MASP

Benedito José Tobias

Mulher , Entre 1934-1963

  • Autor:
    Benedito José Tobias
  • Dados biográficos:
    São Paulo, Brasil, 1894 - São Paulo, Brasil, 1963
  • Título:
    Mulher
  • Data da obra:
    Entre 1934-1963
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    33 x 24 cm
  • Aquisição:
    Doação anônima, 2021
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.11330
  • Créditos da fotografia:
    Eduardo Ortega

TEXTOS


Por Joyce Farias
Benedito José Tobias escolhe, define e representa sujeitos negros de forma insistente—podendo até parecer visualmente monótono—como figuras isoladas em fundos planos. Na verdade, são indícios de um interesse complexo, indo além da simples preocupação pelas formas e cores. Quando se trata da representação do negro, estamos diante de um debate para além das questões estéticas. O que essa negritude representada pelo artista diz sobre o próprio artista? Essa negritude se confirma como um tema que valida um olhar crítico por parte do artista? Se não podemos situar de onde advém o discurso que nutre a produção de retratos de Tobias, podemos pelo menos expandir o olhar para seus retratados. Nessa perspectiva de representação de negros e negras, a obra Mulher, com datação imprecisa (1934-1963), apresenta uma mulher negra vestida com um tecido branco no busto e um lenço branco na cabeça. A retratada está com sua cabeça ligeiramente deslocada do eixo de frontalidade, o que permite vermos uma de suas orelhas com um brinco de argola em metal. Sobre suas feições, a mulher tem um nariz largo e lábios grossos. As maçãs do rosto são bem-marcadas pelo sombreado. A pele negra apresenta tons marrons, mas vibrantes com o uso do vermelho; há também áreas iluminadas por uma luz que incide no lado esquerdo do rosto, marcando a testa, a pálpebra, a ponta do nariz, a bochecha e os lábios. Ela carrega um semblante de altivez. A mulher negra não tem identificação, mas parece expor, pela expressão de seu rosto, uma resposta ao espectador de quem ela é. Por isso, seu olhar firmemente procura a quem a encara e a confronta. Não há sutilezas nessa imagem, a mensagem é direta. O artista problematiza a invisibilidade da retratada na sociedade e a torna, nesta pintura, o espectro daquilo que se tentou recuperar na representação desta mulher, o indivíduo por sua identidade, por sua essência de ser.

— Joyce Farias, 2022



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