Nessa dupla de trabalhos produzidos no mesmo dia, Leonilson retrata, com diferentes técnicas de desenho, o icônico edifício do MASP, com as colunas ainda em concreto armado aparente, sem a pintura em vermelho que passou a impermeabilizar a estrutura a partir de 1991. Os desenhos são do período inicial de formação do artista, que tinha apenas 23 anos de idade, e foram realizados no mesmo ano em que ele abandonou a licenciatura em Educação Artística na Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) em São Paulo. Naquele ano Leonilson passou a frequentar as aulas abertas do Aster, um centro de estudos no Pacaembu que se destacava por uma abordagem mais experimental e inovadora das artes visuais, conduzidas por Donato Ferrari, Julio Plaza, Regina Silveira e Walter Zanini. Esses desenhos podem ser um exercício desses cursos, nos quais alunos e professores tinham uma relação de proximidade, compartilhando semanalmente seus trabalhos e experiências. Ambas as imagens demonstram uma preocupação formal de representação da incidência de luz e sombra no prédio do museu, elemento abordado a partir de duas técnicas diferentes. Na versão aquarelada, são os retângulos coloridos justapostos que estruturam a composição e indicam a projeção do sol no edifício, conferindo profundidade e vivacidade à cena. Já o desenho feito à caneta, em contrapartida, constitui-se por meio da hachura, técnica na qual a diferente concentração de linhas paralelas cria efeitos de luz e sombra em trabalhos com ausência de cor.
— Danilo Cavalcante, estágiario, MASP, 2023