10h-13h
MARIA CRISTINA CORTEZ WISSENBACH
“Essa Conga que fala comigo diz que s’eu morrendo aqui, morrerei quem nem eu só” — Theodora da Cunha Dias, São Paulo, 1867
Nessa fala serão apresentadas as experiências, as lutas e a visão de mundo de Theodora da Cunha Dias, africana natural do Congo, que viveu como escrava doméstica em São Paulo na década de 1860. Vinda de uma região rural do interior e vendida em separado de sua família constituída na escravidão, no ambiente citadino pôde comprar, de parceiros letrados, cartas que deveriam ser enviadas ao seu marido e filho, cujo destino desconhecia. Por conta da suspeita que cercava o uso do código da escrita e do caráter contingencial da escravidão, a remessa das cartas foi interceptada, o que as tornou peças judiciais, provas da participação da escravizada num crime de roubo e depois em fonte histórica. A “descoberta” desta documentação no interior de um processo criminal abriu possibilidades ambivalentes de interpretação: ao mesmo tempo em que revelou a precarização das posses escravas e frustração de muitos das expectativas cativas, deixou à mostra fragmentos da visão de mundo e das experiências vividas e intentadas pela africana para a realização de seus projetos.
CAROLINA DUARTE DE OLIVEIRA LOPES
Vivências profundas de um cotidiano antirracista dentro e fora da escola
As temáticas afro-brasileira e indígena foram tornadas obrigatórias em todas as etapas da educação. Na prática, porém, esses temas são pouco abordados. Notando essa necessidade de aprofundamento, Lopes desenvolve, em cidades do interior paulista, projetos dentro e fora de escolas públicas e privadas sobre o maracatu e o samba de coco e também em parceria com o Instituto Fala Preta, que realiza formações de professores, gestores e estudantes para viabilizar escolas antirracistas. Nesta fala, ela partirá de suas vivências dentro e fora da sala de aula: como professora, historiadora e batuqueira.
ELSON ALVES DA SILVA
Quilombo Ivaporunduva: história, organização, lutas, desafios e conquistas
Atual coordenador da Associação Quilombo Ivaporunduva, Elson Alves da Silva falará sobre a história de sua comunidade e de sua vivência. Ivaporunduva está localizada no Vale do Ribeira, município de Eldorado, São Paulo. É uma comunidade com mais de 350 anos de idade, formada por aproximadamente 105 famílias; possui em torno de 400 habitantes. A fundação da vila data de 1720, quando foi ocupada mais densamente por mineradores que utilizavam a mão de obra escrava. A comunidade está organizada em uma associação de moradores fundada em 1994, da qual todos os moradores fazem parte e que foi criada para agilizar os processos de reconhecimento da comunidade como quilombo e de regularização fundiária, além da busca por políticas públicas.
13h-15h
Intervalo
15h-17h
Conferência
PATRÍCIA FERREIRA PARÁ YXAPY
Cinema, espiritualidade e resistência guarani mbyá
Pará Yxapy falará sobre as suas experiências como realizadora e professora, com especial destaque para as bases da espiritualidade guarani que a sustentam e para os aspectos que expressam a longa história de resistência de seu povo.