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MASP Pesquisa

Programa de fomento à pesquisa em arte | 19.6.2024

Este é o seminário público dedicado ao MASP Pesquisa, programa de fomento à pesquisa em arte, que visa promover a especialização e a capacitação profissional de pesquisadores interessados em estudar o acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. No decorrer da segunda edição do programa, seis pesquisadores receberam bolsas de estudo, foram orientados pelas professoras Lilia Moritz Schwarcz, Lisette Lagnado e Renata Bittencourt e realizaram estudos sobre diferentes obras e coleções do museu. Este seminário apresenta os resultados das pesquisas desenvolvidas entre 2022 e 2023.

ORGANIZAÇÃO
André Mesquita, curador, MASP; David Ribeiro, supervisor, MASP.

TRANSMISSÃO AO VIVO
O seminário será online, transmitido ao vivo pelo canal do MASP no YouTube, com interpretação em Libras.

CERTIFICADO
Para receber o certificado de participação é necessário registrar sua presença na lista que será disponibilizada durante o seminário.

PROGRAMA

19.6.2024
QUARTA-FEIRA

11H
INTRODUÇÃO
André Mesquita
, curador, MASP

11H10—13H

ROSEMERI MARIA DA CONCEIÇÃO
Beleza e anormalidade: propostas de interpretação da estética de Portinari

Esta comunicação apresenta os resultados da pesquisa que inicialmente buscava analisar o quadro O lavrador de café de Cândido Portinari (1903-1962) com o intuito de examinar suas escolhas estéticas como aproximações das ideias eugenistas que circulavam no país àquela época.   Após nove meses de imersão na bibliografia e na documentação depositada  no museu, algumas hipóteses se corroboram, ao passo que recentes informações, oriundas de cartas, recortes de jornais, entrevistas e catálogos, permitiram depurar as inferências e acrescentar novos atravessamentos.

BRUNO MIRANDA BRAGA
A imperatriz e a indígena: mulher, cromotopia e sociabilidades na obra de Victor Meirelles

A arte brasileira do século 19 estava repleta de símbolos, técnicas e ideologias que tonificavam aquilo que a estrutura política e social ditava. Victor Meirelles de Lima (1832-1903), artista catarinense renomado, desde cedo tomou a arte pela vida. A comunicação apresenta uma leitura de dois quadros deste pintor: Dona Teresa Cristina (1864) e Moema (1866), pertencentes ao acervo do MASP. Para tal, foi estabelecido um diálogo entre arte, técnica, história e pensamento social que eram indissociáveis no Romantismo e no Academicismo oitocentista, escolas que Victor transitou durante sua produção.

MARCOS HORÁCIO
Pater e Lemoyne: a estética cortesã

Nesta apresentação será feita uma análise das pinturas de François Lemoyne (1688-1737) (Piquenique Durante a Caçada, 1723) e Jean Baptiste Pater (1695-1736) (Reunião num Parque, circa 1720). As obras estudadas são pinturas de cenas galantes repletas de figuras vestidas à moda Luís XV, com vestes cavalheirescas e que retratam cenas pitorescas, campestres e pastoris. A partir da documentação existente no MASP, será apresentada uma análise de símbolos e estruturas que podem ser encontrados em outros ramos da arte e da cultura do período. A investigação objetiva entender como as ideias de uma época se materializam nestas obras, já que a imagem é motivada por um discurso, um olhar e uma forma de perceber a realidade.

Mediação: Daniela Rodrigues, supervisora, MASP

13H—14H
INTERVALO

14H—16H

AMANDA TAVARES
A obra de Madalena Santos Reinbolt

O que vemos na trama densa e cumulativa da obra sem título de Madalena Santos Reinbolt (1919-1977) parece ser apenas um recorte de uma cena maior, que transborda pelos limites da juta. O que não vemos, mas pressentimos existir ao seu redor, faz pensar também no próprio título, ausente. Essa ausência é tão prenhe como o entorno da obra, sendo habitada por negociações e disputas que remetem tanto a discussões sobre raça, gênero e trabalho quanto às relações que a arte e sua historiografia estabelecem com a produção têxtil e a noção de “arte popular” no Brasil moderno e contemporâneo, como veremos.  

MARIANA ARANTES
Trajetórias de Madalena Santos Reinbolt e Carmézia Emiliano

A pesquisa sobre as obras de Madalena Santos Reinbolt t (1919-1977) e Carmézia Emiliano ancorou-se em teorias relacionadas aos estudos decoloniais e à interseccionalidade entre questões de gênero, raça e classe, por meio de um arcabouço metodológico multidisciplinar. Concluiu-se pela necessidade de visibilização e valorização de representações plásticas de cosmovisões ancestrais, que contribuam com a quebra de paradigmas eurocentrados, perpetuadores de relações desiguais de saber/poder entre os diferentes grupos sociais, sobretudo de mulheres oriundas de comunidades tradicionais.

RAQUEL CARTOCE
Uma nova linha no horizonte: a arte de Judith Lauand nos anos 1950

Em meio ao vertiginoso processo de industrialização e urbanização de São Paulo nos anos 1950, combinado com o surgimento de grandes museus e galerias, Judith Lauand (1922-2022) foi uma artista que enfrentou desafios ao se tornar uma pintora de vanguarda em um mercado artístico ainda nascente e desbravou caminhos dominados por homens. Sua trajetória e obra serão aqui observadas através da análise de suas pesquisas poéticas calcadas em formas, linhas e cores, pelas quais elaborou de forma plástica uma realidade que demandava ordem, disciplina, dinamismo e criatividade.

Mediação: David Ribeiro, supervisor, MASP
 

PARTICIPANTES

AMANDA TAVARES
Doutora e pós-doutora em Artes, atua no campo da pesquisa e curadoria para exposições e publicações de arte, além de projetos experimentais que relacionam arte e educação. Pesquisa arte popular e sua relação com a arte moderna e contemporânea no Brasil. Atualmente desenvolve o projeto de pós-doutorado Trânsitos: cultura popular e arte moderna e contemporânea no Brasil (PPGHA/UERJ), no qual se dedica ao tema nas décadas de 1970 e 80.

BRUNO MIRANDA BRAGA
Historiador cultural, doutor em História Cultural pela PUC-SP e mestre em História Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Amazonólogo, especialista em Estudos Amazônicos pela UnB e especialista em Gestão e Produção Cultural pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), licenciado em História e em Geografia. É membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas e atualmente professor da Faculdade Católica do Amazonas.

MARCOS HORÁCIO
Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2012), mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (2000), pós-graduado em Arte e Cultura Barroca pela Universidade Federal de Ouro Preto (1999), graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1995) e licenciado em História. Especializado em produção de material didático, já prestou serviços para St. Paul Escola de Negócios, Itaú Cultural, Anima Educação, Museu de Arte Sacra de São Paulo e MASP. Atualmente é professor do Museu de Arte Sacra de São Paulo e da Universidade São Judas Tadeu. 

MARIANA ARANTES
Pesquisadora de pós-doutorado em História na Universidade Estadual Paulista (Unesp), universidade pela qual é doutora e mestre pelo Programa de Pós-graduação em História. Especialista em Educação Especial e Inclusiva, bacharel e licenciada em História pela Unesp. Foi Pesquisadora Visitante junto à Temple University, vinculada ao Departamento de Sociologia do College of Liberal Arts, na Filadélfia, Estados Unidos. Fundadora do projeto Mundo em Conta, premiado pelo Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo. Autora do livro Canto em marcha: música folk e direitos civis nos Estados Unidos (Alameda, 2016).

RAQUEL CARTOCE
Raquel Elisa Cartoce é doutoranda em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde investiga as relações entre arte e indústria no Brasil durante os anos 1950. Graduada e mestra em História pela Universidade de São Paulo (USP), atuou por vários anos como professora no ensino básico e superior. Em suas pesquisas, tem como principal questão o impacto da profusão de imagens no cotidiano na contemporaneidade, sempre atuando nas conexões entre História, Comunicações e Artes.

ROSEMERI MARIA DA CONCEIÇÃO
Doutoranda em História e Crítica da Arte no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem atuado como pesquisadora, docente e curadora em temáticas que versam sobre raça, gênero, representação e práticas decoloniais em museus. Participou da residência Territórios curatoriais do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 2023. Em 2024, compõe o grupo de pessoas brasileiras selecionadas para o MINOM-ICOM 2024 realizado em Catania, Itália. É professora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.