na floresta, na aldeia, ou fora do mundo branco, requer um outro tipo de poesia e de sobrevivência. Nesta cena não houve beleza nas imperfeições. Aqui se morre de susto, de bala ou de vício. A verdade não está nas penas cobrindo a púbis de Moema, nem nos cabelos negros (como se estivesse dormindo para enganar ou negar a violência sofrida), tampouco no inconsciente de Victor Meirelles com suas possíveis "boas intenções", mas no que não foi dito ou colorido a tinta à óleo. A verdade está nas hostilidades que vieram antes, durante e depois. O desrespeito e as mortes das mulheres nativas que ainda existem e persistem são imagens e memórias que estão cravadas nos nossos sonhos e pesadelos mais íntimos. Isso implica no jogo hipotético do que vemos face ao que nos olha e não conseguimos enxergar. Essa imagem, contudo, nos concede uma objetividade, a de construir e sonhar nossos próprios devaneios e vontades. Queremos despertar nossas dores verdadeiras para um público aberto a sonhar outras possibilidades.

— Kássia Borges Karajá, Curadora-Adjuntos de arte indígena, 2022



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