O argentino Hector Julio Páride Bernabó, conhecido como Carybé, viveu parte de suainfância em Gênova e Roma, Itália. Sua primeira exposição individual foi em Buenos Aires, em 1940. Foi a Salvador pela primeira de
muitas vezes, mas somente em 1950 mudou‑ se definitivamente para o Brasil. Carybé fez parte da primeira geração de artistas modernistas da Bahia, ao lado de Mario Cravo Jr. e Genaro de Carvalho (1926-1971). Foi
fortemente influenciado pelo candomblé, por meio do qual estabeleceu relações com Jorge Amado (1912-2001), e ilustrou vários livros do escritor. Participou da 28ª Bienal de Veneza (1956) e de diversas edições da
Bienal de São Paulo, onde recebeu o prêmio de melhor desenhista brasileiro na terceira edição (1955). Carybé deu visibilidade extraordinária para a cultura afro‑ brasileira e o cotidiano baiano, algo até então pouco
explorado na arte.
Briga de cachorrosé feita num período em que Carybé viajava pela América Latina, embora muitas vezes agregasse na pintura elementos de sua memória brasileira. A briga de cachorros, algo típico do cotidiano de muitas cidades do
continente, pode ter também raízes brasileiras. Os cachorros de raças e cores diferentes podem ser vistos como representação da violência existente em um processo de miscigenação.