De Dentro e de Fora, a exposição de arte urbana inaugurada em agosto no MASP, ocupa mais um espaço do lado de fora do museu com Acampamento Ersília, instalação da artista Swoon que pode ser vista, tocada e percorrida pelo público até 14 de dezembro de 2011. Durante dois sábados, a artista guiou algumas visitas pela obra a quem quisesse ver de perto sua provocação traduzida em propostas para sobreviver melhor às grandes cidades. Inspirada em Ítalo Calvino, que em seu Cidades invisíveis relatou cidades imaginárias como Ersília, a street artist norte-americana projetou sua obra em cerca de 150m² para estimular outras idéias e soluções para a vida urbana.
Swoon dá continuidade à proposta da curadoria de expandir a experiência do público para além do museu. Ali, além de uma pequena casa de madeira*, ou “casa de idéias”, erguem-se outras construções feitas de diversos materiais reciclados, recortados, desenhados e folheados pelas gravuras da artista.
Até 14 de dezembro o Acampamento Ersília incluirá eventos que refletem o trabalho de pessoas e entidades que inspiraram o projeto. Sem pretensão de agente de resolução social, a intervenção quer, sim, ativar grupos para que haja continuidade das ações propostas mesmo depois de encerrada a mostra.
Desde agosto São Paulo tem recebido intervenções de alguns dos mais importantes nomes da street art mundial. Os franceses Invader e JR, o tcheco Point e os argentinos Chu, Dec e Tefi, todos integrantes da mostra de arte urbana internacional De Dentro e De Fora (www.dedentroedefora.com), em cartaz no MASP e imediações até 23 de dezembro, já deixaram suas marcas por vários pontos da cidade, além das obras expostas no museu. Várias atividades estão programadas para os próximos meses, dando continuidade ao projeto concebido por Baixo Ribeiro, Eduardo Saretta e Mariana Martins em conjunto com o curador do MASP Teixeira Coelho.
* A casa foi cedida por Um Teto para meu País (UTPMP), organização sem fins lucrativos liderada por jovens de vários países da América Latina, que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida de famílias que vivem em situação de extrema pobreza.. Mais informações: www.umtetoparameupais.org.br
PROGRAMAÇÃO
Sábado - 24/09
12h00
Abertura do Acampamento Ersília, instalação da artista Swoon.
13 às 15h
Visitas guiadas com a artista e equipe. Às 13h, 14h e 15h.
Domingo - 25/09
18hs
Jantar Grub em Ersília
O público é convidado a levar sua comida para um jantar coletivo. O que cada um puder trazer, de ingredientes a pratos prontos, será bem vindo. (Grub é um jantar que começou no Brooklyn, Nova York, com amigos da artista e equipe - todo domingo eles procuram em sacos de lixo e caçambas de restaurantes e supermercados alimentos em condições de consumo e que seriam desperdiçados. E então eles se juntam e fazem uma refeição comunitária).
Sábado - 01/10
13 às 15h
Visitas guiadas com a artista e equipe.
Às 13h, 14h e 15h
Terças-feiras – 04/10, 11/10 e 25/10
16h
LURDS - workshop de desenho e narrativa coletiva.
Atualmente, o espaço para informação disponível tornou-se virtualmente infinito e o mundo virtual tem que ser ocupado. LURDS é um exemplo de uma ficção infinita em processo contínuo, feita por duas pessoas: uma que desenha e outra que faz o texto. Este trabalho de ficção infinita será uma atividade de criação em grupo, onde as pessoas serão estimuladas a ocupar sua fatia no espaço virtual infinito, combinando seu trabalho com o de outra pessoa, em um jogo narrativo. Com Daniel Eizirik e João Kowacs.
Domingos - 02/10, 16/10, 30/10 e 13/11
14h
EXPEDIÇÕES PARA COMER CONCRETO
A ideia de mover a exposição para além do Museu inclui uma série de caminhadas pela cidade para vê-la em seu momento atual e de eterna metamorfose. A série de encontros itinerantes abertos começam no Masp e tomam trajetos diferentes pela metrópole. Cada um aprofunda livremente uma faceta da urbe: ciclos urbanos e especulação imobiliária, direito à cidade, ocupações urbanas, verticalização, mobilidade, meio ambiente urbano, automóvel e outros.
ATIVIDADES CONTÍNUAS EM ERSÍLIA
De 24/09 a 14/12
RESGATE UM LIVRO
A CooperGlicério (Cooperativa de Catadores da Baixada do Glicério) recebe e encontra centenas de livros todos os meses, que são vendidos como papel comum para reciclagem. A partir da parceria estabelecida com o Acampamento, a cooperativa vai separar os livros e eles serão trocados por papel que a comunidade pode deixar num coletor em Ersília. Os livros então farão parte de bibliotecas comunitárias no centro de São Paulo. O Acampamento receberá também a doação direta de livros para esta ação.
PEDAL SOCIAL
Projeto do Instituto Mobilidade Verde, originalmente o Pedal Social foi criado para ajudar moradores de rua no primeiro mês de trabalho. A maioria não consegue trabalhar porque não tem dinheiro para pagar o transporte antes de receber o primeiro salário. No Acampamento Ersília haverá uma bicicleta disponível durante todo o evento. As pessoas poderão utilizá-la para se deslocarem, mas precisam devolvê-la. Não haverá nenhum tipo de controle, bastando entrar no Twitter do projeto (twitter.com/pedalsocial) para receber o código do cadeado. Todas as pessoas que se registrarem serão co-responsáveis pela bicicleta.
CAMPUS ABERTO
O Campus Aberto ( www.campusaberto.com.br) é um site de compartilhamento de transporte. Por meio de um cadastro inicial, as pessoas poderão compartilhar o carro, táxi, montar um grupo de bike ou caminhada para irem juntas até o MASP. O projeto, gratuito, é do Instituto Mobilidade Verde.
Todas as terças, a partir de 27/09
BICICLOTECA
Todas as terças-feiras a Bicicloteca estará no Acampamento Ersília distribuindo livros e recebendo doações.
O movimento independente nasceu mais ou menos ao mesmo tempo em várias partes do mundo. Seu objetivo é ir aonde as bibliotecas convencionais não chegam, especialmente até a população de rua. A Bicicloteca de São Paulo tem também a função de recuperar a auto-estima dessas pessoas e ser um pólo cultural, promovendo apresentações musicais, de contadores de histórias, shows de talentos etc. Robson Mendonça, presidente do Movimento Estadual de Moradores em Situação de Rua, é quem guia e gere o projeto, parceiro do Instituto Mobilidade Verde.
SWOON - perfil (http://www.nola.com/arts/index.ssf/2011/06/street_artist_swoon_creates_se.html)
Da Flórida onde nasceu batizada Caledonia Dance Curry em 1977, Swoon mudou-se para Nova York aos 19 anos, e lá estudou no Pratt Institute. Destaque no cenário da arte urbana contemporânea, conhecida desde 1999 por trabalhar com colagens de tamanho real em muros, além de xilogravuras. Utiliza muito papel impresso e pintado e suas obras têm grande parentesco com a técnica do estêncil, mas com aplicação invertida. Passa horas recortando papel com estilete, moldando madeira e papelão para dar origem a grandes instalações (ou cenografias). É também exímia pintora. Segundo o curador e crítico Carlo McCormick, o trabalho de Swoon reflete o sentido que cada um experimenta do mundo (Swoon – Graffiti Artist, 2010, publicado pela ABRAMS).
Membro do Justseeds Artist Cooperative, que comercializa arte pela internet e atrela essa iniciativa a atividades e causas sociais, Swoon é politizada e mobilizadora. Busca sempre atuar com um grupo grande de pessoas e seu espírito agregador move colegas artistas, engenheiros, arquitetos. Em 2008, no México, conheceu as histórias de garotas seqüestradas e estupradas na fronteira com os Estados Unidos, o queacabou gerando uma instalação com ares de memorial de uma das vítimas, proporcionando uma discussão social sobre os crimes. Também em 2008, outro de seus projetos agregadores foi uma parada de barcos construídos com materiais descartados. A performance levou um grupo de jovens a correr o Rio Hudson, em Nova York, e foi intitulada Swimming Cities of Switchback Sea. Em 2009, Swoon organizou uma performance similar durante a Bienal de Veneza, circulando pelos principais canais da cidade. Em 2010, esteve no Haiti após o terremoto com o propósito de desenvolver, com moradores de um vilarejo, alternativas para a construção de abrigos e residências adequadas ao clima (http://konbitshelter.org/). Recentemente, expôs na mostra coletiva Viva La Revolución: A Dialogue With the Urban Landscape, no Museu de Arte Contemporânea de San Diego, Califórnia.