Em 2024, os encontros do MASP Professores são vinculados ao ciclo Histórias da diversidade LGBTQIA+ e o seu objetivo é proporcionar o diálogo de profissionais da educação com artistas, curadores, intelectuais, professores e ativistas LGBTQIA+. O segundo encontro do programa MASP Professores de 2024, que será realizado online em 18.5.2024, será uma reflexão sobre a importância dos vínculos de sociabilidade para a construção da identidade e para a segurança de pessoas LGBTQIA+. A ideia de pertencer a um grupo, a uma comunidade, é o que fortalece a consciência de si e a busca por lugares, relações e condições que garantam o bem-estar. Para discutirmos sobre essas relações e por tudo o que as afeta, Sanara Rocha, Caio Jade, Thiago Amparo e Hilda de Paulo vão compartilhar as suas reflexões conosco ao longo do dia.
Os demais encontros de 2024 serão:
Entre medos, amores e afetos (22.6, presencial)
Família, famílias (17.8, online)
Corpo, alma e espiritualidades (19.10, online)
Propostas LGBTQIA+ para o futuro (23.11, presencial)
CRONOGRAMA
10H30—13H30: mesa-redonda
13H30—15H: intervalo
15H—17H: conferência
Público: profissionais da área da educação, seja ela escolar, universitária, museal ou no terceiro setor e pessoas interessadas em geral.TRANSMISSÃO AO VIVO
O encontro será online, transmitido ao vivo pelo canal do MASP no YouTube. As falas terão interpretação em Libras.
Atividade gratuita.
O debate com as pessoas convidadas, entre 12H e 13H30 e entre 16H e 17H, será reservado a quem se inscrever.
Vagas limitadas
Haverá certificado de participação
Quaisquer dúvidas e solicitações podem ser encaminhadas para professores@masp.org.br
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10H30—13H30
Mesa-redonda
SANARA ROCHA
“Bi Festinha”, “Hetero-curiosa”, dentre outros chamamentos injuriosos: quais desafios e estratégias de acolhimento à letra “B” da sigla?
É indiscutível que os espaços de sociabilidade e acolhimento para a comunidade LGBTQ são cruciais para a construção da identidade das pessoas que a constitui. Resta-nos saber se o sentimento de pertença de cada uma das identidades que forjam a sigla vai além das letras. A identidade bissexual, por exemplo, segue desafiando o pensamento normativo presente mesmo dentro da própria comunidade LGBTQ, que muitas vezes não concebe a possibilidade de existirem corpos e performances que transitam nas margens das significações, entre a norma e a dissidência, borrando os contornos da linguagem com a sua performance fluida. Qual é a diferença efetiva entre a identidade da mulher bissexual e da “heterossexual curiosa”? Como distinguir uma performance da outra sem corrermos o risco de reproduzir a lógica compulsória que não concebe a relação sexual-afetiva entre um homem e uma mulher para além da norma e, pior, da CISheteronorma?
CAIO JADE
Lógicas de pertencimento
Nos contextos de sociabilidade, existem várias lógicas culturais que se entrecruzam criando maneiras complexas de viver. Mesmo com o predomínio hegemônico de uma lógica, chamada de tradicional ou clássica, que formata as experiências humanas no mundo todo em um modelo que pretende ser único, universal e necessário, a diversidade sempre está presente e faz das culturas um tecido complexo que não pode ser reduzido a uma lógica de vida binária e colonialista. Nesta fala, apresentaremos como a compreensão das diversidades lógicas pode contribuir para a reflexão sobre pertencimentos de grupos e de pessoas que têm sido excluídas de sistemas e espaços sociais organizados pelas lógicas clássicas colonialistas.
THIAGO AMPARO
Estratégias de combate à violência contra pessoas LGBTQIA+
O Brasil é um dos líderes em violência contra população LGBTQIA+, em especial contra pessoas trans, no mundo. Os mecanismos jurídicos e institucionais para enfrentamento desta violência têm sido insuficientes. Nesta apresentação, Thiago Amparo discute o que é violência contra a pessoas LGBTQIA+, suas diferentes formas de manifestação e estratégias radicais para que vivamos num mundo sem violência por orientação sexual e identidade de gênero.
13H30—15H
Intervalo
15H—17HConferência
Numa perspectiva decolonial e interseccional, a conferência Mover-se na Casa do Colonizador se constrói com (e não sobre) o arsenal teórico dos feminismos, bem como com Gloria Anzaldúa, bell hooks, Joacine Katar Moreira, Dionne Brand (para citar apenas uma parte da constelação) e na esteira da própria frase-denúncia — “Eu estou na casa do colonizador. Então, mexer nos móveis dessa casa é um pouco difícil. Mas eu vou mexer.” — de Hilda de Paulo, a qual articula questões contemporâneas em sua pesquisa a partir de noções como identidade, pertencimento, memória e história. Tal viagem reflexiva aponta para uma tentativa amorosa de promessa e de possibilidade de repensar mundos construídos e imaginados.
CAIO JADE
Professor e pesquisador de autobiografias trans e filosofias decoloniais. É graduade em Filosofia (USP), mestre e doutorande em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (USP). Também ministra cursos livres, realiza orientações acadêmicas particulares e coordena um grupo de estudos sobre lógicas culturais e identidades.
HILDA DE PAULO
Artista, pesquisadora, escritora e curadora independente, autora do projeto Arquivo Gis, programadora do Queer Lisboa e Queer Porto, membra fundadora da Cia. Excessos e da eRevista Performatus. Tem integrado exposições coletivas nacionais e internacionais, e algumas de suas obras integram permanentemente o acervo de algumas instituições, como o da Fundação de Serralves, o da Coleção Municipal de Arte da cidade do Porto, entre outras. Atualmente, é doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em Portugal.
SANARA ROCHA
Feminista preta, bissexual, pesquisadora, artista interdisciplinar e curadora independente sediada na cidade de Salvador. É doutoranda em Cultura e Sociedade pelo Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade do IHAC-UFBA e Mestre em Cultura e Sociedade (2020) pelo mesmo programa; é bacharel em artes cênicas pela Escola de Teatro da UFBA e habilitada à direção teatral (2011). Interessa-se por trabalhos que interseccionam diferentes linguagens e disciplinas no sentido de debater sobre temas tais como colonialidade e descolonialidade, raça e racismo no Brasil, gênero e sexualidades dissidentes, feminismo negro e interseccional, movimentos de resistência feminina ao longo da história.
THIAGO AMPARO
Professor de Direito Internacional e Direitos Humanos nas escolas de Direito e Relações Internacionais da FGV/SP. É mestre e doutor em Direito Internacional pela Universidade Centro Europeia (Áustria). É fundador e coordenador do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV. Em 2023, foi professor visitante na Universidade de Columbia, Nova York, e fez estágio de pós-doutoramento na Universidade de Nova York. Atua em diferentes frentes no tema de inclusão, diversidade e equidade, em particular racial e LGBTQIA+. Contribuiu para a fundação da Aliança Jurídica pela Equidade Racial. Escreve semanalmente na Folha de S. Paulo e é membro do conselho editorial desse jornal e da Revista piauí. Faz parte dos conselhos consultivos da Fundação Tide Setubal e da ONG Sou da Paz.