MASP

Anna Bella Geiger: Brasil nativo / Brasil alienígena

29.11.2019-1.3.2020

MASP
29.11.2019-1.3.2020
SESC Av. Paulista
30.11.2019-1.3.2020


Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, 1933) é uma artista pioneira no cenário brasileiro, com uma obra de caráter verdadeiramente inovador e experimental, que cruza dimensões e simbologias de ordens política e pessoal, corporal e conceitual, formal e estética. Geiger foi uma das primeiras artistas a ter engajamento com a arte abstrata no Brasil, participando da histórica e inaugural exposição de arte abstrata no Brasil, no hotel Quitandinha, em Petrópolis (RJ), em 1953. Trabalha também, desde os anos 1970, com vídeo, arte conceitual e arte postal.

Organizada pelo MASP em parceria com o Sesc São Paulo, esta mostra toma emprestado o título de um dos trabalhos mais emblemáticos de Geiger, Brasil nativo/Brasil alienígena (1976/1977), que é utilizado como ponto de partida e eixo condutor da exposição. Nessa série, a artista se apropriou de cartões-postais que representam de forma idealizada o cotidiano dos Bororo, povo indígena do Mato Grosso. Estas imagens revelam-se bastante perversas quando se leva em conta o contexto do Brasil nos anos 1970, em que os povos indígenas estavam sofrendo com a violência das políticas de Estado do governo militar. Para cada postal a artista elaborou releituras a partir de retratos de si mesma e de sua família, feitos na varanda de sua casa. Neste trabalho, como em vários outros, Geiger questiona as narrativas hegemônicas, o passado colonial brasileiro e a realidade social do país, articulando política, autorrepresentação, ironia e ficção, a partir de uma perspectiva muitas vezes autobiográfica. 

A mostra reúne 190 obras, dos anos 1950 aos dias de hoje, em diferentes formatos, suportes e linguagens, e que atestam a extraordinária amplitude do trabalho de Geiger. Nesse sentido, a exposição abrange a abstração informal, o interesse da artista pelo interior do corpo humano, o autorretrato, mapas, geografias, paisagens, equações, bem como a crítica do sistema das artes e a análise de questões políticas e históricas do Brasil. 

No MASP, o percurso da artista é apresentado em sete núcleos: Autorretratos (1951-2003), Viscerais (1965-1969), Mapas e geografias (1972-2018), Sobre a arte (1973-2018), Cadernos (1974-1977), História do Brasil (1975-2015), e Macios e noturnos (1984-1986). No Sesc Avenida Paulista são expostas três instalações históricas de Geiger remontadas especialmente para a exposição — Circumambulatio (1972); Mesa, friso e vídeo macios (16a Bienal de São Paulo, 1981), e Indiferenciados (2001) —, além de três vídeos — Passagens 1 (1974), Passagens 2 (1974) e Telefone sem fio (1976). 

CURADORIA Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Tomás Toledo, curador-chefe, MASP.