Público geral
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AMIGO MASP
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O objetivo do curso é analisar a formação da imagem de natureza como jardim a ser preservado. Para tanto, nosso percurso será norteado pela crítica contracolonial à noção de natureza como território artificial que pode ser partilhado. Iniciaremos o percurso abordando teorias atuais sobre o surgimento da agricultura e a formação de sociedades agrárias na Afro-eurásia e de como a tecnologia de irrigação moldou os primeiros jardins. Prosseguiremos para a transição dos jardins islâmicos para os jardins da nobreza cristã europeia, adaptados a partir do século 16 para finalidades propagandísticas. Em seguida, trataremos dos jardins chineses e de sua interpretação na Grã-Bretanha do século 18, quando surge um novo modelo que contrasta peças d’água sinuosas e relevos artificiais.
Como veremos, o jardim britânico foi transposto para cidades ao redor do mundo na forma de praças e ajudou a criar e conceituar novas áreas de preservação de interesse público, os parques nacionais. Esses tipos de jardins e parques são hoje experimentados como se fossem natureza por populações urbanas dominantes e moldam uma concepção de ecologia como preservação de partes delimitadas do território. Tais elementos nos permitirão refletir sobre a formação do paisagismo eurocêntrico no Brasil e o pioneirismo de Burle Marx na politização da ecologia, no país.
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IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
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O MASP, por meio do apoio da VR, oferece bolsas de estudo para professores da rede pública em qualquer nível de ensino.
Aula 1 – 19.9.2024
Da agricultura ao jardim retilíneo
Análise da hipótese sobre a seleção da espécie humana condicionada pela alimentação com comida cozida. Discussão de hipóteses sobre o início da agricultura e sua relação com a formação das sociedades agrárias com escrita na Afro-eurásia. Estudo de caso dos jardins retilíneos formados com canais de irrigação e a interpretação teológica do Jardim do Paraíso. Análise de modelos de jardim islâmico.
Aula 2 – 26.9.2024
O jardim europeu e o discurso da paisagem
Análise da adaptação do jardim retilíneo islâmico ao jardim narrativo das cortes cristãs da Europa, no século 16. Estudo de caso do parque de Versalhes como modelo de representação do poder monárquico no século 17. Reflexão sobre o projeto colonizador eurocêntrico de submissão da natureza ao artifício.
Aula 3 – 3.10.2024
O jardim anglo-chinês e a natureza irregular
Análise da história dos jardins chineses a partir da cosmologia do Tao. Abordagem da recepção britânica do modelo chinês de jardim no século 18, conforme o padrão neoclássico da Casa de Hanover. Estudo de caso do Hyde Park, de Londres, e de jardins residenciais ingleses como Stourhead.
Aula 4 – 10.10.2024
A paisagem pitoresca e a natureza como imagem
Análise da difusão do modelo de jardim inglês nas metrópoles do século 19. Reflexão sobre o desenvolvimento do turismo pitoresco e a projeção do modelo do jardim sobre a natureza. Discussão sobre a gênese do conceito de parque nacional como paisagem pitoresca. Estudo de caso sobre Yellowstone, nos Estados Unidos, primeiro parque nacional do mundo.
Aula 5 – 17.10.2024
O Brasil e os desafios de uma ecologia contracolonial
Análise da formação do paisagismo no Brasil na colônia e no Império. Abordagem da contribuição de Burle Marx para o paisagismo moderno. Estudo de caso da atuação política de Burle Marx como ecologista. Reflexão sobre os limites da prática ecológica pautada pela delimitação de áreas de preservação.
Felipe Chaimovich é Doutor em Filosofia pela USP e Professor Livre Docente do MAC - USP. Atua em História da Arte, Crítica de Arte e Curadoria. Em 2007, foi curador da exposição Jardim do Poder, no CCBB-Brasília. Em 2008, organizou a mostra de Frans Krajcberg na Oca, pelo MAM-SP. Em 2010, foi curador do Festival Internacional de Jardins no Ibirapuera e da mostra Ecológica, no MAM-SP. É autor de O jardim paisagístico e o falso problema da preservação da natureza, Anais do 35° Colóquio do CBHA, 2015.