O objetivo do curso é refletir criticamente e conhecer as práticas artísticas contemporâneas nas redes sociais, a partir da produção de alguns artistas negros brasileiros compartilhada nessas plataformas, em especial no Instagram. Para tanto, o curso articula uma discussão sob uma perspectiva contracolonial, de matriz afro-brasileira e feminista negra. Interessa pensar esses campos tão eurocentrados a partir de outras vozes e presenças historicamente invisibilizadas e silenciadas. Por isso, a escolha do operador conceitual das encruzilhadas de Leda Maria Martins e da perspectiva contracolonial de Antônio Bispo dos Santos (Nêgo Bispo) como articuladores desse processo.
Em um primeiro momento abordaremos os conceitos de encruzilhadas e de contracolonial para iniciar um diálogo que parte do pensamento filosófico, saberes e cosmovisões afrodiaspóricas para estruturar mediações e leituras que permitam expandir a compreensão dos trabalhos de artistas negros brasileiros nas redes sociais. Em um segundo momento, o intuito do curso é abordar como a arte contemporânea se articula nas redes sociais a partir da produção e do compartilhamento dos trabalhos desses artistas. Com isso, será possível ampliar o debate e as relações em torno de questões relacionadas à inteligência artificial (IA) nesses ambientes, incluindo as reflexões relacionadas ao racismo algorítmico.
Para pensarmos essa encruzilhada: arte, redes sociais e IA, iremos dialogar com alguns artistas, como: @biarritzzz e sua série de gifs criados para o Instagram Stories; Zaika dos Santos com o projeto artístico @nokenago; Moisés Patrício com a série “Aceita?” compartilhada no Instagram; e com o projeto <ater> (@projetoater) de Larissa Macêdo e Lucas Castro, dentre outros.
IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
Aula 1 – 4.5.2023
Encruzilhadas
Quais perspectivas existem para pensar as artes e as tecnologias hoje? A partir desse tensionamento, o curso inicia com uma discussão introdutória contextualizando o operador conceitual das encruzilhadas, o conceito de tempo espiralar de Leda Maria Martins e os processos afrodiaspóricos no Brasil, como uma das formas de compreender a produção de artistas negros brasileiros, as redes sociais e a inteligência artificial na atualidade. Serão analisados os trabalhos de Moisés Patrício (@moisespatricio) e de Juliana dos Santos (@julianadossantos), dentre outros.
Aula 2 – 11.5.2023
Perspectiva contracolonial
Que arte é essa que muitas vezes captura, hierarquiza e impõe? Diante desse questionamento, no segundo encontro, serão iniciadas as reflexões relacionadas ao pensamento contracolonial de Antônio Bispo dos Santos (Nêgo Bispo); seus fundamentos (confluência, biointeração e cosmologia) e atravessamentos para repensar e compreender trabalhos artísticos a partir de uma perspectiva quilombola afro-brasileira. Será criado um diálogo com
os trabalhos de abigail campos leal (@bibirigosa) e de Nathalia Grillo (@preta.velha), dentre outros.
Aula 3 – 18.5.2023
Práticas artísticas e redes sociais
Como abordar trabalhos artísticos que desconstroem as lógicas dominantes, contagiam e são compartilhados nas redes sociais? Nesse encontro, serão abordadas as redes sociais; a noção de comunidade e de agenciamento em rede desses espaços; e as práticas artísticas e ativistas nas redes sociais, em especial no Instagram. Serão analisados os trabalhos de biarritzzz (@biarritzzz) e de Diane Lima (@dianelima), dentre outros.
Aula 4 – 25.5.2023
Arte, tecnologia e inteligência artificial
Como e para quem se está visível nas redes sociais? No último encontro, serão abordados os conceitos e o contexto da inteligência artificial (IA), os processos e as relações da IA com a produção artística compartilhada nas redes sociais, com foco no Instagram, e o racismo algorítmico. Fatores que afetam os regimes de visibilidade e de invisibilidade de corpos negros nessas plataformas. Dialogaremos com os trabalhos de Zaika dos Santos (@zaikadosantos) e o projeto <ater> (@projetoater) de Larissa Macêdo (@larissacsmacedo) e Lucas Castro (@_lucastross), dentre outros.
Larissa Macêdo é curadora, crítica, artista, professora e pesquisadora, doutoranda e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. É uma das criadoras do projeto <ater> (@projetoater) que tem como objetivo evidenciar os impactos da inteligência artificial na produção de artistas racializadas nas redes sociais. Também é professora dos cursos de graduação e pós-graduação de Licenciatura em Artes, Design, Comunicação Social e Moda do Centro Universitário Belas Artes e realiza palestras, cursos e oficinas com temáticas voltadas às questões relacionadas às diversidades, às redes sociais, à inteligência artificial, às novas estéticas, aos modelos de produção artísticos e multimídia, e às práticas político-sociais e curatoriais ativistas e multidisciplinares.