O primeiro encontro do MASP Professores em 2022 dá continuidade ao debate aberto pela reflexão de “como confrontar nossos passados difíceis”, seguido pela abordagem das “resistências e resistentes” que tiveram lugar no ano de 2021. Desta vez, a partir das vozes de quatro mulheres, conversaremos sobre as mulheres brasileiras em movimento. Nosso objetivo é promover a reflexão sobre a nossa história a partir de um ponto de vista de gênero, enfatizando as ações de mulheres no passado e no presente, com o objetivo de transformar nossos cotidianos enquanto profissionais e partes de uma sociedade.
Este encontro faz parte do ciclo curatorial dedicado às Histórias brasileiras.
CRONOGRAMA
10H – 13H: mesa redonda
13H – 15H: intervalo
15H – 17H: conferência
PÚBLICO
Profissionais da área da educação, especialmente docentes e estudantes de licenciaturas, e pessoas interessadas em geral.
Atividade gratuita, online, transmitida ao vivo pelo canal do MASP no YouTube. Para assistir, acesse aqui.
Debate com as convidadas (11H30–13H e 16H–17H) e emissão de certificado de participação reservados às pessoas inscritas (inscrições para vagas remanescentes aqui).
CONVIDADAS
Mesa redonda: Debora Diniz, Anelize Vergara e Anielle Franco.
Conferência: Preta Ferreira.
ATENÇÃO
As inscrições estão encerradas para a emissão de certificados.
O MASP agradece o seu interesse!
Acompanhe o MASP Professores pelo YouTube.
10H – 13H
DEBORA DINIZ
Pesquisa feminista em direitos sexuais e reprodutivos: aprendendo com histórias de mulheres
Meu trabalho como pesquisadora pode ser apresentado a partir de artigos, livros, documentários e outros projetos que tratam da luta por saúde e direitos sexuais e reprodutivos de meninas e mulheres no Brasil. Antes, durante e depois de cada um desses trabalhos há encontros com mulheres diversas — como Severina, trabalhadora rural que viveu em desamparo a gravidez de um feto com anencefalia; Iasmim, adolescente que passou anos em internação socioeducativa buscando formas de se expressar; Rebeca, mãe solo que lutou para não morrer nem ser presa por fazer um aborto; ou Thamires, cuidadora de uma família afetada pelo vírus Zika que encontrou forças na mobilização comunitária. A partir desses e outros encontros, proponho uma conversa sobre desafios éticos e políticos de uma produção de conhecimento que é confiável, responsável, e nunca neutra.
ANELIZE VERGARA
Ser jovem professora: os desafios e as possibilidades para enfrentar o sexismo em sala de aula
A partir da experiência em sala de aula como professora de História no ensino básico e como criadora de conteúdo no YouTube, essa fala pretende ser um ponto de reflexão sobre a prática docente das professoras mulheres, especialmente quando se trata da questão de gênero. Considerando o assunto como parte do currículo, muitas vezes combatido por grupos que têm como objetivo proibi-lo no ambiente escolar, bem como parte de um contexto que atravessa a minha vivência como educadora, historiadora, jovem e mulher, buscarei tratar de como, muitas vezes, o espaço escolar não se apresenta como um local de acolhimento para alunas e professoras. Por fim, pretendo evidenciar práticas que podem auxiliar outras educadoras a insistir e a resistir dentro deste ambiente patriarcal.
ANIELLE FRANCO
Do luto à luta: Marielle Franco, presente!
As trajetórias de vida de Anielle e Marielle, envolvendo a criação e a formação na favela da Maré e os caminhos percorridos por ambas, serão o ponto de partida para a reflexão sobre a morte de Marielle e tudo o que veio depois de 14 de março de 2018. À luz das teorias feministas negras, conversaremos sobre o momento presente e sobre o papel desempenhado pelo Instituto Marielle Franco, organização criada pela família de Marielle com a missão de inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas da sociedade por um mundo mais justo e igualitário. Transformar o luto em luta significa lutar por justiça, defender a memória, multiplicar o legado e regar as sementes deixadas por Marielle.
13H – 15H
Intervalo
15H – 17H
Conferência
PRETA FERREIRA
A falta de garantia de direitos constitucionais e a necropolítica
A quais corpos a necropolítica e a falta de direitos constitucionais atingem em sua maioria no Brasil? Quais são os corpos submetidos a viver precarizados, minorizados e alvo do sistema racista? A partir da prisão injusta que vivi em 2019 por ser liderança do MSTC e do exemplo das histórias de vida que cruzaram meu caminho, como as das mulheres pretas que estão lotando as prisões, escrevo a história de outras mulheres e denuncio o sistema prisional através da arte e da leitura, usando a arte como ferramenta de libertação. Pensando em questões que atravessam a minha vivência como educadora, escritora, multiartista, jovem e mulher negra, vou falar de como a falta do acesso a direitos e a necropolítica são ferramentas do racismo que tira a oportunidade de pessoas pretas, indígenas e pobres, assim como pretendo evidenciar práticas que podem auxiliar outras educadoras para insistir e resistir dentro deste ambiente patriarcal.
ANELIZE VERGARA
Graduada e Mestra em História pela UNESP/Assis, foi bolsista Fapesp na iniciação científica, no Mestrado e no estágio de pesquisa no exterior realizado na Universidade Paul Valéry III (Montpellier, França). É professora de História no Ensino Fundamental II e Ensino Médio há sete anos e faz parte da equipe pedagógica da Escola Antonio Cintra Gordinho, da Fundação Antonio-Antonieta Cintra Gordinho. Tem um canal no YouTube há três anos com mais de 1 milhão de visualizações, que traz vídeos com conteúdo de História para estudantes do Ensino Médio e sugestões para professores de História.
ANIELLE FRANCO
Diretora do Instituto Marielle Franco. Bacharel em Jornalismo e Inglês pela Universidade Central de Carolina do Norte e bacharel-licenciada em Inglês/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É mestra em Jornalismo e Inglês pela Universidade de Florida A&M e mestra em Relações Étnico-Raciais pelo CEFET-RJ. É autora do livro Cartas para Marielle e co-organizadora dos livros A Radical Imaginação Política das Mulheres Negras Brasileiras e Marielle Franco - Raízes. Tem participações em publicações importantes como a autobiografia de Angela Davis.
DEBORA DINIZ
Debora Diniz é antropóloga de formação e professora de direito na Universidade de Brasília (UnB). É fundadora da ONG feminista Anis - Instituto de Bioética, que atua com pesquisa, comunicação e litígio estratégico em defesa de direitos de mulheres e outras minorias. Atualmente, é professora visitante do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos da Universidade de Brown, nos Estados Unidos. Como pesquisadora, escritora e documentarista, trabalha com temas variados que incluem emergências de saúde pública, saúde e direitos sexuais e reprodutivos, saúde mental, deficiência e liberdade acadêmica.
PRETA FERREIRA
Janice Ferreira, a Preta, é multiartista, comunicadora inata e de formação, publicitária, agitadora cultural, abolicionista penal e ativista pelo direito à moradia e pelos direitos humanos. É a mais velha dos oito irmãos. Na adolescência, veio da Bahia para São Paulo e, desde cedo, trabalhou para ajudar na complementação da renda familiar. Formada em Publicidade, consolidou sua carreira na produção cultural. É também a autora e intérprete do single e livro Minha Carne. Na Ocupação 9 de Julho, Preta organiza eventos culturais e socioeducativos, desde pesquisas acadêmicas, laboratórios, oficinas, shows e ações de saúde e lazer. Preta também é ativista do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC).