Melissa Cody (No Water Mesa, Arizona, Nação Navajo, Estados Unidos, 1983) trabalha com tecelagem, mesclando símbolos e padrões tradicionais da tapeçaria navajo com referências que vão do universo pop dos videogames às paisagens de sua terra natal no Arizona. Os Navajo – também conhecidos como Diné – são o povo indígena que vive na região sudoeste dos Estados Unidos, abrangendo os estados do Arizona, Novo México e Utah. Na visão de mundo navajo, a tecelagem é uma tecnologia ensinada pela figura sagrada de Na’ashjéii Asdzáá, a Mulher-Aranha. Herdeira desse conhecimento ancestral, Cody faz parte da quarta geração de artistas têxteis de sua família.
Ao longo da história, a tecelagem navajo teve seus símbolos, cores, materiais e técnicas influenciados pelos intercâmbios culturais e pelas explorações comerciais, assim como por processos de migrações forçadas. Pelo uso de padrões e cores vibrantes, os trabalhos de Cody são associados ao movimento Germantown Revival, que surgiu após o trágico episódio conhecido como a “Longa Caminhada” (1863–68). Com o intuito de expulsar o povo navajo de seu território, militares queimaram suas casas e mataram seus rebanhos de ovelha, forçando-os a caminhar do Arizona para o Novo México, aprisionando-os em um campo militar em uma documentada tentativa de genocídio. Nesse processo, as tecelãs criaram estratégias para continuar trabalhando, desfiando os cobertores dados pelos militares e usando seus fios nas tecelagens. A incorporação desse tipo de lã comercial com cores vibrantes, produzida em Germantown, na Pensilvânia, abriu novos horizontes de experimentação em meio a uma situação de confinamento, tornando-se fundamental para a resistência cultural navajo.
O título desta mostra partiu de um trabalho de Cody intitulado Under Cover of Webbed Skies [Sob o manto de céus tramados] (2021), que aborda a história da tecelagem navajo, seu território ancestral e a transmissão geracional dos conhecimentos da Mulher-Aranha. O céu é um elemento comum a todos os territórios, transcendendo fronteiras geográficas e políticas. Como um grande manto azul que paira sobre todos os seres, os céus tramados de Cody se estenderiam para além do território navajo, conectando diferentes narrativas e sujeitos na criação e na reivindicação de memórias e histórias, de fazeres e saberes.
Melissa Cody: céus tramados é curada por Isabella Rjeille, curadora, MASP, e Ruba Katrib, curadora e diretora de Assuntos Curatoriais, MoMA PS1.
Melissa Cody: céus tramados integra o ano de programação do MASP dedicado às Histórias indígenas, que inclui exposições de Sheroanawe Hakiihiwe, Movimento dos Artistas Huni Kuin (Mahku), Carmézia Emiliano, Paul Gauguin (1848-1903) e do Comodato MASP Landmann de arte pré-colombiana, além da mostra coletiva Histórias indígenas.
Sheroanawe Hakihiiwe (Sheroana, Venezuela, 1971) é um artista yanomami que, desde a década de 1990, produz desenhos, monotipos e pinturas. Sua linguagem artística delicada, abstrata e mínima usa linhas retas e curvas orgânicas, pontos, círculos, triângulos, zigue-zagues, arcos e cruzes. Hakihiiwe vive em Mahekoto Theri, uma comunidade yanomami no município de Alto Orinoco, no estado venezuelano do Amazonas, que faz divisa com os estados brasileiros de Roraima e Amazonas. O artista observa de modo ativo a natureza e o cotidiano de sua comunidade, registrando em um caderno aquilo que encontra, aprende e descobre nas pinturas corporais e faciais, nos cantos xamânicos, nos conhecimentos ancestrais sobre os animais, nas propriedades medicinais das plantas, assim como nos padrões utilizados na cultura material de seu povo. Esses cadernos são como arquivos, que ajudam Hakihiiwe a compilar suas memórias gráficas da vida na floresta. Suas anotações são posteriormente transferidas para folhas de papel nas quais ele incorpora cores, padrões, repetições e texturas.
A obra de Hakihiiwe tem um sentido de preservação, cuidado, arquivo e tradução de imagens e materiais de valores culturais comunitários, produzindo desenhos que expressam a cosmologia yanomami e constituindo um verdadeiro inventário do patrimônio intangível de seu povo. Boa parte dos desenhos e monotipos presentes nesta exposição foi produzida sobre papéis artesanais fabricados por Hakihiiwe com o uso de fibras como cana, algodão, amoreira, banana e milho.
Com 109 trabalhos, esta mostra leva o subtítulo Ihi hei komi thepe kamie yamaki [Tudo isso somos nós], sugerido por Hakihiiwe para incorporar a diversidade de elementos que formam sua comunidade e seu entorno. “Tudo isso somos nós”, para o artista, significa “tudo aquilo que está ali na selva. Vivemos todos lá, e não é só nós. Lá tem grandes rios, grandes lagoas, os animais, todos os insetos. Vou resgatando tudo que está lá onde vivo”.
A mostra de Sheroanawe Hakihiiwe integra o ano de programação do MASP dedicado às Histórias indígenas, que inclui exposições do Movimento dos Artistas Huni Kuin (Mahku), Carmézia Emiliano, Paul Gauguin (1848-1903), do Comodato MASP Landmann de arte pré-colombiana, e de Melissa Cody, além da grande mostra coletiva Histórias indígenas.
Sheroanawe Hakihiiwe: tudo isso somos nós é curada por André Mesquita, curador, e David Ribeiro, assistente curatorial.
Esta é a segunda exposição dedicada ao comodato da coleção de arte pré-colombiana de Edith e Oscar Landmann, emprestada em 2016 para permanecer por um período de dez anos no museu. A primeira, que apresentou um conjunto de tecidos, integrou a programação do ano dedicado às Histórias das mulheres, histórias feministas, em 2019. Anteriormente, em 2017 e 2018, foram realizados dois seminários sobre o tema. Agora, chegam ao público os objetos do comodato atribuídos a 35 culturas arqueológicas do continente americano. Peças Chavín, Paracas, Nasca, Moche, Huari, Lambayeque, Chimú, Chancay, Inca, Calima, Tolima, Zenú e Muísca, assim como as Marajoara, da Amazônia brasileira, estão entre os exemplares do vasto legado histórico e científico construído pelas antigas populações de regiões que hoje pertencem aos territórios do Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Panamá, México, Brasil e dos países caribenhos.
A mostra reúne artefatos que espelham o diversificado repertório de ideias, gestos, técnicas e práticas materializadas principalmente em cerâmica e metal, mas também em madeira, pedra e osso, objetos cujas composições também integram plumas, fibras e pigmentos vegetais ou minerais, em 721 artefatos pré-colombianos produzidos por povos ameríndios entre os séculos 2 a.C. e 16.
Para identificar a proveniência dos objetos de coleções, os pesquisadores partem de metodologias que identificam semelhanças estilísticas entre diferentes artefatos, com o intuito de compará-las e analisá-las a partir de um quadro de designações culturais. Com base em informações sobre peças encontradas em contextos arqueológicos, associam-se os estilos a determinadas áreas de distribuição e periodizações de ocorrência. Contudo, as fronteiras espaciais e cronológicas das chamadas culturas arqueológicas nem sempre são claras, e, cada vez mais, novas pesquisas de campo e contextos de escavação provocam revisões dos entendimentos prévios.
A mostra integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias indígenas. Este ano a programação também inclui mostras de Carmézia Emiliano, MAHKU, Paul Gauguin, Sheroanawe Hakihiiwe, Melissa Cody, além da grande coletiva Histórias indígenas.
Comodato MASP Landmann — cerâmicas e metais é curada por Marcia Arcuri, curadora-adjunta de arte pré-colombiana, MASP, com assistência de Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP.
Paul Gauguin (1848-1903) é considerado um dos mais importantes artistas modernos surgidos na França no século 19. Sua modernidade reside na negação de um estilo único na pintura e na diversidade de formas e elementos que utilizava. Gauguin renovou a pintura incorporando referências de imagens do “outro”, fora do panorama cultural europeu, com paisagens e personagens do Taiti, a ilha no oceano Pacífico que integra a Polinésia Francesa.
Esta é a primeira exposição a abordar de maneira crítica a problemática relação do artista com esse “outro”. Sua obra, sobretudo no período do Taiti, é uma extraordinária investigação sobre a figura e a cor, assim como é extremamente contemporânea no modo como se apropriou de iconografias de diversas culturas, colocando-as em diálogo com a própria tradição da pintura ocidental. Por outro lado, Gauguin também destacou o “outro” como exótico e primitivo, em um desejo fantasioso pelos “trópicos”, uma visão idílica carregada de ficções e estereótipos e estruturada por uma relação de poder – entre o “outro” e eu. Para tornar essa narrativa mais intrincada, o próprio artista se declarava “primitivo”, “selvagem” e falava de seu “sangue inca”, uma vez que sua mãe era peruana e ele vivera em Lima quando criança. De todo modo, é evidente que suas pinturas erotizam o corpo da mulher indígena, enfatizando uma suposta disponibilidade sexual aos olhos e às tintas do homem branco europeu.
Foi a busca por uma arte mais pura e autêntica, bem como por paraísos supostamente imaculados pela civilização, o que levou Gauguin a deixar a França para se fixar no Taiti, ainda hoje um domínio francês na Polinésia. Ele se mudou para lá em 1891, aos 43 anos, e lá viveu até sua morte, com um intervalo de dois anos em Paris, para onde regressou a fim de expor e vender suas obras. A relação com o outro é sempre dada a partir do “eu”, de si próprio, daí o destaque da mostra nos autorretratos do artista.
Gauguin realizou experimentos radicais com pintura, gravura e escultura, em madeira e cerâmica, sempre em busca de novos métodos artísticos, criando obras fascinantes e sedutoras, e reinventando um passado de maneira profunda—e problemática. Nas últimas décadas, a história da arte vem sendo cada vez mais revisada e questionada, sobretudo no que diz respeito às relações com o “outro”. Assim, esta mostra pretende chamar atenção para o fato de que, para uma “outra” história da arte, que não faz parte da tradição dominante, e a depender de quem enuncia a frase, Gauguin também pode ser entendido como o “outro”.
A exposição integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias indígenas. Este ano, a programação também inclui mostras de Carmézia Emiliano, MAHKU, Sheroanawe Hakihiiwe, Melissa Cody, além do comodato MASP Landmann de cerâmicas e metais pré-colombianos e a grande coletiva Histórias indígenas.
Paul Gauguin: o outro e eu é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Fernando Oliva, curador, MASP; Laura Cosendey, curadora assistente, MASP.
Carmézia Emiliano (Maloca do Japó, Normandia, Roraima, 1960) é uma artista de origem Macuxi. Na década de 1990, mudou-se para Boa Vista, quando também começou a pintar. Suas telas figuram paisagens, objetos da cultura material e o cotidiano de sua comunidade: “Minha arte é um serviço que presto à cultura do meu povo, essa é a maior de todas as felicidades”, conta a artista. Oriunda da região fronteiriça com a Venezuela e a Guiana, perto do monte Roraima, a artista reflete, com sua obra, a profusão de detalhes espelhados, intrincados e interconectados de sua observação da natureza e da vida em comunidade.
O MASP possui em seu acervo quatro obras de Emiliano, todas comissionadas diretamente à artista no contexto de diferentes projetos desde 2019. Neste sentido, a mostra celebra a relação que o museu estabelece com a sua produção e apresenta os trabalhos mais recentes da artista, parte deles nunca antes visto pelo público. Tanto a exposição como o catálogo que a acompanha pretendem ampliar a compreensão da contribuição de sua obra no cenário artístico nacional.
O projeto se insere numa sequência de exposições que o MASP vem realizando nos últimos anos em torno de artistas autodidatas que trabalharam fora do circuito da arte contemporânea tradicional e da academia, como Agostinho Batista de Freitas (1927-1997), Maria Auxiliadora (1935-1974), Conceição dos Bugres (1914-1984) e Madalena Santos Reinbolt (1919-1977).
Carmézia Emiliano: a árvore da vida é curada por Amanda Carneiro, curadora assistente, MASP.
A exposição MAHKU: Mirações marca os dez anos do coletivo MAHKU, Movimento dos Artistas Huni Kuin. Criado oficialmente em 2013, o grupo iniciou seus trabalhos de tradução de cantos tradicionais do povo Huni Kuin em desenhos figurativos em cursos de Licenciatura Indígena na Universidade Federal do Acre (UFAC). As pinturas realizadas pelo grupo originam-se tanto de traduções e registros de cantos, mitos e histórias de sua ancestralidade como de experiências visuais geradas pelos rituais de nixi pae, que envolve a ingestão de ayahuasca, denominadas mirações – que dá título à exposição no MASP.
A mostra do MASP também celebra a longa relação de trabalho entre o coletivo e o museu. Desde 2016, os artistas do MAHKU participam de exposições do MASP, o que é constatado na grande quantidade de obras de diferentes períodos de sua produção comissionadas e depois doadas ao acervo do museu. Os artistas já participaram das exposições Avenida Paulista (2017), Histórias da dança (2020) e Histórias brasileiras (2022), além de oficina em Histórias da infância (2017) e dos projetos MASP Renner 1a temporada (2018-2019) e MASP Afterall ArtSchool (2020).
A exposição de 2023 irá mostrar um conjunto de cerca de 120 pinturas sobre tela ou papel realizadas pelos artistas, além de vídeos sobre o seu contexto de produção, áudios com cantos que inspiram as imagens, além de uma pintura produzida para o espaço do museu e trabalhos escultóricos recentemente desenvolvidos por artistas do MAHKU, ocupando toda a galeria do 2o subsolo do MASP.
Além da mostra, será publicado um catálogo bilíngue com ensaios comissionados especialmente para a ocasião, além de reproduções de trabalhos produzidos pelo grupo e traduções de mitos e cantos Huni Kuin.
Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP; Ibã Huni Kuin, curador convidado
O sexo é parte integral de nossa vida e, sem ele, sequer existiríamos. Por isso, a sexualidade tem desde sempre ocupado lugar central no imaginário coletivo e na produção artística. A exposição Histórias da sexualidade traz um recorte abrangente e diverso dessas produções. O objetivo é estimular um debate — urgente na atualidade —, cruzando temporalidades, geografias e meios. Episódios recentes ocorridos no Brasil e no mundo trouxeram à tona questões relativas à sexualidade e aos limites entre direitos individuais e liberdade de expressão, por meio de embates públicos, protestos e violentas manifestações nas mídias sociais. O MASP, um museu diverso, inclusivo e plural, tem por missão estabelecer, de maneira crítica e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, a partir das artes visuais. Esse é o sentido do programa de exposições, seminários, cursos, oficinas e publicações em torno de muitas histórias — histórias da infância, da sexualidade, da loucura, das mulheres, histórias afro-atlânticas, feministas, entre tantas outras.
Concebida em 2015, esta exposição é fruto de longo e intenso trabalhoe foi antecedida por dois seminários internacionais realizados em setembro de 2016 e em maio de 2017. A exposição se insere em uma programação anual do MASP totalmente dedicada às histórias da sexualidade, que em 2017 inclui mostras individuais de Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Miguel Rio Branco, Henri de Toulouse-Lautrec, Tracey Moffatt, Pedro Correia de Araújo, Guerrilla Girls e Tunga. São mais de 300 obras reunidas em nove núcleos temáticos e não cronológicos — Corpos nus, Totemismos, Religiosidades, Performatividades de gênero, Jogos sexuais, Mercados sexuais, Linguagens e Voyeurismos, na galeria do primeiro andar, e Políticas do corpo e Ativismos, na galeria do primeiro subsolo. A mostra inclui também a sala de vídeo no terceiro subsolo, como parte do núcleo Voyeurismos. Algumas obras de artistas centrais de nosso acervo — como Edgard Degas, Maria Auxiliadora da Silva, Pablo Picasso, Paul Gauguin, Suzanne Valadon e Victor Meirelles — são agora expostas em novos contextos, encontrando outras possibilidades de compreensão e leitura. Ao lado delas, uma seleção de trabalhos de diferentes formatos, períodos e territórios compõem histórias verdadeiramente múltiplas, que desafiam hierarquias e fronteiras entre tipologias e categorias de objetos da história da arte mais convencional — da arte pré-colombiana à arte moderna, da chamada arte popular à arte contemporânea, da arte sacra à arte conceitual, incluindo arte africana, asiática, europeia e das Américas, em pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, fotocópias, vídeos, documentos, publicações, entre outros.
Nessas histórias, não há verdades absolutas ou definitivas. As fronteiras do que é moralmente aceitável deslocam-se de tempos em tempos. Esculturas clássicas que são ícones da história da arte não poucas vezes tiveram o sexo encoberto. Também os costumes variam entre as culturas e civilizações. Em diversas nações europeias e comunidades indígenas, é natural a nudez exposta em lugares públicos; a poligamia é aceita em alguns países islâmicos; a prostituição é prática legal em alguns estados e condenada em outros; há países onde o aborto é livre mas há outros onde é proibido. Até mesmo o conceito de criança mudou ao longo do tempo, assim como as regras de especificação etária.
O único dado absoluto, do qual não podemos abrir mão, é o respeito ao outro, à diferença e à liberdade artística. Portanto, é preciso reafirmar a necessidade e o espaço para o diálogo e que se criem condições para que todos nós — cada um com suas crenças, práticas, orientações políticas e sexualidades — possa conviver de forma harmoniosa.
A classificação indicativa de Histórias da sexualidade é de 18 anos. Dessa forma, de acordo com a regulamentação vigente, menores de 18 anos poderão visitar a exposição desde que acompanhados dos pais ou responsáveis.
A exposição Histórias da sexualidade tem curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP; Camila Bechelany, curadora assistente do MASP; Lilia Schwarcz, curadora-adjunta de histórias do MASP; e Pablo León de la Barra, curador-adjunto de arte latino-americana do MASP.
O seminário Gauguin: o outro e eu reunirá estudiosos que lançam novos olhares sobre a obra de Paul Gauguin (1848-1903), tendo como foco o trabalho produzido pelo artista no Taiti, em Atuona e em Hiva Oa, assim como seus autorretratos, com o objetivo de apresentar temas como a autorrepresentação do artista e mudanças na compreensão da identidade individual diante da alteridade na cultura moderna.