MASP

Mundos visuais e materiais indígenas e coleções museológicas

Horário
16H–18H
Duração do Módulo
ONLINE
2, 9, 16, 23 e 30.3 e 6.4.2022
QUARTAS
(6 AULAS)
Investimento
Público geral
5X R$ 57,60
AMIGO MASP
5X R$ 48,96
*valores parcelados no cartão de crédito
Professores
Aristoteles Barcelos Neto
Especialistas Convidados
Fabíola Andréa Silva, Vinícius Dino, Daniel Dinato e Edson Matarezio

Centrado em um conjunto de sete casos amazônicos – wauja, kamayurá, shipibo-conibo, huni kuin, asurini, kayapó e ticuna –, este curso se desenvolve em torno de dois eixos centrais. Em primeiro lugar, a análise do simbolismo sociocosmológico da visualidade, materialidade e criatividade artística indígena e como as coleções as representam no tempo e no espaço. Em segundo, a análise dos potenciais do colecionamento, como método científico, e das coleções, como material empírico, para o aprofundamento conceitual das artes indígenas e como fontes documentais para etnografias e histórias indígenas. O curso abordará diferentes expressões específicas dos sete povos indígenas mencionados acima que foram interesse de pesquisas e processos curatoriais nas últimas cinco décadas. Cerâmicas, máscaras, trançados, bancos, adornos corporais, instrumentos musicais e as recentes produções de desenhos sobre papel e pinturas sobre tela estão entre as principais expressões abordadas neste curso. São contempladas coleções de museus no Brasil, Peru, Estados Unidos, Portugal, Alemanha, França e Áustria, e, além dessas, algumas coleções particulares.

IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo.
O link será compartilhado com os alunos após a inscrição.
O curso é gravado e fica disponível durante 5 dias.
Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.

Planos de aulas

Aula 1 – 2.3.2022
Introdução – Colecionamentos: questões, conceitos e métodos - Com Aristoteles Barcelos Neto
A aula introdutória aborda alguns princípios e propósitos do colecionismo de cultura material indígena, os métodos de formação de coleções e suas tipologias. A abordagem é exemplificada por coleções amazônicas no Brasil, Estados Unidos, Portugal e França. Discute-se também a desigual formação e distribuição das coleções e seus limites curatoriais.  

Bibliografia
Gallois, D. T. (2012). Donos, detentores e usuários da arte gráfica kusiwa. Revista de Antropologia, 55(1), 19-49.
Velthem, L. H.; Kukawka, K.; Joanny, L. (2017). Museus, coleções etnográficas e a busca do diálogo intercultural. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 12(3), 735-748.

Aula 2 – 9.3.2022
Alto Xingu: imagens e objetos xamânicos - Com Aristoteles Barcelos Neto

Os povos do Alto Xingu têm tido, desde a década de 1970, um papel determinante para o avanço dos estudos sobre as artes visuais e musicais indígenas. Esta aula é dedicada a uma apreciação das coleções de desenhos sobre papel e de instrumentos musicais que permitiram revelar a riqueza da imagética xamânica e a complexidade da cultura material da música xinguana.

Bibliografia
Barcelos Neto, A. (2020). “Visiones del tabaco: dibujos y objetos chamánicos wauja, Alto Xingu”. In O. C. Sáez (Org.), Ensayos de etnografía teórica. Tierras Bajas de América del Sur (pp. 217-244). Madrid: Nola Editores.
Barcelos Neto, A. (2020). “Pulupulu e warayumia: história e imagética do trocano do alto Xingu”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 15(3), 1-25.

Aula 3 – 16.3.2022
Asurini e Kayapó: dinâmicas artefatuais - Com Fabíola Andréa Silva

O objetivo desta aula é, por um lado, tratar de alguns conjuntos artefatuais dos Asurini do Xingu, evidenciando as suas transformações técnicas e, por outro, relatar uma experiência de curadoria colaborativa de uma coleção etnográfica dos Xikrin-Kayapó, mostrando a importância deste tipo de prática curatorial na qualificação dos acervos museológicos. A partir dessas duas experiências se pretende traçar uma reflexão sobre as dinâmicas artefatuais no que se refere às relações dos indígenas com os não-indígenas e com a instituição museológica.

Bibliografia
Silva, F. A. (2013). “Tecnologias em transformação: inovação e (re)produção dos objetos entre os Asurini do Xingu”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 8(3), 729-744.
Silva, F. A. & Gordon, C. (2008). “Objetos vivos de uma coleção etnográfica: a curadoria da coleção etnográfica xikrin-kayapó no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo”. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, suplemento 7, 41-48.

Aula 4 – 23.3.2022
Shipibo-Konibo: cerâmicas e pinturas - Com Vinícius Dino

A aula apresenta as artes visuais dos Shipibo-Konibo, povo indígena da Amazônia peruana, a partir de dois de seus suportes: cerâmica e pintura em tela. Um primeiro momento será dedicado à tradição cerâmica dos Shipibo-Konibo, observando sua relação com o modo de vida e as artes gráficas desse povo. A segunda parte abordará sua pintura contemporânea, pelas perspectivas temática, formal e sócio-histórica.

Bibliografia
Valenzuela, P. & Valera, A. (2005). Koshi shinanya ainbo: el testimonio de una mujer shipiba. Parte II (pp. 65-90). Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos.
Belaunde, L. E. (2016). “Donos e pintores: plantas e figuração na Amazônia peruana”. Mana: estudos de antropologia social, 22(3), 611-640.

Aula 5 – 30.3.2022
Alto Solimões: instrumentos musicais e máscaras rituais - Com Edson Matarezio

A Festa da Moça Nova é o principal ritual dos Ticuna, o mais populoso grupo indígena do Brasil. A aula tem por objetivo apresentar um pouco da rica cultura material Ticuna, especialmente seus instrumentos musicais e máscaras, presentes no ritual. Estes artefatos são vias privilegiadas para se refletir sobre a cosmologia, o xamanismo, a corporalidade e a organização social desse povo amazônico.

Bibliografia
Matarezio Filho, E. T. (2020). “Do ponto de vista das moças: a circulação de afetos na Festa da Moça Nova dos Ticuna”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 15(1), 1-21.
Matarezio Filho, E. T. (2015). “Trompetas Ticuna de la Fiesta de la Moça Nova”. In B. Brabec de Mori, M. Lewy & M. A. García (Orgs.), Sudamérica y sus mundos audibles: cosmologías y prácticas sonoras de los pueblos índigenas (pp. 121-135). Berlim: Iberoamerikanisches Institut; Gebr. Mann Verlag (Estudios Indiana 8).

Aula 6 – 6.4.2022
Huni Kuin: pinturas - Com Daniel Dinato

Nessa aula, será abordada a produção imagética figurativa Huni Kuin, com foco no Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU). Alunos irão refletir sobre a prática deste coletivo desde uma perspectiva de autonomia cultural e de troca com os não-indígenas. Será analisada a inserção do coletivo no cenário da arte indígena contemporânea, as exposições recentes e a presença de suas obras em coleções nacionais e internacionais. A aula contará com uma fala da professora de artes plásticas e artista indígena Kássia Borges Karajá, integrante do MAHKU, que irá abordar a produção de obras comissionadas em contextos nacional e internacional.

Bibliografia
Dinato, D. (2021). “Vende tela, compra terra” e outras formas de atuação política do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU). Arte e Ensaios, 27 (41).
Dinato, D. (2019). “ReAntropofagia: a retomada territorial da arte”. MODOS: Revista de História da Arte, 3(3), 276-284.

Coordenação

Aristoteles Barcelos Neto pesquisa as artes dos povos xinguanos desde 1993. Bacharel em museologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestre e doutor em antropologia social respectivamente pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade de São Paulo (USP). É professor associado e diretor de curso na Sainsbury Research Unit for the Arts of Africa, Oceania and the Americas da University of East Anglia, Reino Unido, e membro da British Higher Education Academy. Recebeu o Prêmio CNPq-ANPOCS de Melhor Tese de Doutorado em Ciências Sociais. Constituiu coleções etnográficas para museus no Brasil, Portugal, Alemanha e França. Foi pesquisador visitante do CNPq no Collège de France (2007), da FAPESP na USP (2011-2012) e do Newton Fund na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, 2016-2017).

 

Conferencistas

Fabíola Andréa Silva possui graduação em história pela Unisinos (1988), mestrado em antropologia social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 1992), doutorado em antropologia social (2000) e pós-doutorado em arqueologia (2002), ambos pela Universidade de São Paulo (USP). É pesquisadora do CNPq, docente no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, onde coordena o Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre Tecnologia e Território, e pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios da USP. Desde a década de 1990 vem realizando pesquisas etnográficas e (etno)arqueológicas e colaborativas com diferentes povos indígenas no Brasil (Kaingang, Asurini do Xingu, Xikrin-Kayapó, Terena e Kayabi). Foi pesquisadora visitante no Instituto de Estudos Avançados da USP (2018-2019).

Vinícius Dino é pesquisador em antropologia da arte e da cultura material. Bacharel em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em antropologia social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorando em história da arte na Sainsbury Research Unit for the Arts of Africa, Oceania and the Americas da University of East Anglia, Reino Unido. No doutorado, faz pesquisa sobre as artes visuais dos Shipibo-Konibo, povo indígena da Amazônia peruana.

Daniel Dinato é mestre em antropologia social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em estudos e práticas curatoriais pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Desde 2014 pesquisa as artes indígenas contemporâneas do Brasil. Atualmente é doutorando em estudos e práticas das artes na Universidade do Quebec, em Montreal. Membro do Centre interuniversitaire d’études et de recherches autochtones (CIÉRA) e do Groupe de recherche interdisciplinaire sur les affirmations autochtones contemporaines (GRIAAC).

Edson Matarezio é graduado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre e doutor em antropologia social pela mesma universidade. Pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios e do Grupo de Antropologia Visual, ambos da USP. Desenvolveu pesquisa de pós-doutorado com bolsa FAPESP no Departamento de Antropologia da USP, no Laboratoire d'Anthropologie Sociale do Collège de France e no Departamento de Linguística da Universidad Nacional de Colombia. Autor dos livros Ritual e pessoa entre os Waimiri-Atroari e A Festa da Moça Nova: ritual de iniciação feminina dos índios Ticuna. Dirigiu os filmes documentários O que Lévi-Strauss deve aos Ameríndios, Iburi: trompete dos Ticuna, Caminho de mutum e Mapana.