A arte da gravura, que há dois anos levou milhares de pessoas ao MASP com séries completas de Goya, poderá ser mais uma vez apreciada pelo público que visita o Museu. A partir de 23 de janeiro, sábado, O Mundo Mágico de Marc Chagall – Gravuras reúne 178 obras do artista nascido em 1887 na Bielo-Rússia e morto em 1985 no sul da França, país que adotou como cidadão. Sob curadoria do museólogo Fabio Magalhães a mostra apresenta séries emblemáticas de gravuras – uma das formas de expressão preferidas de Chagall – entre elas as integrais de La Bible (A Bíblia) e Daphnis et Chloé (Dafne e Cloé), criadas pelo mestre entre os anos 20 e 50.
Trazidas especialmente para a exposição O Mundo Mágico de Marc Chagall - O Sonho e a Vida, integrante da programação do Ano da França no Brasil, as gravuras integraram a mostra apresentada em Belo Horizonte e Rio de Janeiro e agora vêm a São Paulo a partir da parceria do MASP com a Base7 Projetos Culturais e a Casa Fiat de Cultura. Com patrocínio da Fiat, copatrocínio do Banco Iveco Capital e apoio do Ministério da Cultura, a exposição fica até 28 de março na Galeria Horácio Lafer, 1º andar do Museu. Na 2ª feira, 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, o Museu excepcionalmente abre suas portas e não cobrará ingressos, numa homenagem do MASP e de seus patrocinadores à cidade e seus visitantes.
Destaque na exposição, a série Daphnis et Chloé (Dafne e Cloé),com 42 gravuras, é fruto de duas viagens de Chagall à Grécia. O artista tinha o propósito de vivenciar a atmosfera e a luminosidade da paisagem e conhecer melhor a cultura pastoril do país. A primeira visita, em 1952, proporcionou a execução dos primeiros guaches, que registram a luz mediterrânea e a experiência emocional vivida em terras gregas. Os 42 guaches foram realizados entre 1953 e 1954 e serviram como estudos preparatórios para a transposição em litografias. Para chegar ao resultado pretendido, de extraordinária beleza cromática, Chagall trabalhou com o impressor Charles Sorlier no famoso estúdio de Fernand Mourlot. Foi necessário utilizar uma pedra para cada tonalidade de cor, ou seja, uma única gravura exigiu 25 pedras-matrizes.
Outro destaque da mostra é a série Les Fables de La Fontaine (As Fábulas de La Fontaine), com 23 gravuras, trabalho encomendado pelo marchand e crítico de arte Ambroise Vollard. Chagall produziu, entre 1926 e 1927, cem guaches representativos das fábulas de La Fontaine (1621-1695). As obras foram expostas em 1930 em Paris, Bruxelas e Berlim e, comercializadas, acabaram se dispersando pelo mercado, tornando praticamente impossível a reunião integral da série. Antes de finalizar as gravuras para esta série Chagall recebeu de Vollard o pedido para que realizasse um conjunto que batizaria de La Bible (A Bíblia), com 105 gravuras. O artista trabalhou no tema de 1931 a 1939, quando visitou a Palestina para ver de perto o palco dos acontecimentos bíblicos. A série integral destas obras, aquareladas à mão pelo artista, estão apresentadas agora no MASP.
Sobre o artista
Marc Chagall (Moshe Zakharovitch Shagal) nasceu em 06 de julho de 1887, num bairro de judeus pobres de Vitebsk, na Bielo-Rússia, àquele tempo pertencente ao Império Russo. Naturalizado francês, o artista foi um dos pioneiros da Modernidade e participou das grandes transformações das artes plásticas no início do século 20, tornando-se um dos mais notáveis artistas de seu tempo. Apesar do intenso convívio com as tendências de vanguarda, a arte de Chagall adquiriu contornos pessoais desde a juventude. Desde cedo, sua expressão seguiu caminhos singulares.
Serviço Educativo
Como nas mostras compostas por obras do acervo e nas exposições temporárias realizadas pelo MASP, a exposição de Marc Chagall terá um programa educativo elaborado especialmente para atender aos visitantes, professores e alunos de escolas das redes pública e privada. As visitas orientadas são realizadas por uma equipe de profissionais especializados.
Informações: 3251 5644, r 2112.