MASP
agosto de 2021 a fevereiro de 2022
Casa Roberto Marinho
março de 2022 a junho de 2022
Maria Martins (Campanha, Minas Gerais, 1894 – Rio de Janeiro, 1973) é uma artista fundamental na história do modernismo brasileiro e no panorama do surrealismo internacional. Ela é conhecida por suas esculturas em bronze, seus desenhos e suas gravuras que representam figuras femininas híbridas, bem como mitologias indígenas amazônicas, afro-brasileiras e da antiguidade clássica. Esta é a mais ampla exposição dedicada à artista e no MASP é contextualizada num biênio da programação dedicado às
Histórias brasileiras, em 2021-22.
Foi nos anos 1940, após mudar-se para os Estados Unidos, que Maria Martins se tornou mais conhecida como artista e intermediadora cultural, obtendo rápida inserção no circuito internacional. O fato de ter desenvolvido grande parte de seu trabalho no exterior a impediu de participar ativamente dos movimentos modernistas brasileiros. Porém, Martins não deixou de realizar suas leituras e contribuições únicas a respeito de certa visualidade nacional, o que acabou lhe rendendo a alcunha de “escultora dos trópicos”. A artista buscou nas mitologias amazônicas e na cultura afro-brasileira referências para suas primeiras obras, dialogando com as tendências modernistas brasileiras da primeira metade do século 20. No entanto, a partir
de meados dos anos 1940, ela deixou de lado uma visualidade comumente associada ao Brasil e passou a criar suas próprias mitologias em peças de bronze de médias e grandes dimensões.
Questões relacionadas ao desejo, ao erotismo e a uma ideia de feminino sempre estiveram presentes na prática artística de Martins e ganham ares “monstruosos” e inquietantes, desafiando a moralidade da época e as expectativas do público internacional a respeito do trabalho de uma artista brasileira.
O título desta exposição deriva de uma obra de Martins chamada
Désir imaginant [Desejo que imagina, ou imaginante],
cujo paradeiro atual é desconhecido e sobre a qual a artista escreveu a epígrafe acima, que abre este texto. Ao colocar o desejo como sujeito da ação de imaginar, Martins enfatizou seu potencial criativo, transformador e subversivo. Assim, o desejo pode ser entendido como uma força motriz que atravessa toda sua produção, atribuindo agência a um sentimento muitas vezes silenciado, sobretudo quando quem deseja e o expressa é uma mulher.
Maria Martins: desejo imaginante inclui 45 trabalhos, entre esculturas e gravuras, produzidos nas décadas de 1940 e 1950, além de 41 publicações e fotografias que narram a história da artista. A mostra é dividida em 5 núcleos que abordam como Martins articulou os diversos imaginários acerca do Brasil e dos trópicos ao longo de sua produção – um lugar reivindicado, reafirmado e reinventado por ela.
A mostra de Maria Martins integra o biênio da programação do MASP dedicado às
Histórias brasileiras, em 2021-22, coincidindo com o bicentenário da independência em 2022. Neste primeiro ano, todas as mostras são dedicadas a mulheres, com individuais de Conceição dos Bugres, Erika Verzutti, Gertrudes Altschul, Maria Martins, Ione Saldanha, e, na Sala de Vídeo, Ana Pi, o coletivo Teto Preto, Regina Vater, Zahy Guajajara e Dominique Gonzalez-Foerster.
CURADORIA Isabella Rjeille, curadora, MASP