Aula 1 - 5/11
Clarice Lispector e o corpo em desmontagem. Hilda Hilst e as vozes-médium
Certas noções extraídas dos livros A paixão segundo G. H., Água viva e A hora da estrela servirão de balizas teóricas para compreender não apenas o corpo em desmontagem na obra da própria Clarice Lispector, tanto literária quanto visual, mas também em outras obras nas mesmas linguagens, como certos textos em prosa de Hilda Hilst.
Aula 2 - 12/11
Maria Martins e as metamorfoses do corpo
A aula tomará como ponto de partida a série Amazônia, de 1943. Por um lado, a partir desta série, percebe-se que o corpo humano vai paulatinamente se fundindo ao vegetal e ao animal. Por outro lado, os sons da floresta sugerem uma encenação da canção e do grito em várias esculturas de Maria Martins.
Aula 3 - 19/11
Bourgeois e o corpo histérico
O ponto de partida desta aula será o Arco da histeria (1993), em que Louise Bourgeois, ao apresentar um corpo nu, sem cabeça, curvado para trás, faz referência às célebres fotografias das mulheres histéricas feitas por Charcot em 1878, que tanto influenciaram o surrealismo. André Breton e Louis Aragon chegaram a propor, 50 anos depois da publicação do livro de Charcot, que se compreendesse a histeria não como uma patologia, mas “como um meio supremo de expressão artística”.
Aula 4 - 26/11
Paula Rego e as encenações do corpo
A partir de uma estreita relação com algum texto literário subjacente, será observado como as pinturas de Paula Rego jamais se configuram como meras ilustrações, mas operam por meio de deturpações do texto original. Em outras palavras, está em jogo o que se pode chamar de “encenações do corpo”.
Aula 5 - 3/12
O corpo indomável na arte contemporânea brasileira: Erika Verzutti e Dora Smék
Serão examinados alguns trabalhos das artistas contemporâneas brasileiras Erika Verzutti e Dora Smék. Em obras como Venus #Freethenipple (2017) e Venus Yogini (2019), Erika Verzutti evoca uma das mais curiosas representações de Ártemis, a de Ártemis Efésia, em que o corpo da caçadora se transforma ao se cobrir de seios. Nas esculturas de Dora Smék, há sempre um jogo (quase uma dança) de contenção e expansão, em que o corpo resulta fragmentado.
Aula 6 - 10/12
O corpo indomável na literatura contemporânea brasileira: Angélica Freitas e Marília Garcia
Serão analisados alguns poemas das escritoras contemporâneas brasileiras Angélica Freitas e Marília Garcia. Em Angélica Freitas, a noção de útero errante, introduzida num dos poemas de Um útero é do tamanho de um punho, sugere um corpo que não respeita anatomia. Em Marília Garcia, o foco recairá sobre o corpo acidentado, quando até mesmo o texto em si, como corpo, se transforma.
Veronica Stigger é escritora, crítica de arte, curadora independente e professora universitária. Possui doutorado em teoria e crítica de arte pela Universidade de São Paulo (USP) e realizou pesquisas de pós-doutorado na Università degli Studi di Roma “La Sapienza”, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) e no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. É professora das pós-graduações em história da arte, em fotografia e em práticas curatoriais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e coordena oficinas literárias em vários lugares. É autora de onze livros de ficção, entre os quais estão: Os anões (2010), Opisanie świata (2013) e Sul (2016).