Histórias da ecologia é o primeiro de uma série de seminários que antecipa o programa do MASP dedicado ao tema durante todo o ano de 2025. O evento é organizado em conjunto com o Museu Lenbachhaus, sediado em Munique, Alemanha. O programa vem incrementar a missão do MASP, um museu diverso, inclusivo e plural, no estabelecimento de diálogos críticos e criativos entre o passado e o presente por meio das artes visuais. A noção de histórias – diferente da História – é mais aberta, multívoca, inacabada e não totalizante, abrangendo não apenas relatos históricos, como também histórias pessoais, contos e narrativas ficcionais. Com a participação de teóricos, curadores, artistas, ativistas e pesquisadores de diversas áreas e perspectivas, o seminário de dois dias visa estimular o debate e a pesquisa sobre questões da ecologia em conexão com a cultura visual e as ciências humanas e da natureza, bem como práticas curatoriais e artísticas.
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ORGANIZAÇÃO
Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; André Mesquita, curador, MASP; David Ribeiro, assistente curatorial, MASP; Isabella Rjeille, curadora, MASP; María Inés Rodríguez, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP; e Stephanie Weber, curadora, Lenbachhaus.
TRANSMISSÃO AO VIVO
O seminário terá transmissão online e gratuita por meio do perfil do MASP no YouTube, com tradução simultânea para Libras, português, inglês e alemão.
CERTIFICADO
Para receber o certificado de participação é necessário realizar um cadastro por meio de um link que será fornecido durante o seminário. Os certificados serão enviados para o e-mail cadastrado, apenas para os inscritos que assistirem aos dois dias de seminário.
9.11.2022
11H
INTRODUÇÃO
Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP
Matthias Mühling, diretor, Lenbachhaus
11H10–13H
NEGO BISPO
As fronteiras entre o saber orgânico e o saber sintético
Orientado pela oralidade e pelos conhecimentos tradicionais, Nego Bispo apresentará algumas das concepções que estruturam a sua epistemologia, e que buscam oferecer outras formas de compreender o mundo.
RACHEL O’REILLY
O cinema contra a imagem antroecológica
Produzir cinema no/através do “Norte da Austrália” para um público internacional significa ser cúmplice de uma repetição ecogeográfica racial que teve um papel de profundo impacto no estabelecimento do modelo humano/natureza da razão iluminista e da linha divisória mundial de cor do trabalho. No entanto, no contexto das recorrentes crises do capitalismo como colapso climático e ecológico, foi a experiência indígena de envolvimento com a agricultura e o extrativismo de colonização que reconfigurou a planetaridade, para criar uma legibilidade além e dentro da cinepolítica materialista existente. Se o cineasta não consegue escapar totalmente das infraestruturas coloniais de sua própria autonomia artística, então, no contexto de grandes ressurgimentos indígenas e recusas do extrativismo no Sul e nas colônias de povoamento, o trabalho cultural não indígena e o trabalho cultural que, de outro modo, atendem a essa infraestrutura de forma explícita — incluindo as infraestruturas da indústria cultural – escapam da colonização em curso.
STEVE KURTZ
Estética, necropolítica e luta ambiental
Nesta apresentação, Kurtz irá expor preocupações sobre a pobreza da linguagem em relação ao ativismo ambiental, que tende a enfocar a biopolítica, sob a perspectiva de uma estética romântica, ao mesmo tempo em que ignora a necropolítica (a organização da morte). Embora seja fácil construir um consenso em torno da ideia de que a causa primária da acelerada degradação ambiental (uma expressão estetizada em si mesma) são as atividades humanas — ou, mais simplesmente, os próprios humanos —, desenvolver uma ideia do que fazer a respeito do “problema humano” é muito mais difícil — exatamente porque não há linguagem para se falar desse problema de uma forma que não soe totalmente monstruosa. Implicadas em tantas soluções ambientais são as mortes de milhões, senão bilhões, de pessoas. Gostem ou não disso, o valor da vida humana e o valor do meio ambiente estão em uma situação de extremo conflito. Qualquer tentativa de solucionar essa contradição exigirá o reconhecimento explícito de sua dimensão necropolítica maciça, seguido pela determinação de uma política estratégica que aborde o dilema necropolítico. A seguinte pergunta deve ser feita: os seres humanos são capazes de realizar tal tarefa?
Mediação: Stephanie Weber, curadora, Lenbachhaus
14H30–16H30
BRIGITTE BAPTISTE
Transecologia
Desde que o termo começou a ser usado, no final do século 19, há várias formas de entender a ecologia. O uso da ecologia como um recurso heurístico produziu um campo muito rico de abordagens interpretativas, não apenas na área da biologia, mas para negócios e empresas, instituições, leis e em muitos outros domínios afins. A ecologia também ajudou a compreensão do papel da diversidade na evolução e na inovação — esse é o motivo por trás da luta cultural para considerar sexo, gênero e estratégias de cuidado como recursos-chave para a adaptação e, afinal, para a construção da sustentabilidade. A mudança transformadora, uma importante expressão que passou a ser usada nos estudos ambientais e sociais, está se tornando parte de um vocabulário compartilhado com os estudos transgêneros e as ecologias queer — talvez esse seja um resultado surpreendente da crescente conscientização dos seres humanos como formadores do mundo, um papel no qual também pode ser necessário aceitar novas identidades e modos de ser.
JAIME VINDEL
A nação estética fóssil: imaginários industriais, colonialismo americano e modernidade espanhola
Esta apresentação complementará a narrativa de Andreas Malm, para quem há uma relação direta entre as novas formas de exploração do trabalho nas fábricas e indústrias e a crescente concentração atmosférica de gás carbônico (CO2), que desencadeia a dinâmica que causa as mudanças climáticas na atualidade. Destaco a importância que os imaginários fósseis da modernidade industrial tiveram nesse processo: na perspectiva de Jaime Vindel, a cultura fóssil é, nesse sentido, inseparável da economia fóssil. Isso será feito a partir do contexto espanhol, com o objetivo de destacar como esses imaginários são compreensíveis apenas no longo prazo da modernidade colonial, bem como em relação às próprias tensões sociais que ocorreram na história da Espanha nos territórios americanos e peninsulares. Para isso, tomo como tema de discussão o projeto de um monumento a Colombo, criado pelo engenheiro basco Alberto Palacio para a Exposição Universal de Chicago, realizada em 1893, que refletia em imagens a ideia de uma “nação fóssil estética”.
TXAI SURUÍ
Nós somos a floresta
Os povos indígenas acreditam fazer parte da floresta. “Nós somos a floresta” é uma frase que Txai Suruí escutou de indígenas de diferentes etnias, inclusive da sua. A cosmologia e o modo de vida das comunidades indígenas fizeram com que fossem considerados os melhores guardiões da floresta, principalmente porque fogem da lógica capitalista e olham para a floresta não apenas como um cifrão. Meio ambiente e povos originários são temas ligados e o olhar dessas comunidades é cada vez mais importante para contornar a crise climática e humanitária que o mundo vem vivendo. No entanto, na história da ecologia e do meio ambiente nem sempre foi assim. Como valorizar o conhecimento ancestral para salvar o futuro? Como ouvir a floresta?
Mediação: Daniela Rodrigues, assistente curatorial, MASP
10.11.2022
11H–13H
VANDANA SHIVA
Democracia da Terra: proteger o nosso futuro comum em tempos de extinção
A humanidade enfrenta uma crise existencial. Os povos indígenas foram desenraizados, deslocados e exterminados ao longo de 500 anos de colonialismo. A colonização de terras e povos transformou a Mãe Terra, a Terra Viva, em Terra Nullius, a terra vazia, matéria-prima inerte e propriedade privada. Essa transformação e essa colonização continuam, ameaçando extinguir diversas espécies e de diversas culturas. A humanidade não está separada da Terra – é um fio na teia da vida, membro de uma Família Terrestre. A Democracia da Terra tem como fundamento Economias Vivas, Democracias Vivas e Culturas Vivas, todas tecidas na teia da vida por meio de sua diversidade. Cada forma de vida apoia e sustenta todas as outras, em uma relação de mutualidade, cooperação e harmonia. A sociedade e a economia devem refletir isso. Na Democracia da Terra, a economia é um subconjunto da ecologia, que tem como base as leis da Mãe Terra. A Democracia da Terra cria o potencial para uma interconexão mais profunda entre humanos e os outros seres. Ela permite reconhecer que, em um planeta interconectado, a emergência da extinção é uma extinção indivisível. Proteger outras culturas e outras espécies significa proteger o futuro comum.
FILIPA RAMOS
A noite americana de Ana Vaz
Na instalação É noite na América, Ana Vaz acompanha alguns animais do Jardim Zoológico de Brasília com a sua câmara de filmar. Olhando para eles como indivíduos, únicos em si mesmos, a artista revela as suas histórias de cativeiro e resgate e partilha as suas vidas fascinantes e terríveis. Esta obra, ao mesmo tempo celebração e memento mori da vida selvagem do Cerrado, será o ponto de partida para uma série de linhas de análise sobre o potencial da criação artística e cinematográfica na partilha e na criação de narrativas sobre o passado, o presente e sobretudo o futuro do nosso mundo em transformação.
CHICO MANDIRA
Quilombo e Reserva Extrativista do Mandira, exemplo de sustentabilidade
Chico Mandira falará da formação de sua comunidade, situada entre o Vale do Ribeira e o litoral sul paulista, e de como conseguiram se adaptar às circunstâncias de uma política ambiental restritiva e inovar por meio dos trabalhos com o extrativismo e o manejo de ostra na formação de uma reserva extrativista. A atuação de Chico e dos mandiranos vêm garantindo renda, preservando o meio ambiente e tornando sua comunidade reconhecida nacional e internacionalmente por aliar o social, o racial, o econômico e o ambiental.
Mediação: David Ribeiro, assistente curatorial, MASP
14H30–16H30
STEFANIE HESSLER
Erótica ecológica da água
Foi nadando nas águas gregas, ao longo da costa de Milos, que, pela primeira vez, Stefanie Hessler considerou que sua relação com o oceano é erótica. Foi Anne Carson, poeta e especialista na Era Clássica, quem me ajudou a encontrar palavras para expressar o sentimento de desejo corporal e psíquico pelo oceano. Ela descreve eros como uma questão de limites: eros faz com que queira dissolver os limites entre ela e o outro e, ao mesmo tempo, depende dessas divisões. Porém, enquanto a água bate contra seu corpo, no oceano meus limites ficam borrados. Nesta fala, pensando juntamente com ecofeministas queer e decoloniais, ela questiono se a crise ambiental atual e suas interseções sociais estão impregnadas pela erotofobia — pelo medo de se querer estar perto da natureza, de reconhecer que o ser humano é da natureza. Por meio do trabalho das artistas Katerina Teaiwa, Anne Duk Hee Jordan e outras, em cuja prática a interseção de natureza, sexualidade e gênero é cada vez mais colocada em evidência, Stefanie proporá uma erótica ecológica.
GABRIEL MANTELLI
Histórias das temperaturas: descolonizar o clima é aquecer a justiça?
Uma história única da ecologia é temerária porque não alcança as múltiplas relações do humano construídas com o não humano em nosso planeta. Mais recentemente, em tempos de “modernidade” e “ciência”, a aliança do colonialismo com o sistema capitalista tornou difícil a tarefa de “recontar” a história do binômio cultura/natureza como também, em termos substanciais, a própria sustentação física, biológica e artificial do que convencionamos chamar de “vida”. Parece não haver espaço para adiar o fim do mundo. Em um mundo onde as mudanças climáticas imperam nas negociações globais, moldam os empreendimentos e abrem espaços discursivos para o “bem” e para o “mal”, temáticas como justiça climática, colonialismo do carbono e racismo ambiental estressam os campos de visão, impondo abismos na própria definição do que sejam “Direito” e “Justiça”. As propostas de descolonização, no âmbito dessas questões, traçam caminhos virtuosos, deslocam epistemologias e, ao mesmo tempo, servem de greenwashing refinado, dentro e fora de um olhar antropológico dos direitos. No argumento da fala, está a urgência, em um mundo em emergência climática, de descentralizar as “temperaturas” e encarar, de forma crítica, o fenômeno da descolonização do “aquecimento”.
JUDY CHICAGO
Antes que seja tarde
Nesta fala, Judy Chicago traçará o desenvolvimento das preocupações ambientais e ecológicas em seu trabalho, que remontam à década de 1960. Chicago é artista e pretende apresentar imagens de toda a sua carreira que tratam de questões que envolvem meio ambiente, ecologia, justiça climática e direitos dos animais.
Mediação: Isabella Rjeille, curadora, MASP
BRIGITTE BAPTISTE
Brigitte Baptiste é bióloga pela Pontifícia Universidade Javeriana (Bogotá) e mestre em Preservação e Desenvolvimento Tropical pela Universidade da Flórida. É doutora honoris causa em Gestão Ambiental pela Unipaz e em Direito pela Universidade de Regina. Foi diretora do Instituto de Pesquisa de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt e atualmente é reitora da Universidade Ean. É especialista em temas ambientais e ligados à biodiversidade e uma importante líder na área de diversidade de gênero. Também tem sido uma referência na construção de pontes entre política, universidades e ciência. Foi escolhida uma dos 25 especialistas mundiais da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), entre 2016 e 2019.
CHICO MANDIRA
Chico Mandira é liderança do Quilombo do Mandira, localizado em Cananéia, São Paulo. Em companhia de seu tio e na busca de alternativas de renda, iniciou trabalhos no mangue relacionados à criação e engorda de ostras, fato que devolveu a autoestima e perspectivas de melhoria de vida aos membros do quilombo, além de ter rendido uma premiação na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Sustentabilidade, a Rio+10, em Johannesburgo.
FILIPA RAMOS
Filipa Ramos é doutora, escritora e curadora, cuja pesquisa enfoca como a cultura aborda a ecologia. É diretora do Departamento de Arte Contemporânea da Cidade do Porto. É curadora da Art Basel Film e fundou o cinema de artistas online Vdrome. É professora do Programa de Mestrado do Institute Art Gender Nature, da Academy of Arts and Design, na Basileia.
GABRIEL MANTELLI
Advogado de direitos humanos e socioambientais e professor de direito em São Paulo. Atualmente, é assessor da Conectas Direitos Humanos e doutorando em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. Tem mestrado em Direito e Desenvolvimento pela Fundação Getulio Vargas e graduação em Direito pela Universidade de São Paulo. Integra redes de pesquisa nacionais e internacionais com foco em direitos humanos, justiça climática e estudos pós-coloniais e da descolonização.
JAIME VINDEL
Pesquisador de pós-doutorado do Programa de Bolsas Ramón y Cajal (2018), do Instituto de História do Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha, onde tem o cargo de pesquisador principal dos projetos de pesquisa “Estética fósil: una ecología política de la historia del arte, la cultura visual y los imaginarios culturales de la modernidad” [Estética fóssil: uma ecologia política da história da arte, da cultura visual e dos imaginários culturais da modernidade] e “Humanidades energéticas: energía e imaginarios socioculturales entre la revolución industrial y la crisis ecosocial” [Humanidades energéticas: energia e imaginários socioculturais entre a revolução industrial e a crise ecossocial]. Foi coordenador da linha de pesquisa Ecologias Culturais e Imaginação Política, do Programa de Estudos Independentes do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (edições 2017-2018 e 2019-2020) e é autor de Estética fósil: Imaginarios de la energía y crisis ecosocial (Arcadia, 2020), entre outros livros.
JUDY CHICAGO
Judy Chicago é artista e autora de quinze livros. Sua carreira já dura quase seis décadas, período no qual ela produziu um prodigioso conjunto de obras que foi exibido em todo o mundo. Na década de 1970, ela foi pioneira na arte feminista e na educação artística feminista, em uma série de programas desenvolvidos no sul da Califórnia. Ela é mais conhecida por sua monumental The Dinner Party, realizada entre 1974 e 1979, agora em exposição permanente no Museu do Brooklyn. Seu trabalho integra inúmeros acervos, e sua influência continua a ser reconhecida em todo o mundo, mais recentemente por meio de uma retrospectiva de carreira muito elogiada, aberta ao público em agosto de 2021 no de Young Museum, em São Francisco.
NEGO BISPO
Antônio Bispo dos Santos é escritor, mestre quilombola e lavrador, formado por mestras e mestres de ofícios e morador do Quilombo do Saco-Curtume (São João do Piauí), no Brasil. É autor de artigos e poemas e dos livros Quilombos, modos e significados (2007); e Colonização, quilombos: modos e significados (2015). Ativista político e militante de grande expressão no movimento social quilombola e nos movimentos de luta pela terra, é membro da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).
RACHEL O’REILLY
Rachel O’Reilly é uma artista/escritora/curadora e doutoranda no Goldsmiths Centre for Research Architecture, cujo trabalho envolve infraestrutura, planetaridade e não alinhamentos políticos no liberalismo tardio por meio da linguagem, do direito e da imagem em movimento. Ela ministra o seminário At the Limits of the Writerly na comunidade DAI, é fellow de Ecologia no Sandburg Institute e escreve sobre arte-política no colonialismo de povoamento, com Danny Butt, e sobre o legado de movimentos não alinhados, com Jelena Vesic. Suas obras de arte foram apresentadas nas seguintes instituições: KW Berlin, ICA London, Van Abbemuseum, E-flux, Tate Liverpool, Qalandiya International e HKW Berlin. Suas colaborações em curadoria incluem: Moving Images of Speculation JvE, Ex-Embassy.com, Planetary Records, Contour Biennale e Feminist Takes. O último filme da série The Gas Imaginary (2013-21) está disponível online, em www.infractionsdocumentary.net.
STEFANIE HESSLER
Stefanie Hessler é curadora, escritora e editora, e seu trabalho enfoca as ecologias e suas várias interseções sociais. É diretora do Swiss Institute, da instituição internacional sem fins lucrativos, em Nova York. Antes disso, foi diretora do Kunsthall Trondheim, na Noruega, onde codirigiu a exposição baseada em pesquisa Sex Ecologies e editou o respectivo compêndio sobre ecologias queer, sexualidade e cuidados em mundos mais-que-humanos (publicado por The Seed Box e MIT Press, 2021). Outros projetos curatoriais recentes incluem a 17ª Bienal Momenta, intitulada Sensing Nature, em Tiohtià:ke/Mooniyaang/Montreal; Rising Tides/Down to Earth, no Gropius Bau, em Berlim (2020); e Joan Jonas: Moving off the Land II, no Ocean Space, em Veneza (2019). Hessler publicou como autora Prospecting Ocean, em 2019, pela MIT Press e pela TBA21–Academy, e editou várias obras, incluindo Tidalectics: Imagining an Oceanic Worldview through Art and Science (MIT Press, 2018).
STEVE KURTZ
Steve Kurtz é professor emérito e membro fundador do Critical Art Ensemble. O CAE é um premiado coletivo de artistas de várias áreas de especialização — incluindo imagem digital e web design, wetware, filme/vídeo, fotografia, arte de texto, arte de livro, instalação e performance —, que tem como objetivo explorar as interseções de arte, tecnologia, ativismo político e teoria crítica. Por mais de três décadas, o CAE produziu e exibiu obras de arte em todo o mundo, as quais examinam questões relacionadas às tecnologias da informação e da comunicação, biotecnologias e luta ecológica e ambiental.
TXAI SURUÍ
Walelasoetxeige Suruí — Txai Suruí — é uma jovem ativista do povo Paiter Suruí, que fundou e coordena o movimento da Juventude Indígena de Rondônia. Foi a única brasileira a falar na abertura da COP26 (2021). É coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental — Kanindé e conselheira suplente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Rondônia. Uma grande voz do ativismo climático indígena, é voluntária no Engajamundo e conselheira do WWF-Brasil e do Pacto Global da ONU. Txai é também acadêmica de Direito e colunista da Folha de S. Paulo.
VANDANA SHIVA
Vandana Shiva é física e cursou doutorado na University of Western Ontario, no Canadá. Mais tarde, mudou de área para a pesquisa interdisciplinar em ciência, tecnologia e política ambiental, que realizou no Indian Institute of Science e no Indian Institute of Management, em Bangalore. Em 1982, fundou um instituto independente, a Research Foundation for Science, Technology and Ecology, em Dehradun. Em 1991, criou o Navdanya, um movimento nacional que visa proteger a diversidade e a integridade dos recursos vivos, em especial as sementes nativas, a promoção da agricultura orgânica e o comércio justo. Em 2004, ela fundou a Bija Vidyapeeth, uma faculdade internacional para a vida sustentável no Vale Doon, em colaboração com o Schumacher College, no Reino Unido. Ela recebeu títulos honorários de doutorado e diversos prêmios.