MASP

Entre a universidade e a escola: diálogos para uma arte e educação insurgente e antirracista

Horário
10H – 12H
Duração do Módulo
ONLINE
9 – 30.3.2024
SÁBADOS
(4 AULAS)
Investimento
GRATUITO
VAGAS LIMITADAS
Coordenação
Clarissa Suzuki

A proposta central dos encontros buscará o compartilhamento dos saberes daquelas pessoas que promovem práticas de resistência contra as violências coloniais, já que o nosso objetivo é a valorização de outros pensares e fazeres para além daqueles já celebrados pela história moderna/ocidental e as instituições formais de arte, educação e cultura.
Em um momento de esgotamento paradigmático, a reinvenção e as coletividades são possibilidades no enfrentamento da cultura hegemônica, que limita, exclui e violenta tudo que não é espelho.

O objetivo do curso é o de construirmos coletivamente reflexões sobre os saberes tecidos pelo diálogo da universidade com a escola pública, conhecendo e partilhando estratégias pedagógicas no combate a práticas de racismo, preconceito e discriminação, sobretudo ampliando proposições metodológicas que auxiliem na prática pedagógica voltada para uma educação insurgente e antirracista.

Durante os encontros, compartilharemos as práticas educativas/artísticas que integram os múltiplos saberes em diálogo com formas de ser e fazer atravessadas pelas memórias e ancestralidades que fundamentam outros pensares e fazeres na educação. Por este motivo, os encontros contemplarão o diálogo com professoras de quatro universidades públicas de quatro regiões do país, que realizam ações transformadoras com escolas públicas amparadas por políticas públicas como as Leis 10.639/03 e 11.645/08.

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IMPORTANTE

As aulas serão transmitidas ao vivo pelo canal do MASP no YouTube. Haverá tradução simultânea em LIBRAS. O link para registro de presença será compartilhado durante cada aula no chat. O curso será gravado e ficará disponível posteriormente. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem no mínimo 75% de presença. Junto ao certificado, será enviado um cupom de desconto de utilização única e individual para qualquer curso do MASP Escola, com validade até 29/06/24.

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O MASP, por meio do apoio da VR, oferece bolsas de estudo para professores da rede pública em qualquer nível de ensino.

Planos de aulas

Aula 1 – 9.3.2024
Narrativas contracoloniais de experiências de ensino e aprendizagem da arte
Com Sumaya Mattar (Universidade de São Paulo - USP)


O ensino de arte praticado na universidade e nas aulas de arte na escola, comumente, não valoriza formas de ensinar e aprender não consagradas pelo meio acadêmico, assim como não reconhece a importância de obras que não seguem cânones propalados pelos meios especializados e pelo mercado de arte. Essa abordagem perpetua valores estéticos alinhados ao colonialismo, excluindo ricas experiências culturais e a expressão simbólica de grupos historicamente marginalizados. Para fazer frente a essa limitação e promover um ensino de arte mais inclusivo, especialmente na formação docente, estamos desenvolvendo dois projetos na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo que serão apresentados e debatidos neste encontro: “Acervo de múltiplas vozes: narrativas de experiências com arte e educação”, que visa coletar e compartilhar experiências de pessoas excluídas das narrativas históricas sobre arte e educação no Brasil, fazendo uso da História Oral; e “Matizes: diversidades na roda da arte educação”, que foca em ações artístico-educativas e encontros que discutem questões étnico-raciais, diversidades e interseccionalidades, com uma perspectiva antirracista e decolonial. Ambos os projetos buscam desafiar o ensino de arte contemporâneo e a formação de professores e professoras com visões mais inclusivas e antirracistas, desafiando os limites impostos por visões coloniais e hegemônicas.
 
Aula 2 – 16.3.2024
Oralidades gráficas: o imaginável e as imagens
Com Cynthia Cy Barra (Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB)


“Uma folha é também um barco?”  A proposta desta aula-conversação se faz a partir de minha trajetória profissional no sistema de ensino superior público, na Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB, atuando como professora e orientadora de projetos de intervenção para o ensino interdisciplinar de artes. Nos últimos anos, essa trajetória constituiu-se metodologicamente na busca por um campo de força específico, aquele que possibilitaria o reposicionamento de modos acadêmicos de conceber e estruturar pesquisas e processos de ensino-aprendizagem. Para balizar tanto pesquisas acadêmicas quanto atividades em sala de aula na Educação Básica, tomamos em mãos lugares de um real existente nas artes contemporâneas advindo de matrizes negrodiaspóricas e afroindígenas. Aproximamo-nos de territórios estéticos e objetos fabulatórios nos quais o saber, a imaginação e a intuição se encontram: versos de poemas e fragmentos de narrativas de tradições ancestrais africanas quando transcriados em corporalidades cênicas, frames de filmes, fotografias, livros de artistas e objetos de aprendizagem poéticos.
 
Aula 3 – 23.3.2024
Psicologia, arte e educação: rodas Interativas como intervenções (in)surgentes
em contextos educativos
Com Fernanda Priscila Alves da Silva (Universidade Federal do Amazonas - UFAM)


A proposta tem como objetivo possibilitar e compartilhar espaços dialógicos acerca dos entrelaçamentos e cruzamentos entre psicologia, arte e educação, desde uma perspectiva crítica, libertadora e decolonial. Nosso ponto de partida será às experiências e vivências tecidas no chão de espaços educativos diversos, considerando as contradições, desafios e possibilidades que emergem destes contextos. As rodas interativas, espaços circulares e formativos têm sido uma estratégia metodológica e epistemológica pautada na perspectiva da construção coletiva, de fala, de agenciamento e compromisso dos grupos de mulheres, em particular o movimento nacional de trabalhadoras sexuais e estudantes que participam das rodas interativas em escolas públicas do Baixo Amazonas, no município de Parintins. Vislumbramos as articulações e interlocuções que tais ações provocam no sentido de reconhecer a potência criativa da luta coletiva contra todas as formas e modos hegemônicos de construção de saberes.
 
Aula 4 – 30.3.2024
Outras educações em redes etnoeducadoras
Com Claudia Miranda (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO)


A extensão e a pesquisa movem as ações promovidas pela Rede Carioca de Etnoeducadoras Negras – RECEN (UNIRIO) – uma proposta de fórum permanente que visa aumentar as interconexões “universidade pública–escolas públicas” e “universidade pública-movimentos sociais”. Como locus de formação docente, as escolas ampliam os espaços de reflexão sobre a práxis educativa e o compromisso com a politização da comunidade escolar, pela presença de profissionais especialistas das diferentes áreas do conhecimento. Apresentamos uma reflexão sobre como redes de etnoeducadoras promovem outras metodologias desde espaços de formação e de disputa epistemológica. A cosmo percepção oferecida pelo campo da educação para as relações étnico-raciais orienta nossas análises acerca de outras cartografias em contextos interculturais latino-americanos. Entende-se que em redes etnoeducativas é possível impulsionarmos deslocamentos estéticos, filosóficos, históricos e epistemológicos. A partir das fissuras encontradas no ir e vir em rede, visa-se aprofundar o tema das outras formas de contribuir para a promoção de novos espaços de construção de saberes e conhecimentos.

Coordenação

Clarissa Suzuki é ativista, professora e pesquisadora. Doutora e Mestra em Artes pela Universidade de São Paulo, com pesquisa voltada para as contracolonialidades e as epistemologias afro-brasileiras e indígenas na educação antirracista das artes. Foi professora de arte da rede de ensino municipal, estadual e privada de São Paulo e Coordenadora de Projetos do Instituto Arte na Escola, além de coordenar inúmeros cursos de formação de professores em todo o país, em Secretarias de Educação, de Cultura e instituições como o MASP e o SESC. Atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). É pesquisadora do Grupo Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação (ECA/USP) e do Egungun - Grupo de Pesquisa em Ancestralidades, Cerâmica e Decolonialidades na Arte e na Educação (IA/UNESP).

Conferencistas

Claudia Miranda
É pós-doutora em Psicossociologia de Comunidades (Programa de Estudos Interdisciplinares de Comunidades e Ecologia Social - EICOS/UFRJ), professora  da graduação (Departamento de Didática da Faculdade de Educação-UNIRIO) e da pós graduação, coordenadora de pesquisa do Núcleo de Estudos Afrodescendente e Indígena (NEABI) da UNIRIO. Professora da Especialização e Curso Internacional de Estudios Afrolatinoamericanos y Caribeños (CLACSO). É professora e investigadora do Black and Indigenous Liberation Movement (BILM). Membro do Grupo de Trabalho CLACSO Afrodescendência e propostas contra-hegemônicas e professora da Escuela Internacional Más Allá del Decenio Afrodescendiente (entre 2017 e 2019). Líder do grupo de estudos e pesquisa Formação de Professores, Pedagogias Decoloniais, Currículo e Interculturalidade: agendas emergentes na escola e na universidade (GFPPD/CNPq).

Cynthia Cy Barra  
Lê-escreve-editora-fabula expressões do feminismo negro articuladas a poéticas ancestrais que emergem em artes/escritas contemporâneas. Águas. Versos. Palavras que atravessam o céu da boca. Fogo e Ar. Corpografias. Performances para atos de pensamento. É professora e pesquisadora na Universidade Federal do Sul da Bahia, atuante nos Cursos Licenciatura e Bacharelado Interdisciplinar em Artes, Produção Cultural, Mídias e Tecnologias e no Programa de Pós-graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER/UFSB), coordenadora do grupo de pesquisa Lêtera Negra (UFSB/CNPq), pós-doutora em Artes Cênicas (PPGCEN/UNB). Yawô de Naná, no Ilé Ibirín Omi Àṣẹ Ayira (Terreiro Vintém de Prata), Salvador/BA. Torna-se poeta, sabendo musgos. Terra: “em meu Orì, canta a doce Senhora, Saluba, Naná”.

Fernanda Priscila Alves da Silva 
Mulher negra, mãe, feminista, ativista pelos direitos das trabalhadoras sexuais, Psicóloga e Pedagoga. Professora Adjunta do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Doutora em Educação e Contemporaneidade pelo Programa de Pós Graduação e Contemporaneidade, UNEB. Membro do grupo de pesquisa Educação, desigualdades e diversidades (Programa de Pós Graduação em Educação e Contemporaneidade, UNEB). Membro do grupo de estudos Família, (Auto)Biografia e Poética (FABEP), da Universidade Católica de Salvador (UCSAL).

Sumaya Mattar 
É docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde lidera o Grupo Multidisciplinar de Estudos e Pesquisas em Arte e Educação (GMEPAE). É orientadora em programas de pós-graduação na ECA/USP e na FFLCH/USP, focando em ensino de arte, artes visuais, humanidades, direitos e outras legitimidades. Seu trabalho envolve projetos que abordam a formação de professores, metodologias de ensino de arte, currículo, diversidade cultural e étnico-racial e pedagogias artesanais. Entre outras publicações, é autora do livro Sobre arte e educação: entre a oficina artesanal e a sala de aula (Editora Papirus, 2022).