Nesta edição do MASP Conversas, a artista Tania Ximena fala sobre o processo de realização de La marcha del líquen [O avanço do líquen], atualmente em exibição na Sala de Vídeo do MASP. A obra, apresentada em dois canais consecutivos, conecta a Antártica a outras partes do planeta. O continente gelado — que em tempos remotos já foi uma floresta tropical, como a Amazônia — volta a reverdecer com o derretimento acelerado das geleiras, abrindo espaço para líquens e musgos no solo recém-exposto.
Enquanto isso, na região do Golfo do México, marés cada vez mais altas avançam sobre a costa de Tabasco como resultado do aumento do nível do mar. Não se trata de uma inundação isolada, mas de um processo constante: a água corrói margens, toma casas, ruas e memórias. Os povos indígenas Yokot’an, que por gerações souberam lidar com a variação das marés, hoje são forçados a se deslocar — e a comunidade de El Bosque praticamente desapareceu. O que acontece em um extremo do planeta repercute no outro. A obra não anuncia um “fim do mundo”, mas pergunta: como queremos habitar a Terra diante da mudança dos ritmos? Que saberes escutamos, que técnicas adotamos, que paisagens estamos dispostos a perder?
A partir da paisagem, que assume papel de protagonista, Ximena investiga os processos de transformação do planeta e nos lembra de que o que está em jogo não é a sobrevivência da Terra, mas a nossa existência nela.
Esta edição do MASP Conversa será realizada online, transmitida pelo canal do MASP no YouTube com interpretação em Libras.
Mediação: Matheus de Andrade
Assistente Curatorial, MASP
Organização: Bruna Fernanda e Daniela Rodrigues
Produção: Daniela Lima
Tania Ximena
Artista visual e cineasta mexicana (Cidade Sahagún, Hidalgo, México, 1985). Sua prática se baseia em processos de investigação de longo prazo, explorando a relação entre memória, ritualidade e ecologia em contextos marcados pela crise climática. Em 2022, ingressou no Sistema Nacional de Creadores de Arte de México. Seu trabalho foi exibido em espaços como o Museo Ex Teresa Arte Actual, o Museo Jumex, o Museo Amparo e em bienais de arte como a Bienal Sur (Argentina), a Bienal de Arquitetura de Orleans (França), a Bienal SIART (Bolívia), entre muitas outras. Participou de festivais internacionais de cinema como o Festival Internacional de Cinema de Morelia (FICM), Festival Internacional de Cinema de Moscou (MIFF), Festival Internacional de Cinema de Tessalônica, Festival Biarritz Amerique Latine, Festival Internacional de Cinema de Málaga, entre outros. Fez parte da X Expedición Antártica Colombiana, o que lhe permitiu filmar parte de sua videoinstalação e curta-metragem La marcha del liquen no Continente Branco. É cofundadora da APECS-México e da Aljuir Audiovisual