O MASP está em processo de renovação institucional. O ano de 2015 será dedicado à exploração
dos diversos acervos do museu. A volta dos icônicos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi (Roma, 1914 –
São Paulo, 1991) como expografia da coleção permanente, no segundo andar, está programada
para o segundo semestre.
MASP em processo, ocupando o primeiro andar e o subsolo, é a primeira mostra pública nessa nova etapa; espécie de prólogo ou ensaio de transição, ela não configura uma exposição tradicional, acabada, e com lista de obras expostas predefinida. Ao contrário, o que será revelado ao público, como o nome indica, é justamente o processo — de montagem, de pesquisa do acervo e do redescobrimento da arquitetura do museu.
O redescobrimento ou arqueologia da arquitetura é um aspecto central do MASP em processo. Inaugurado em 1968, nosso edifício, de Lina, é o mais precioso e singular item de nosso acervo. Nos últimos anos, ele foi alterado para adaptar-se às demandas das exposições e dos fluxos. O MASP ganhou camadas de arquitetura temporária que se engessaram com o passar dos anos. Durante o MASP em processo, algumas camadas serão desnudadas com o objetivo de revelar as configurações originais dos espaços. Numa segunda etapa, outras áreas do museu serão revistas e reconsideradas.
No primeiro andar, o MASP em processo exibe obras que não são expostas ao público com frequência, trazendo à luz e arejando acervos de diferentes épocas e territórios, mesclando cronologias e gêneros. A sala volta ser ampla e livre de paredes internas. Não por acaso o emblema desse processo é a escultura Ar-cartilha do superlativo, de Rubens Gerchman.
A exposição é organizada por tipologias — de retratos individuais ou coletivos a paisagens urbanas e rurais, naturezas-mortas e abstrações. A montagem das obras, deliberadamente densa e diversa, remete ao estilo salon europeu do século XIX e contrasta com a amplitude do espaço. O público poderá acompanhar a montagem da exposição e, durante o mês de janeiro, sugerir trabalhos através do catálogo do museu (online ou impresso) e indicar pinturas para serem exibidas no MASP em processo.
No subsolo, o processo de exploração é mais arquitetônico. As paredes estão sendo retiradas,
as vitrines por muito tempo escondidas voltam a ser reveladas, e todo o espaço ganhará nova luz.
Esperamos voltar à experiência descrita pelo arquiteto Marcelo Ferraz, que trabalhou com Lina: “Ao descermos ao subsolo, como em uma estação de metrô, em vez da escuridão, da falta de ar, encontramos a luz, cristalina, filtrada pelo verde das floreiras, e a vista livre sobre o vale”
— ADRIANO PEDROSA, DIRETOR ARTÍSTICO