R$ 360,00
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*os valores podem ser parcelados em até 5x
ARTE DA FRANÇA: DE DELACROIX A CÉZANNE
Esta exposição atravessa quase duzentos anos de produção artística na França, dos séculos 18 ao 20, exibindo retratos, paisagens, naturezas-mortas e cenas históricas e do cotidiano, do mais importante acervo do período no Hemisfério Sul. Estão representados artistas de herança neoclássica, como Ingres, e romântica, como Delacroix; além de nomes ligados aos movimentos precursores do modernismo, como o realismo, de Courbet; o impressionismo, de Monet e Degas; o pós-impressionismo, de Cézanne, Van Gogh e Gauguin; o grupo dos Nabis, de Vuillard; e o cubismo, de Picasso e Léger.
Grande parte dessas obras é testemunha das rupturas de natureza política, social e cultural que marcaram a Europa do século 19 e início do 20, quando a arte ganhou outros circuitos de produção e veiculação para além dos salões e encomendas oficiais, como a imprensa e a crítica especializada; os bares onde fervilhava a vida da nova burguesia e intelectualidade; os ateliês e a importância de sua dimensão expandida, especialmente no caso de Picasso; as academias alternativas, como Julian e Suisse, que ofereceram opções à formação mais tradicional da École de Beaux-Arts.
A exposição privilegiou reunir conjuntos completos do acervo, com destaque para Renoir, Toulouse-Lautrec, Modigliani e Manet. Delacroix e Cézanne, juntos no mesmo espaço, na entrada, funcionam como vetores para todo o percurso, uma vez que apontaram, cada um em seu tempo, tanto para o passado quanto para o futuro da história da arte, pontuando transições entre a tradição e o moderno; o antigo e o novo; entre, por exemplo, Ingres e Léger.
Cézanne, que via em Delacroix um mestre e estudava pintura fazendo cópias de suas telas, soube perceber nele qualidades modernistas. Cézanne não só retomou algumas dessas qualidades como emprestou a elas novo significado, caso do encontro entre figura e fundo; do maior protagonismo dado aos elementos do quadro e da pintura, como a pincelada, em detrimento dos temas; e, sobretudo, da maneira como se valeu de um caráter supostamente inacabado de suas pinturas.
Também são exibidos itens do arquivo histórico e fotográfico do MASP, como correspondências sobre doações, aquisições, convites, folhetos de exposições, recortes de jornais, revistas e fotografias que recuperam parte da história das obras e do próprio museu. Apresentados no mesmo plano que as pinturas, apontam para uma redefinição de lugares e hierarquias entre os trabalhos de arte e sua história dentro da instituição, oferecendo um novo estatuto para materiais comumente distantes dos olhos do público.
A disposição dos painéis, dos cabos de aço e das obras, bem como a relação deles entre si e com o espaço, retoma projeto de Lina Bo Bardi, arquiteta do MASP. Em 1950, na antiga sede da rua 7 de Abril, sua expografia já antecipava noções de transparência, leveza e suspensão, sem divisões em salas nem cronologias rígidas. Essas escolhas foram fundamentais e prepararam o terreno para a radical solução das telas dispostas sobre cavaletes de vidro que, ausentes desde 1996, retornarão ao segundo andar do MASP no final deste ano.
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Curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico; Eugênia Gorini Esmeraldo, coordenadora de intercâmbio; e Fernando Oliva, curador assistente
Uma obra-prima de um mestre do Renascimento e uma instalação do artista brasileiro contemporâneo Eder Santos são os destaques de Deuses e Madonas – A Arte do Sagrado. São Jerônimo Penitente no Deserto, que o jovem Andrea Mantegna concluiu em 1451 e foi uma das principais obras na maior retrospectiva do autor, realizada em 2008 em Paris, no Louvre, está de volta ao MASP depois de restaurada pela equipe do museu francês.
Concebida pelo curador Teixeira Coelho a partir de 40 obras-primas do acervo do museu, a maioria do século 14 ao 19, Deuses e Madonas – A Arte do Sagrado traz ainda El Greco (Anunciação, de 1600); Delacroix (As quatro estações, c.1856); Botticelli (Virgem com o Menino e São João Batista Criança, c.1490); Tintoretto (Ecce Homo ou Pilatos Apresenta Cristo à Multidão, c.1546); Rafael (A Ressurreição de Cristo, 1499-1502), entre outras.
Deuses e Madonas – A Arte do Sagrado, por Teixeira Coelho
A representação de deuses e madonas nesta exposição alicerça-se sobre a ideia do sagrado, uma categoria da relação entre o ser humano, a vida e o mundo, que pertence ao campo do indizível, daquilo que foge ao racional. Em sentido comum, o sagrado expressa um atributo moral traduzido pela ideia do bom e do bem. Mas esse é uma visão racional do sagrado, como sugere Rudolf Oto, que cunhou o termo numinoso para referir-se ao sagrado descontado seu aspecto moral e, portanto, seu lado racional. Numinoso é, assim, aquilo que não pode ser traduzido em conceitos, algo de amplo alcance indo muito além do que é “apenas” moral (os deuses gregos não tinham sempre um comportamento moral, e mesmo no monoteísmo cristão há interpretações divergentes sobre a natureza boa ou má das entidades divinas).
O numinoso não se traduz em palavras – mas pode manifestar-se em imagens, como na arte. Hegel anotou que a arte “dá vida ao que é meramente sensorial, atribuindo-lhe uma forma que exprime a alma, o sentimento, o espírito”. Mas a arte anima também, e torna visível, aquilo que é, mais que sensorial, intuitivo e nocional, como o numinoso.
A coleção do MASP reúne obras cujo tema é o numinoso tanto na versão grega clássica como na manifestação cristã que se dão ao redor da ideia dos deuses e das madonas, dois grandes personagens da história da arte ocidental. São dois sistemas de valores distintos, expressos nos pincéis de grandes mestres da arte ocidental. É deles e de sua arte, não do sagrado em si, que trata esta exposição. Durante largo tempo o sagrado foi um tema privilegiado da arte e era o sagrado que interessava, não a arte que o exprimia (e que nem arte, no sentido contemporâneo, era). Hoje, no museu, com obras do século 14 ao 21, a situação se inverte e o assunto central é a arte e seus códigos de representação da realidade e do imaginário.
Serviço Educativo
Como nas mostras compostas por obras do acervo e nas exposições temporárias realizadas pelo MASP, a exposição Deuses e Madonas – A Arte do Sagrado tem um programa educativo elaborado especialmente para atender aos visitantes, professores e alunos de escolas das redes pública e privada. As visitas orientadas são realizadas por uma equipe de profissionais especializados. Informações: 3251 5644, ramal 2112.
Giuseppe Mazzuoli, Diana adormecida, 1690-70
Eugène Delacroix, O verão - Diana surpreendida por Acteão, 1856 - 1863
Pedro Américo, Paz e Concórdia, 1895
Eugène Delacroix, O Outono, O Inverno, A Primavera e O Verão, 1856-63
François Clouet, O banho de Diana, 1559-1560
Eugène Delacroix, O verão - Diana surpreendida por Acteão, 1856-63