A partir de apresentações e debates sobre exposições pontuais que alteraram a concepção de exposição, inovando o campo artístico e/ou do design, o curso se debruça sobre diferentes formas pelas quais a narrativa expositiva se modificou ao longo da história ocidental. Serão abordadas as práticas das Câmaras das Maravilhas, as experiências das exposições universais; as propostas das vanguardas europeias; o debate curatorial e expositivo no pós Segunda Guerra até algumas ações mais recentes. Enfatiza-se, nesse processo, uma revisão histórica que dê relevo à pluralidade de perspectivas, analisando criticamente as propostas expositivas hegemônicas a partir do debate artístico e curatorial atual. Nesse sentido, de forma breve, serão analisadas exposições organizadas por artistas, por museus e de forma independente ou institucional, por curadores. De forma panorâmica será apresentada a importância de mostras como unidade importante no circuito artístico atual, na análise do funcionamento e lógica das feiras, bienais e outras manifestações expositivas voltadas aos diferentes públicos. Cronologicamente, inicia nas produções expositivas a partir do final do século 18 e durante o 19, enfoca as experiências transgressoras do início do século 20, da instrumentalização de exposições para a propaganda política durante o fascismo e nazismo no período da Segunda Guerra Mundial e por fim, enfoca a nova ordem mundial na qual exposições também servem para propagar projetos políticos no período da Guerra Fria. Ao final, uma breve consideração atual sobre o papel das exposições e seus formatos em tempos atuais.
As aulas serão oferecidas em formato híbrido, com opções presenciais e online ao vivo, transmitidas por uma plataforma de ensino. Os participantes inscritos na modalidade presencial receberão todas as orientações no momento da inscrição. Já os inscritos na modalidade online terão o link de acesso enviado por e-mail. As aulas serão gravadas e ficarão disponíveis por 30 dias após a transmissão. Para a emissão do certificado, é necessário um mínimo de 80% de presença nas aulas ao vivo, seja presencialmente ou online.
Aula 1 - 16.4.2025
Mostrar & contar: invenção de estratégias de comunicação e condução dos públicos
O colecionismo e as origens das exposições e museus. As revoluções industriais e as exposições universais durante o século 19 e suas estratégias comunicativas e organizativas com finalidade comercial e de divulgação das tecnologias da industrialização. Práticas expositivas em suas materialidades a partir do século 18: os Salões do Louvre; Salão dos Recusados (1863) e a Primeira Exposição Impressionista (1874), em Paris.
Aula 2 - 23.4.2025
Exposições como manifestos artísticos e políticos
Serão abordadas as propostas expositivas em contexto das vanguardas históricas nas primeiras décadas do século 20: os experimentalismos das vanguardas artísticas e políticas; experiências de Frederick Kiesler, El Lissistzky, Herbert Bayer na elaboração de uma nova linguagem para alcançar as massas. As origens do cubo branco a partir das abordagens expositivas das vanguardas e sua institucionalização e propagação a partir do The Museum of Modern Art (MoMA-NY) e das políticas expansionistas norte-americanas.
Aula 3 - 30.4.2025
Mostras como propaganda artística e política
O papel das exposições para as políticas do fascismo italiano e do nazismo. Apresentação das estratégias expositivas da Grande Exposição de Arte Alemã e da Exposição de Arte Degenerada (a partir de 1937). A importância das exposições de design, no pós Segunda Guerra Mundial, para a propaganda do projeto político e governamental norte-americano.
Aula 4 - 14.5.2025
Da curadoria independente ao circuito artístico atual
A invenção da curadoria e seus papéis desde os anos 1970, internacionalmente e no Brasil. Serão apresentadas as exposições: Opinião 65 (1965), Rio de Janeiro; Nova Objetividade Brasileira (1967), Rio de Janeiro; Live in your head: When attitudes become form (1969), em Berna; Do corpo à terra (1970), em Belo Horizonte; as séries Numbers (a partir de 1969), de Lucy Lippard. Bienais como modelo expositivo. Breve análise do circuito atual do ponto de vista de seus agentes.
Mirtes Marins de Oliveira é doutora em Educação: História e Filosofia e Pesquisadora Colaboradora na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (desde 2020). Coordena a Pós-Graduação em Design da Universidade Anhembi Morumbi. Foi curadora de Contra o estado das coisas – anos 70 (2014), Especular (2018), Comigo ninguém pode (2019), na Galeria Jaqueline Martins. Foi curadora de Arte para todos! Liberação e Consumo (Instituto Figueiredo Ferraz, 2016), Não um sonho (Galeria Simões de Assis, 2021), Máscaras: Fetiches e Fantasmagorias (Paço das Artes, 2021-2022) e co-curadora de Justiça de transição não é transação: a brutalidade e o jardim, no Memorial do Ministério Público – RJ (2023). Coeditou a revista Marcelina (2008-2012) e participou como autora do livro Cultural Anthropophagy: The 24th Bienal de São Paulo 1998, da coleção Exhibition Histories (Afterall, 2015). Co-organizou o livro Histórias das exposições: casos exemplares (EDUC, 2016) e é autora de The body and the opus as a witness of times, sobre o trabalho de Letícia Parente, publicado em The feminist avant-garde. Art of the 1970s (2017), de Gabriele Schor. Publicou, em 2024, o livro Gretta Sarfaty, pela Act Editora.