Este seminário acompanha a semana de abertura da exposição coletiva Histórias indígenas, organizada pelo MASP em colaboração com o Kode Bergen Art Museum. Ocupando as galerias do primeiro andar e do segundo subsolo do MASP entre 20 de outubro de 2023 e 25 de fevereiro de 2024, e em seguida viajando para o Kode, onde será exibida entre 26 de abril e 25 de agosto de 2024, a exposição apresentará diferentes perspectivas sobre as histórias indígenas da América do Sul, América do Norte, Oceania e Escandinávia, por meio da arte e da cultura visual, com a curadoria de artistas e pesquisadores indígenas ou de ascendência indígena, reunindo obras de várias mídias e tipologias, origens e períodos, desde o período anterior à colonização europeia até o presente.
Outros quatro seminários sobre as Histórias indígenas foram realizados anteriormente, em 2017, 2019, 2020 e 2021, antecipando uma programação ao longo do ano de 2023 de exposições, oficinas, palestras, publicações e cursos. Estiveram presentes nessas quatro edições Ailton Krenak, Aristóteles Barcelos Neto, Claudia Andujar, Davi Kopenawa, Edson Kayapó, Els Lagrou, Joseca Yanomami, Luis Donisete Grupioni Benzi, Luisa Elvira Belaunde, Lux Vidal, Milton Guran, Pedro de Niemeyer Cesarino, Sandra Benites, Brook Andrew, Daiara Tukano, Denilson Baniwa, Franchesca Cubillo, Heather Ahtone, Moara Brasil, Nigel Borell, Sarah Ligner, Scott Manning Stevens, Ticio Escobar, Ariel Kuaray Ortega, Carlos Fausto, Rosaura Andazabal, Abraham Cruzvillegas, Sebastián Calfuqueo Aliste, Sandra Gamarra, Dirce Jorge Kaingang, Greg Hill, Suzenalson Kanindé, Nuno Porto, Liça Pataxoop, Megan Tamati-Quennell, Luiz Eloy Terena e Pablo José Ramírez.
ORGANIZAÇÃO
David Ribeiro, assistente curatorial, MASP; Edson Kayapó, curador-adjunto de arte indígena, MASP; Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP; Kássia Borges Karajá, curadora-adjunta de arte indígena, MASP e Renata Tupinambá, curadora-adjunta de arte indígena, MASP.
PRESENCIAL, COM TRANSMISSÃO AO VIVO
O seminário será presencial e terá transmissão online e gratuita por meio do perfil do MASP no YouTube, com tradução simultânea em libras e inglês.
VAGAS LIMITADAS
Não há necessidade de inscrição prévia, mas o Auditório MASP está sujeito à lotação.
Comparecer com 1h de antecedência.
CERTIFICADO
Para receber o certificado de participação, é necessário registrar sua presença na lista que será disponibilizada durante o seminário.
CLIQUE AQUI e acesse a programação completa.
10H—10H15
Introdução
GUILHERME GIUFRIDA, curador assistente, MASP
10H15—10H45
Sessão de abertura
EDSON KAYAPÓ, KÁSSIA BORGES KARAJÁ e RENATA TUPINAMBÁ
Tempo não tempo
O mundo é feito de infinitas narrativas e perspectivas sobre a vida, a cultura, a memória e a história, e não de uma linearidade imutável congelada no passado ou projetada no futuro. Para os povos originários o mundo é composto da atemporalidade que atravessa toda criação da humanidade. Tempo não tempo mergulha fora do tempo estabelecido pelo Ocidente e sua filosofia imposta pela dominação territorial. É necessário dizer: “Nós estamos aqui há muitos anos, a gente pertence a este território”, salientando o fato de que vivemos um momento ímpar para a retomada através da arte contemporânea indígena brasileira, mas que, antes de pensarmos sobre os artistas que “miram” para o futuro, é necessário destacar que as operações simbólicas dos povos originários têm raízes ancestrais muito mais profundas.
Mediação: Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP.
10H45—12H45
Mesa redonda
IRENE SNARBY
Várveš: Escondidos do dia
Várveš é uma antiga palavra dos Sami do norte que designa um estado mental ou a capacidade de sentir algo antes dos outros, de ver e ouvir mais do que as pessoas ao redor. Também pode significar a capacidade de prever coisas que acontecerão no futuro, ou simplesmente saber quando é preciso permanecer em silêncio e ocultar o conhecimento quando este estiver ameaçado. O várveš também pode estar ligado à religião animista Sami. É um dom divina quando relacionado a sobreviver e fazer parte da natureza, mas também pode ser um elemento profundamente perturbador, uma vez que confere a responsabilidade de contar e alertar, como os artistas geralmente fazem. O povo Sami vive no território chamado Sápmi, que inclui grandes áreas da Noruega, da Suécia, da Finlândia e da península de Kola, na Rússia. Eles compartilham um relacionamento forte e íntimo com a natureza e com suas terras, o que frequentemente se manifesta no duodji. Esse termo engloba a visão de mundo, a espiritualidade, o conhecimento, as concepções de natureza, a criatividade e a criação de objetos que refletem a vida dos Sami.
SANDRA GAMARRA
Pachakuti: o mundo de cabeça para baixo
A história que se conta aqui é a da representação de um indivíduo que deixa de ser um objeto conquistado e se torna objeto de estudo, que foi transformado e reformulado para ser ouvido e sentido, em um processo cambiante de cheias e vazantes, como o fluxo de um rio. A compreensão de um indivíduo, que não pode ser entendido sem a comunidade de que faz parte e o espaço em que habita, tem se mostrado difícil para nós, uma vez que a nossa sociedade se baseia justamente na construção do indivíduo livre ou que conquista seu ambiente. Pachakuti é um conceito quéchua e aimará que diz respeito a uma mudança radical na ordem do espaço e do tempo. Foi essa mudança radical que transformou o mundo destas civilizações que coexistem com a nossa. Para que suas vozes sejam ouvidas, é necessário que a nossa também passe por uma transformação que nos permita entender essas diferenças por meio da complementaridade, não do confronto.
NIGEL BORELL
Rompendo a representação
Para os povos indígenas, circular pela política de representação está intimamente associado com o legado que a colonização exerceu na formação desses entendimentos. Esta história complexa e muitas vezes conturbada se entrelaça com questões de apropriação cultural, autenticidade e “o Outro”. Concentrando-se na arte maori contemporânea de Aotearoa/Nova Zelândia, esta fala analisa e desvenda algumas das formas de representação que impactaram e moldaram as conversas sobre a arte daquele povo. Apresentadas por meio do trabalho de catorze artistas, elas respondem de forma coletiva a questões sobre representação e rompem com seu legado colonial. Assim, a ruptura da representação pode ser compreendida como um ato intencional. Trata-se de reivindicar e restabelecer formas de representação que enfocam e empoderam uma visão de mundo e um olhar maori.
FEDERICO CUATLACUATL
O contrabando como resistência
Os atos de contrabando tornam-se gestos de resistência, autopreservação e rematriação por meio da indigeneidade transfronteiriça. Como nos transformamos em armas por meio de nossa própria cultura? Como a cultura se torna uma arma para se manter e se desenvolver? Como aceitamos o fato de sermos o “Outro” em um contexto tão xenófobo como uma forma de resistir e construir a solidariedade? Como o contrabando do próprio patrimônio se torna um ato de resistência?
Mediação: David Ribeiro, assistente curatorial, MASP
12H45—14H
Intervalo
14H—16H
Mesa redonda
ABRAHAM CRUZVILLEGAS
A construção do “eu”
Na região atualmente conhecida como México, nenhuma representação dos indígenas durante o período colonial – e até mesmo depois da Revolução Mexicana –, com poucas exceções, foi produzida por artistas indígenas, pois dificilmente eles eram autorizados a fazer parte de guildas ou escolas de arte. Na sociedade mexicana contemporânea, raça e classe formam um catálogo de todos os tipos de violência na vida cotidiana, intimamente relacionada à ideia do mestiço: a “raça cósmica”. As histórias subjetivas falam com maior precisão sobre o conhecimento e as culturas de indivíduos e comunidades indígenas no México do que qualquer destino institucionalizado existente sobre a diversidade. Essas representações dos próprios artistas indígenas acompanham a negociação de modos problemáticos e críticos em relação ao indigenismo considerado de forma convencional. A sobreposição do desafio de pertencer aos povos indígenas com quaisquer genealogias possíveis da história da arte – combinada com suas próprias tradições e línguas, inclusive as línguas faladas – adquire forma no espaço – ao se fazer arte – como novas questões, como “quem somos?”, “o que é a natureza?” ou “o que é a arte?”. Todos juntos e ao mesmo tempo.
MICHELLE LAVALLEE e JOCELYN PIIRAINEN
Relações que nutrem: família, comunidade e terra
A narração das histórias indígenas ocorre ao longo de um período contínuo, no qual os contornos do tempo se suavizam, e o passado e o presente constantemente se fundem. Nossas visões de mundo são construídas em torno de uma constelação de relacionamentos e, como entidades vivas, exigem reflexão e cuidado para florescer. A arte é um meio de contar relatos, documentar histórias e narrar experiências cotidianas para as gerações atuais e futuras. Ao destacar a resiliência do conhecimento indígena fundamentado em seus locais de origem, os artistas falam sobre a importância de nossas relações com a terra e com as outras pessoas por meio de uma abordagem contemporânea com base na adaptação e em tradições diversas. A capacidade de ação cultural e a autodeterminação afirmam a nossa devoção compartilhada a identidades pessoais e comunitárias, bem como a lugares e práticas costumeiras que permeiam gerações, culturas, geografias e línguas. Juntas, as vozes dos artistas Inuítes, das Primeiras Nações e Métis falam sobre a continuidade das culturas e sobre a conexão entre todas as coisas. Nossas relações profundas são alimentadas e continuamente renovadas em locais de reunião – locais que são incorporados pela própria terra e mantidos em espaços da família e da comunidade.
BRUCE JOHNSON-McLEAN
Histórias de pintura no deserto
Em 1971 um projeto de arte teve início em uma escola local do povoado indígena de Papunya, no Deserto Ocidental da Austrália. Lá, um professor do ensino médio propôs uma série de murais pintados por seus alunos e membros da comunidade local nas próprias paredes do colégio. Muitos dos envolvidos gostaram tanto que pediram materiais de pintura para continuar produzindo obras e, em pouco tempo, um grupo maior estava pintando todos os dias, criando um movimento que foi se espalhando por outras regiões do continente australiano. Com a continuidade do movimento nas décadas seguintes, estilos individuais surgiam e as escalas das obras aumentaram, passando de pequenas pinturas sobre tábua a grandes telas, atraindo cada vez mais atenção e reconhecimento mundial. Quando essas obras-primas começaram a circular pelo circuito de arte mais amplo, a popularidade da pintura cresceu rapidamente e, em poucas décadas, esse estilo se tornou sinônimo do povo e da cultura aborígenes e uma parte icônica da cultura australiana.
LENA STENBERG
Fronteiras
Em meu último projeto artístico, trabalhei a partir de um amplo material fotográfico que documenta a vida de meus antepassados em Tromsdalen, Noruega, de 1860 a 1930. Quando comecei a procurar imagens em arquivos digitais, percebi que existiam muito mais fotografias do que eu imaginava e que era possível identificá-las com o auxílio de arquivos fotográficos de antropólogos e outros pesquisadores. Em 1920, devido à política nacionalista de colonização imposta aos Sami, com o fechamento das fronteiras, meus antepassados foram obrigados a deixar sua terra natal, na Noruega. Esse fato teve consequências profundas e duradouras na vida e nos meios de subsistência do povo Sami. Eles foram removidos à força, e assim cederam terras agrícolas para os noruegueses. Isso afetou toda uma geração, bem como seus filhos e netos. Isso afeta a sociedade Sami até os dias atuais.
Mediação: Isabella Rjeille, curadora, MASP
16H—17H30
Conferência de encerramento
MELISSA CODY
Céus tramados
Céus tramados é a primeira exposição individual internacional de Melissa Cody (Navajo) e apresenta 35 anos de trabalho. Este grande levantamento de tecelagens mostra uma progressão de técnica e exploração estilística que mergulha em contextos históricos tradicionais até à sua narrativa atual. Usando o estilo Germantown de tecelagem e lã, Cody constrói paisagens oníricas de cores psicodélicas por meio de padrões como Burntwater, Wide Ruins e Eye Dazzlers. Em sua série de trabalhos mais recentes, ela se baseou em peças tecidas à mão e as reconstruiu em obras tecidas digitalmente. Um caminho novo e emocionante, o trabalho digital de Cody está expandindo sua narrativa para novos públicos e mostrando as infinitas possibilidades de tecer e contar histórias.
GLICÉRIA TUPINAMBÁ
Um manto que fala
O Manto Tupinambá de Glicéria Tupinambá, traz uma releitura do antigos mantos do século 17, e mais antigos, dos primeiros Tupinambá no período colonial. Em sua obra artística e encantaria, como Tupinambá de Serra do Padeiro, no município de Buerarema, no extremo Sul da Bahia, ela mostra a potência tradicional na contemporaneidade nesta tecnologia ancestral. Quando o Manto Fala (2023), de sua direção junto de Alexandre Mortágua, é um trabalho audiovisual, que reforça a perspectiva feminina e o protagonismo da mulher indígena. Guiada pela intuição, seus sonhos e sensibilidade, como mãe, mulher e liderança, fica evidente a força da narrativa trazida pela fala do Manto Tupinambá de Serra do Padeiro sob sua visão cosmogônica e artística. O Manto é como uma testemunha do genocídio de uma nação, e o que ele diz em um universo de subjetividades e mistérios, é que esse povo está vivo como sua cultura, sendo capaz de se adaptar, trazendo seus saberes e ciência ao mundo.
Mediação: Renata Tupinambá, curadora-adjunta de arte indígena, MASP
ABRAHAM CRUZVILLEGAS
Membro ativo da Intergalactic Taoist Tai Chi Society. Seu trabalho fez parte de exposições em instituições como a 50ª Biennale di Venezia (2003), a 10ª Bienal de Havana (2009), a 6ª Seoul Mediacity Biennale (2010), a 12ª Bienal de Istambul (2011), o Museo Jumex (2014-15), a Sharjah Biennial 12: The Past, the Present, the Possible (2015), a Tate Modern (2015), a 10ª Bienal da Nicarágua (2016), o Ginza Maison Hermès: Le Forum (2017), a 21ª Biennale of Sydney (2018), a Kunsthaus Zürich (2018), o Museo Universitario de Ciencias y Arte (2018), a Honolulu Biennial (2019), o Aspen Art Museum (2019), o Contemporary Austin (2019) e o Bass Museum of Art (2022). Em 2016, a Harvard University Press publicou The Logic of Disorder [A lógica da desordem], uma coletânea de textos de sua autoria.
BRUCE JOHNSON-McLEAN
Diretor assistente “Barbara Jean Humphreys” na área de engajamento indígena da National Gallery of Australia. Foi curador de arte indígena australiana na Queensland Art Gallery/Gallery of Modern Art (QAGOMA), onde participou da curadoria de diversas exposições de arte indígena contemporânea. Fez parte da equipe curatorial da Asia Pacific Triennial of Contemporary Art (2018-19) e das exposições Story Place: Indigenous Art of Cape York and the Rainforest (2003), Land, Sea and Sky: Contemporary Art of the Torres Strait Islands (2011) e GOMA Q: Contemporary Queensland Art (2015), assim como da série Contemporary Australia. Em 2002, foi contemplado com o prêmio National Aboriginal Youth of the Year. Além disso, é compositor, dançarino e músico, especializando-se no instrumento yidaki (didjeridu). Pertence ao povo Wierdi, da nação Birri Guba de Wripid, na região central do estado de Queensland, Austrália.
EDSON KAYAPÓ
Edson Kayapó é pertencente ao povo Kayapó-Mebengokré, localizado na Floresta Amazônica. Ativista do movimento indígena e ambientalista, é professor de História Indígena no Instituto Federal da Bahia - IFBA, docente credenciado no Programa de pós-graduação em ensino e relações étnico-raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia - PPGER/UFSB, curador adjunto de arte indígena no MASP e consultor da Organização Internacional do Trabalho - OIT / Organização das Nações Unidas - ONU. Doutor em Educação pela PUC-SP, mestre em História Social pela mesma instituição e graduado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
FEDERICO CUATLACUATL
Federico nasceu em 1991, em Coapan, Cholula, no México. Seu trabalho tem como objetivo disseminar temas da imigração, das práticas de arte social e da sustentabilidade cultural do povo Náuatle. Com base em sua própria experiência de vida como imigrante sem documentação e anteriormente sujeito à política norte-americana de Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), a prática criativa de Federico enfoca a interseccionalidade da indigeneidade e da imigração na urgência do Antropoceno. No centro de suas pesquisas e produções artísticas mais recentes encontra-se a interseção da indigeneidade transfronteiriça, das diásporas indígenas e dos futurismos Náuatle.
GLICÉRIA TUPINAMBÁ
Artista, ativista e educadora indígena da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. Aos 39 anos, participa intensamente da vida política e religiosa dos Tupinambá, envolvendo-se, sobretudo, em questões relacionadas à educação, à organização produtiva da aldeia, serviços sociais e direitos das mulheres. Foi indicada ao prêmio Pipa 2022 e é voz ativa na ONU pelos direitos dos povos indígenas.
IRENE SNARBY
Doutoranda na Arctic University of Norway e faz parte do grupo de pesquisa Worlding Northern Art (WONA). Snarby tem pesquisado e trabalhado no campo da arte sami desde o início da década de 1990. Foi curadora do RiddoDuottarMuseat, em Karasjok, Noruega, e compôs o comitê para aquisição de arte contemporânea e dáiddaduodji do parlamento sami. Além de trabalhar como curadora e consultora, Snarby escreveu artigos, editou várias publicações e deu diversas aulas sobre arte sami.
JOCELYN PIIRAINEN
Tem experiência como curadora adjunta da área de Modos indígenas e descolonização na National Gallery of Canada, e de arte inuíte na Winnipeg Art Gallery-Qaumajuq. Entre seus trabalhos estão ᐊᖏᕐᕋᒧᑦ/Ruovttu Guvlui/Towards Home, no Canadian Centre of Architecture (2022), e Tunirrusiangit: Kenojuak Ashevak and Tim Pitsiulak, na Art Gallery of Ontario (2018). Escreveu para as revistas Canadian Art, Canadian Geographic e Inuit Art Quarterly. Pertence aos Inuk de Ikaluktutiak, em Nunavut, Canadá.
KÁSSIA BORGES KARAJÁ
Graduada em artes visuais e pós-graduada em filosofia política pela Universidade Federal de Uberlândia, mestra pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, doutora em ciências do ambiente e sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas. Pesquisadora especializada em origem, mulher e ancestralidade na Rede de Estudos Ambientais dos Países de Língua Portuguesa (REALP), e professora adjunta no Instituto de Artes da UFU. Integra o Movimento dos Artistas Huni Kuin (Mahku) e tem participado de eventos como o Salão da Cidade de Porto Alegre e o Salão Victor Meirelles, além de integrar exposições e coleções em instituições como o Centro Cultural Banco do Brasil, o Instituto Moreira Salles, a Pinacoteca de São Paulo, a Haus der Kunst, na Alemanha, o Museum Tinguely, na Suíça, o Museu de Arte Contemporânea de Goiânia e o MASP. É curadora do Museu do Índio de Uberlândia, curadora adjunta de arte indígena do MASP e membro do conselho do Instituto Rouanet. Pertence ao povo Karajá, dos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso.
LENA STENBERG
Lena Stenberg cresceu em uma comunidade Sami de pastores de renas, que tem em suas terras ancestrais a maior mina subterrânea do mundo. A terra é extraída em grande escala, e isso afetou a vida de sua família e de sua comunidade. Stenberg trabalha com obras tridimensionais, esculturas, instalações e fotografia. Os temas centrais de seu trabalho artístico são natureza, cultura, identidade e questões de pertencimento. Ela também tem interesse em como o ambiente e a paisagem moldam a identidade das pessoas e em como a história dos diferentes lugares está relacionada com o presente. Suas obras frequentemente transitam entre reflexões históricas e questões políticas contemporâneas.
MELISSA CODY
Nascida em 1983 no Arizona, é membro da nação Navajo. Em 2005, ela recebeu diploma de bacharel em Estudos de Museus e o AFA em Studio Art pelo Institute of American Indian Arts em Santa Fé, Novo México. O trabalho de Cody é um equilíbrio entre tradição, história e contemporaneidade. Trabalhando em um tear navajo tradicional, Cody funde padrões clássicos em intrincadas sobreposições geométricas e formas de cores tentadoras. Suas obras estão em várias coleções de museus, incluindo as do Minneapolis Institute of Arts, do Autry Museum of the American West e do Stark Museum of Art, Orange, Texas.
MICHELLE LAVALLEE
Mãe, curadora, e atualmente ocupa o cargo de diretora na National Gallery of Canada das áreas de Modos indígenas e iniciativas curatoriais. Seu trabalho tem explorado as relações coloniais que moldaram as culturas históricas e contemporâneas através de exposições como Blow Your House In: Vernon Ah Kee (2009), Moving Forward, Never Forgetting (2015), 7: Professional Native Indian Artists Inc. (2013-16) e Radical Stitch (2022-24). Pertence aos Anishinaabe-Ojibway, Austrália.
NIGEL BORELL
Escritor, especialista em arte maori e curador taonga maori no Auckland War Memorial Museum, Aotearoa Nova Zelândia. Foi curador de exposições como The Māori Portraits: Gottfried Lindauer’s New Zealand, no Young Fine Arts Museum de São Francisco (2017) e Toi Tū Toi Ora: Contemporary Māori Art, na Auckland Art Gallery Toi o Tāmaki (2020-21). Foi também cocurador da Moa Hunter Fashions, Areta Wilkinson para a 9ª Asia Pacific Triennial of Contemporary Art, Austrália (2018). Tem ascendência dos povos Pirirakau, Ngāti Ranginui, Ngāi Te Rangi e Te Whakatōhea Māori.
RENATA TUPINAMBÁ
Curadora-adjunta do MASP e fundadora da Originárias Produções. É jornalista, roteirista, artista e produtora, atuando desde 2005 na difusão das culturas indígenas. Foi co-fundadora da Rádio Yandê e criou em 2018 o podcast Originárias, de entrevistas com artistas e músicos indígenas. Colaboradora do Acessibilindígena, curadora do Festival de Cinema e Cultura Indígena 2022, do Edital Natura Musical 2021, do Festival Corpos da Terra 2021, do Festival de Música Indígena no Indígenas BR 2021-2022, do Escuta Festival 2021-2022 do IMS-RJ e da Mostra de Etnomídia Indígena II 2021. Criou o Slam Coalkán 2021 da FLUP, que reúne poetas indígenas de todo o continente americano e é uma das idealizadoras e curadora do 1º Festival de Música Indígena Contemporânea (2019).
SANDRA GAMARRA
Estudou Belas Artes na Universidad Católica del Perú. Em 2002, criou o Museo de Arte Contemporaneo de Lima (LiMac), um museu real/falso, como uma resposta ao vácuo institucional no Peru. Inicialmente baseada em “souvenirs” como borrachas, lápis, ioiôs, Gamarra desenvolveu a coleção do museu com suas apropriações pintadas e o projeto arquitetônico de um edifício invisível sob o deserto de Lima. Sempre camuflado e híbrido, o uso constante da pintura por Gamarra funciona como um espelho que altera os formatos de exposição, suas narrativas e a própria noção de propriedade e circulação da cultura ocidental.